Polícia apura se fogo no Fêmina foi criminoso

Grupo GHC entregou ontem aos investigadores imagens que mostram homem em sala atingida pelo incêndio

Por Igor Natusch

Somente após avaliação de engenheiros, sexto andar será liberado
A Polícia Civil recebeu, na tarde de ontem, imagens das câmeras de segurança do hospital Fêmina, que teve o sexto andar atingido por um incêndio no último sábado. A análise das imagens pode ser decisiva para elucidar o caso, na medida em que o Grupo Hospitalar Conceição (GHC), que administra o hospital, manifestou suspeitas de que as chamas tenham sido causadas por um ato criminoso.
As imagens mostram um homem em atitude suspeita, circulando em uma das salas atingidas pelo fogo. A pessoa registrada nos vídeos é um enfermeiro, que trabalha há três anos no Fêmina e que, segundo o GHC, estava na escala de plantão no horário em que o incêndio teve início. O delegado Ajaribe Rocha Pinto, titular da 10ª Delegacia de Polícia, ouviu o suspeito ontem, após ele ter comparecido voluntariamente para depor.
No momento, segundo o delegado, o esforço é de reunir elementos para "montar o quebra-cabeça" do caso. "Por enquanto, temos apenas suspeitas, não temos indícios que apontem uma coisa ou outra. Mas sim, essa hipótese (incêndio criminoso) está sendo investigada", afirmou Pinto. Além da análise das câmeras e dos depoimentos de pacientes e profissionais que atuam na unidade, a polícia aguarda pelos resultados da perícia, que devem ser entregues nos próximos dias.
De acordo com o GHC, o Fêmina manteve os atendimentos ontem, realizando consultas marcadas no ambulatório e procedendo o atendimento dos 94 pacientes internados no local. O sexto andar está, no momento, passando por procedimentos de limpeza e higienização.
A direção do hospital informou à Secretaria Municipal da Saúde (SMS) que, além da conclusão dos trabalhos de perícia, é necessário que engenheiros verifiquem a estabilidade da estrutura após o incêndio. Somente após isso, e depois de uma verificação das equipes de Vigilância em Saúde do município, será possível promover a reabertura das áreas evacuadas, o que não deve ocorrer antes desta quarta-feira.
A SMS garante que está em "contato constante" com o GHC, orientando a atenção primária para redirecionar as gestantes enquanto o Fêmina seguir sem atendimento. "Assim que liberadas as áreas para o retorno dos pacientes, e se houver indicação desse retorno, a Central de Leitos da SMS estará coordenando esse fluxo", garante a pasta, em resposta escrita à reportagem.
O fogo se iniciou no quarto 615, que estava desativado e com alguns aparelhos sem uso. No andar, funciona a UTI Neonatal, além de quartos para cuidados intermediários e para o atendimento de gestantes de médio e alto risco. No momento, 33 pessoas estavam internadas na ala. 
No domingo, a direção do hospital admitiu que a unidade funcionava sem um Plano de Prevenção Contra Incêndio (PPCI). De acordo com o Corpo de Bombeiros, o prédio nunca chegou a obter a documentação: o pedido de alvará tramitava pela legislação antiga, anterior à chamada Lei Kiss, de 2017, e não apresenta movimentações desde 2008.

Maternidade do Mãe de Deus é reinaugurada após passar por reforma

Após passar por um projeto de readequação arquitetônica e operacional, foi reinaugurada ontem a maternidade do Hospital Mãe de Deus, em Porto Alegre. De acordo com a direção, a reforma atingiu uma área de 730 m2, onde estão localizados 24 leitos para atendimento de gestantes e recém-nascidos, e melhorou as condições de conforto e acolhimento na unidade.
Entre as mudanças houve troca de parte do mobiliário e a adoção de cores suaves e temas remetendo ao nascimento, buscando suavizar o ambiente. As instalações para obstetras e para a equipe assistencial também receberam melhorias. Além das mudanças na infraestrutura, a maternidade passará por um aperfeiçoamento nos processos, buscando potencializar o atendimento. Ao todo, para a realização das alterações, a maternidade ficou fechada durante 30 dias.