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Saúde da mulher: tecnologia propõe tratamento oncológico personalizado
Teste inovador no mercado brasileiro pode avaliar quais medicamentes são mais eficientes no tratamento contra o câncer de forma personalizada e em menos de uma semana
A partir deste dia 1º, tem início o Outubro Rosa, campanha nacional de conscientização que busca chamar atenção para a importância da prevenção e do diagnóstico em fase inicial do câncer de mama. O Instituto Nacional do Câncer (Inca) estima que, para cada ano entre o triênio de 2020 a 2022, sejam diagnosticados 66.280 novos casos de câncer de mama no Brasil, um total de 61,6 casos a cada 100 mil mulheres. No Rio Grande do Sul, é o tumor mais frequente entre a população feminina, com mais de 4 mil casos em 2020.
O tratamento contra o câncer de mama e câncer de ovário depende da fase em que se encontra (estadiamento) e do tipo do tumor. Para os dois tipos de câncer existe a possibilidade de tratamentos locais, que podem incluir cirurgia e radioterapia, e são mais comuns quando o carcinoma é diagnosticado em estágio inicial. Já os pacientes em estágio avançado, tanto de câncer de ovário quanto de câncer de mama, costumam recorrer à terapia sistêmica, que faz uso de medicamentos que podem ser administrados oralmente, ou diretamente na corrente sanguínea para atingir as células cancerígenas em qualquer parte do corpo.
Como cada organismo tem suas particularidades e os tumores reagem de forma diferente dependendo do medicamento, é possível que muitos remédios sejam administrados até que se encontre um que consiga combater o câncer de uma pessoa.
Pensando em minimizar os impactos ao organismo, com menor toxicidade e auxílio na escolha da melhor terapia, uma empresa gaúcha desenvolveu um teste funcional de quimiorrestência em forma de kit. Chamado de Chemobiogram, o teste é capaz de avaliar os medicamentos mais eficientes no combate ao câncer da pessoa.
Uma das desenvolvedoras da tecnologia, a bióloga Caroline Brunetto de Farias, explica que um fragmento do tumor precisa ser retirado para que possa ser colocado em contato com os diferentes medicamentos que ficam em cada poço do teste, com atenção para o momento de retirada do tumor. "Isso tem que acontecer em um momento em que a paciente esteja em um procedimento cirúrgico. Seja uma biópsia, uma cirurgia, uma cirurgia de neoadjuvância, uma coleta de medula óssea. A gente precisa desse tumor, desse fragmento vivo", explica.
Esse material é levado para o laboratório no menor tempo possível para manter o fragmento fresco. Após isso, ele é colocado em contato com cada um dos medicamentos. Na leitura dos resultados, quanto mais forte estiver a cor do pocinho, mais células cancerígenas continuam vivas. Quanto mais límpido estiver o conteúdo, mais células estão mortas, logo, melhor é o funcionamento do medicamento.
"A nossa proposta é trazer para as pessoas um mapa, um guia para justamente indicar quais os melhores medicamentos e quais os medicamentos que essa pessoa não deve receber", afirma Caroline.
O Chemobiogram entra no mercado neste Outubro Rosa. Para solicitar o teste, é preciso fazer o cadastro no site da empresa ou via WhatsApp. Um tubo especial será enviado para o armazenamento do fragmento de tumor retirado em processo cirúrgico. O material deve ser enviado imediatamente para empresa realizar o teste. O médico recebe o resultado pelo e-mail cadastrado em até cinco dias úteis.
A intenção é que o preço seja menor que o das análises genéticas já disponíveis no mercado, que custam em torno de R$ 15 mil a R$ 18 mil. A longo prazo, existe a possibilidade da técnica ser oferecida ao Sistema Único de Saúde (SUS) para otimizar e reduzir custos desnecessários nos tratamentos de câncer. "A medida que a gente cresce e consegue introduzir esse teste no mercado, a gente consegue também reduzir os custos", diz Caroline.
A patente da tecnologia é da Ziel Biosciences, uma startup gaúcha voltada para soluções em oncologia e saúde da mulher. A empresa nasceu na Incubadora empresarial do Centro de Biotecnologia (IECBiot) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e foi constituída como empresa em 2011. Desde lá, o trabalho da Ziel já foi reconhecido com os prêmios Roche Transformando a Jornada Ocológica com constantes estudos e investimentos, em 2017, e Mulheres Inovadoras da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), em 2020.