E se te contassem que, em Porto Alegre, é possível comprar camisas usadas por Pelé e Garrincha, autografadas por Zidane, Maradona e Ronaldo? Iria parecer notícia falsa, mas é o propósito da loja Memórias do Esporte, administrada por um fã de relíquias do futebol que virou empreendedor. “Iniciei como colecionador e continuo sendo um. Apenas, agora, também ganho dinheiro com isso em vez de só gastar”, diverte-se Flávio Richter, 47 anos.
Entre loja física, que fica na avenida Protásio Alves, nº 3.664, e depósito, há cerca de 7 mil itens. O ponto de venda abriu oficialmente em 2018, mas Flávio já comercializava desde 2005 camisas de futebol repetidas de sua coleção ou as de amigos. Em 2013, ele adquiriu parte da coleção de um ex-jogador da Seleção Brasileira - cujo nome não pode revelar - e vislumbrou a possibilidade de sair do emprego que tinha num escritório contábil para viver da paixão.
O empreendimento, hoje, comercializa todo tipo de artigo relativo ao esporte, seja camisas ou itens de memorabilia, como álbuns de figurinhas, bonecos, livros e flâmulas. O valor da maior parte das vestimentas gira entre R$ 120,00 e R$ 150,00. “Para os colecionadores que buscam artigos usados em jogos, e que viram objeto de culto, há maior discrepância, iniciando em R$ 250,00 e passando de R$ 10 mil, dependendo da raridade do item”, explica Flávio.
A Memórias do Esporte já recebeu visitas de ex-atletas da dupla Grenal, árbitros de futebol que são colecionadores, um sheik do Qatar buscando raridades de Copas do Mundo e colecionadores norte-americanos. Aliás, o público de fora do Brasil é grande, conforme o empresário. Há, por exemplo, um colorado na Alemanha que compra regularmente pela internet (@memoriasdoesporteoficial).
“A lembrança que guardamos com mais carinho é de um ex-jogador que se aposentou sem guardar nenhuma camisa da sua época. Pois conosco conseguiu uma, usada por ele quando atuava na Bélgica”, lembra.
Como contabilista, Flávio diz que era infeliz, embora tenha trabalhado por 25 anos na área. “O futebol é um catalisador de paixões e meu envolvimento com ele desde pequeno tornou essa decisão algo natural. Nunca me preocupei em ganhar mais dinheiro do que ganhava, só queria fazer algo com prazer e ter clientes gratos”, justifica.