'Vamos transformar o Centro Histórico de Porto Alegre no mais seguro do Brasil', afirma Schirmer

Duas das três ações consideradas emblemáticas pela prefeitura de Porto Alegre já estão em andamento: Mercado Público e Esqueletão

Por Fabrine Bartz

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Batizada de Centro +, a proposta de revitalização do Centro Histórico de Porto Alegre é um dos sete programas prioritários do governo do prefeito Sebastião Melo. O programa prevê melhorias em segurança pública, infraestrutura, fiscalização, desenvolvimento econômico, zeladoria, mobilidade e preservação do patrimônio histórico, além de fomentar o turismo e a cultura local. Embora uma das três ações consideradas emblemáticas pela prefeitura já esteja concluída, a substituição do Muro da Mauá, outras duas continuam em andamento: a
Schirmer - O Esqueletão tem duas soluções: a primeira é um reforço estrutural no próprio prédio e a sua conclusão. A segunda é a sua demolição e eventual destinação do terreno para uma outra atividade. O laudo vai fazer uma avaliação estrutural e outra de viabilidade financeira e econômica. Às vezes, a reforma é mais cara do que fazer um prédio novo. A Ufrgs está examinando e vai nos entregar esse laudo até março. É a nossa expectativa. Estamos trabalhando com as duas possibilidades, seja qual for. À medida que o laudo definir a alternativa mais adequada ou der todas as informações sobre as alternativas, a prefeitura decide qual é o caminho e aí, tchau Esqueletão. O que posso afirmar, com absoluta segurança e convicção, é que os dias do Esqueletão tal qual nós o conhecemos há 50 ou 60 anos, estão contados.
JC - A obra do Quadrilátero Central faz parte da transformação do Centro de Porto Alegre. O que será feito para atrair novos turistas?
Schirmer - Já fizemos duas licitações. É uma coisa um pouco triste o que vou dizer: esse dinheiro estava disponível há cinco anos e essas obras não começaram nunca. Então, o governo Melo decidiu tomar as providências necessárias. Infelizmente, essas licitações não concluíram de forma adequada, porque se revelaram desertas, e agora lançamos o terceiro edital. Nossa expectativa é que ainda neste mês as empresas se interessem pelas obras do Quadrilátero. O que são essas obras? Várias ruas do Centro Histórico vão sofrer uma repaginação, um processo de embelezamento, melhores cuidados, do ponto de vista da imobiliária urbana, da iluminação e do calçamento. Essa é uma área que vai ficar totalmente diferente, bonita e bem cuidada. Obviamente, a obra é incompatível com a presença dos camelôs. Não dá para fazer a obra porque é uma obra muito complicada. Temos muitos fios, tubos e problemas de diferentes naturezas. Precisamos da colaboração e cooperação, inclusive dos comerciantes da região. Vai haver uma intervenção, mas que é fundamental, porque quando for concluída será uma outra realidade, muito mais bonita, agradável e valorizada. A obra começa em fevereiro, logo que a licitação estiver concluída.
JC - Em relação à segurança, quais medidas serão tomadas?
Schirmer - O Centro Histórico tem uma imagem bem insegura, uma imagem que é verdadeira. Não é tão inseguro quanto parece, o Centro não tem um indicador de grande violência. Não tem grandes crimes. Não tem histórico de homicídio, latrocínio, crimes violentos. O que tem são pequenos furtos, pequenos assaltos, pequenos roubos e tráfico de drogas. Uma ação da Secretaria de Segurança municipal tem estudado e colaborado em recursos com o financiamento de R$ 60 milhões, parte dele para o Centro de Porto Alegre. Entregamos o primeiro totem, que é o meio de qualquer cidadão de Porto Alegre se comunicar com o Centro de Comando e Controle e informar. Foi uma doação da empresa DGT, que vai nos doar dois. Queremos, e o prefeito já autorizou, fazer essa experiência. Estamos pensando em mais totens, estamos colocando vídeo monitoramento em vários lugares de Porto Alegre, novas câmaras e melhorando as que já existem. A Guarda Municipal tem intensificado as suas ações no Centro e tem tido mais visibilidade e mais ostensibilidade. Vamos transformar o Centro Histórico de Porto Alegre no mais seguro do Brasil, eu posso afirmar.
JC - A ideia da prefeitura é transformar a rua General Câmara (Rua da Ladeira) em um caminho temático, como isso será feito?
Schirmer - É uma intervenção urbana, um tipo de procedimento que se chama urbanismo tático. Não se altera a estrutura da rua, mas são intervenções tópicas, por exemplo, com deques, nova iluminação, alargamento de calçadas e paisagismos. Queremos pintar as ruas com frases ou poesias do Mário Quintana. Iremos agregar, embelezar e melhorar os cuidados. A ideia é ser um elo entre a parte alta, que é a Praça da Matriz, e a parte baixa, que é a Praça Alfândega em direção ao rio. O projeto está aprovado e estamos buscando parceiros privados. Gostaríamos que ela fosse adotada por uma entidade que amasse Porto Alegre. Vamos bater palmas e agradecer de forma entusiasmada, porque é o que nós queremos: fazer da ladeira um marco. Tenho certeza que quem se associar a prefeitura nesse propósito tem muito a ganhar em divulgação, além do reconhecimento da população de Porto Alegre.
JC - O plano de mobilidade está previsto para ser entregue em fevereiro deste ano. Haverá a retirada dos ônibus da Salgado Filho?
Schirmer - O Centro tem dois problemas. O primeiro deles, não o mais importante, é a segurança. O segundo é a mobilidade urbana. É inconcebível uma área que tem 2,3 quilômetros quadrados ter 19 terminais de ônibus, dos quais 7 da Região Metropolitana e 12 de Porto Alegre. A Salgado Filho se transformou em rodoviária a céu aberto e obviamente nós temos que dar um trato nesse assunto. Não dá para o Centro Histórico ser um terminal de ônibus. No Centro, tem ônibus velhos. Imaginávamos transferir algumas unidades para a rodoviária. É um processo de conversação, que em um primeiro momento não avançou, mas agora está avançando. É possível reduzirmos substancialmente esses terminais de ônibus dentro do Centro de Porto Alegre.