Exame preventivo é chave para diagnóstico do câncer de próstata

Rio Grande do Sul possui a maior incidência da doença no Brasil, com 6,2 mil casos/ano

Por Juliano Tatsch

Diagnóstico precoce é fundamental para eficácia do tratamento
Com estimativa de 68.220 casos novos para o último ano, o câncer de próstata é a neoplasia mais recorrente em homens, excetuando-se os casos envolvendo tumores de pele não melanoma. Somente isso já seria motivo de mobilização e preocupação tanto por parte de quem atua na área da saúde - seja como profissional, seja como gestor público -, quanto por parte de quem sofre com a doença. Ainda assim, por incrível que pareça, em pleno 2019, falar em câncer de próstata e em métodos de prevenção e diagnóstico ainda é falar sobre um tabu.
Conforme dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), um total de 15.391 homens morreu no Brasil em 2017 em razão do câncer de próstata. São 66,12 novos casos a cada 100 mil homens. No caso do Rio Grande do Sul, os números são ainda mais preocupantes. Com estimativa de 6.210 novos casos ao ano, o câncer de próstata tem uma taxa de 111,5 casos a cada 100 mil homens, fazendo com que o Estado tenha a maior taxa de incidência do País. Porto Alegre não fica para trás e tem a maior ocorrência entre as capitais, com 890 novos diagnósticos e uma taxa de 127,96 casos a cada 100 mil homens.
Notícias sobre negócios são importantes para você?

O que é a próstata?

A próstata é uma glândula presente apenas nos homens, localizada na frente do reto, abaixo da bexiga, envolvendo a parte superior da uretra (canal por onde passa a urina). A próstata não é responsável pela ereção nem pelo orgasmo. Sua função é produzir um líquido que compõe parte do sêmen, que nutre e protege os espermatozoides. Em homens jovens, a próstata possui o tamanho de uma ameixa, mas seu tamanho aumenta com o avançar da idade.
Quais os fatores de risco?
Existem alguns fatores que podem aumentar as chances de um homem desenvolver câncer de próstata. São eles:
Idade: o risco aumenta com o avançar da idade. No Brasil, a cada dez homens diagnosticados com câncer de próstata, nove têm mais de 55 anos.
Histórico de câncer na família: homens cujo o pai, avô ou irmão tiveram câncer de próstata antes dos 60 anos, fazem parte do grupo de risco.
Sobrepeso e obesidade: estudos recentes mostram maior risco de câncer de próstata em homens com peso corporal mais elevado.
Sinais e sintomas do câncer de próstata
Na fase inicial, o câncer de próstata pode não apresentar sintomas e, quando apresenta, os mais comuns são:
- dificuldade de urinar
- demora em começar e terminar de urinar
- sangue na urina
- diminuição do jato de urina
- necessidade de urinar mais vezes durante o dia ou à noite
Fonte: Ministério da Saúde

Assintomática na fase inicial, doença é prevalente em idosos

Um em cada sete homens terá câncer de próstata depois dos 50 anos de idade. Com a expectativa de vida masculina girando ao redor dos 75 anos no Estado, a preocupação a respeito da doença cresce. "Antigamente, as pessoas morriam antes de ter câncer de próstata", observa o médico Ernani Rhoden, da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre.
Por ser uma doença frequente e assintomática em seus estágios iniciais, a única forma de se fazer o diagnóstico precoce é por meio da avaliação médica. "Não existe outra maneira. Muitas vezes, quando a doença é sintomática, está além das possibilidades de cura. Se diagnosticada em um estágio bem inicial, as opções terapêuticas com intenção curativa se tornam muito maiores", enfatiza o especialista.
Diante de um processo de inversão da pirâmide populacional - mais velhos do que jovens - vislumbra-se uma necessidade de planejamento em longo prazo no que diz respeito a políticas púbicas de saúde. O chefe do serviço de urologia da Santa Casa projeta dificuldades na próxima década se nada for feito. "Se tu pedires para eu vislumbrar daqui a 10, 15 anos, estou vendo muitos problemas. Pessoas idosas precisam de mais cuidado, mais medicamentos, mais atendimento hospitalar. Essa previsão precisa ser feita. Não tenho dúvidas que o Ministério da Saúde e as secretarias estão traçando esse cenário futuro", conclui.