Cinco nós que o novo prefeito terá de desatar em Porto Alegre

Por Juliano Tatsch

Gestão que assumir em 1º de janeiro terá uma série de urgências a tratar
A partir do dia 1º de janeiro de 2021, Porto Alegre terá um novo prefeito ou prefeita – ou o mesmo prefeito reeleito. Quem assumir o Paço Municipal, terá uma série de desafios a enfrentar nos próximos quatro anos. Alguns deles, porém, são urgentes, e necessitarão de uma ação rápida e precisa do gestor público, antes que se tornem problemas insolúveis. O Jornal do Comércio mostra cinco nós que o próximo – ou próxima - a ocupar a principal cadeira da prefeitura municipal da Capital terá de enfrentar.

Nó número 1: o imbróglio do Imesf

A próxima pessoa a comandar Porto Alegre terá de encarar com urgência o imbróglio envolvendo o Instituto Municipal de Estratégia de Saúde da Família (Imesf). Desde setembro do ano passado, quando o liminar que impede a demissão dos servidores, pelo menos, até o dia 4 de dezembro. A indefinição do futuro dos profissionais acaba por afetar a saúde pública municipal, como se pôde ver na última semana, quando 35 mil porto-alegrenses ficaram sem atendimento em postos de saúde geridos pelo instituto municipal.

Nó número 2: a mina Guaíba

A possibilidade real de instalação e operação de uma grande mina para mineração de carvão, areia e cascalho em área entre Eldorado do Sul e Charqueadas é, possivelmente, a principal questão a ser resolvida pelo próximo prefeito ou prefeita de Porto Alegre. Mas, porque a prefeitura da Capital precisa se envolver nos debates de um projeto que não será instalado em seu território? Primeiramente, por causa da proximidade física. O local onde a mina será instalada – se for instalada – fica a menos de 20 quilômetros do Centro da Capital. O segundo motivo diz respeito a ao impacto ambiental que a mina pode causar, principalmente no rio Jacuí, um dos principais afluentes do lago Guaíba, de onde sai toda a água consumida pelos porto-alegrenses. Atualmente, o processo de licenciamento ambiental do projeto está parado em razão de uma liminar judicial. Segundo a Justiça, os estudos de impacto ambiental precisam levar em conta a presença de comunidades indígenas nas proximidades da área. Desde 2014 a Copelmi, empresa responsável pelo projeto, busca a licença prévia junto à Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam). Os debates acerca do efeito que a mineração pode ter nas águas do Guaíba continuam, com entidades ambientais cobrando o engajamento da prefeitura de Porto Alegre no tema, e, devido à seriedade do assunto, a questão já deve ser enfrentada logo no primeiro ano de mandato.

Nó número 3: a crise do transporte coletivo

Essa crise não é nova. Ao contrário. Vem se arrastando há anos sem que uma solução definitiva tenha sido apontada. O modelo de transporte coletivo porto-alegrense “entrou em parafuso” nos últimos anos. Os sucessivos aumentos no preço da tarifa cobrada dos passageiros, que fizeram a projetos para a Câmara de Vereadores que, segundo o Executivo municipal, modernizariam o sistema e aplacariam a crise, reduzindo, inclusive, o preço cobrado da população ao cruzar a roleta. O fato é que o preço da tarifa segue muito alto, as empresas estão insatisfeitas, e o serviço não é o desejado pela população, e a prefeitura terá de desatar esse nó ainda em 2021.
 

Nó número 4: as obras que se arrastam

A Copa do Mundo do Brasil/2014 passou, a Copa do Mundo da Rússia/2018 passou e a Copa do Mundo do Catar/2022 já está chegando e Porto Alegre ainda não viu todas as suas “obras da Copa” concluídas. Entre as obras em execução arrastada está a viaduto dos Açorianos, um dos dois principais meios de acesso ao Centro Histórico da cidade, que está interditado desde o dia 10 de maio em razão de “graves anormalidades estruturais”.

Nó número 5: falta de água e alagamentos

Porto Alegre é uma cidade privilegiada. Banhada pelo lago Guaíba, a cidade tem no manancial de água não só um belo ponto turístico e cartão postal, mas também uma fonte preciosa de água para a sua população. No entanto, por incrível que pareça, existem partes da cidade que sofrem com um problema crônico: a falta de água potável. Os moradores do Morro Santana e da Lomba do Pinheiro vivem há muitos anos o martírio de abrirem as torneiras e não sair delas uma gota d’água. O problema na zona Leste da cidade se dá nos meses de verão e, por serem zonas de periferia, acabam recebendo pouca atenção do poder público. Obras para darem cabo da instabilidade no fornecimento de água para essas regiões exigem alto investimento e ação do Executivo municipal para buscar esses recursos, seja por meio de repasse federal, seja por meio de financiamento. Se, na Lomba do Pinheiro e no Morro Santana o problema é falta de água, na zona Norte, principalmente nos bairros Humaitá, Sarandi, Farrapos e Vila Jardim, o quadro é o inverso. Lá, tem água demais. Os alagamentos na região são recorrentes e são inúmeros os casos de moradores que já perderam quase todos os seus móveis e eletrodomésticos – mais de uma vez, inclusive – em razão das enxurradas. Com anos e anos de descaso com as redes de drenagem, o problema precisa ser enfrentado o quanto antes por quem vencer a eleição deste ano.