Mauro Belo Schneider

Marca de Porto Alegre ganhou selo ouro no Prêmio Bean to Bar

Casa na Zona Sul guarda segredo: fabrica o melhor chocolate do Brasil

Mauro Belo Schneider

Marca de Porto Alegre ganhou selo ouro no Prêmio Bean to Bar

Uma casa na avenida Guaíba, n° 4.516, no bairro Vila Assunção, na zona sul de Porto Alegre, guarda um segredo. Os vizinhos, no entanto, já descobriram o que funciona onde antes era um espaço para churrasco, nos fundos da residência. O cheiro denuncia: há fabricação de chocolate. E não é qualquer um.
Uma casa na avenida Guaíba, n° 4.516, no bairro Vila Assunção, na zona sul de Porto Alegre, guarda um segredo. Os vizinhos, no entanto, já descobriram o que funciona onde antes era um espaço para churrasco, nos fundos da residência. O cheiro denuncia: há fabricação de chocolate. E não é qualquer um.
Em 2020, o que sai do endereço, que sequer tem campainha na frente, foi considerado o melhor chocolate ao leite do País pelo concurso Bean to Bar Brasil, eleito tanto pelo público quanto pelo júri técnico. A expressão em inglês caracteriza o processo de produção que inicia na amêndoa do cacau e se encerra na barra. Compreende todo o ciclo, diferentemente da maioria das indústrias do segmento, que compram a massa do cacau pronta.
Quem está por trás da marca Magian Cacao é André Passow, 40 anos, que vive para o universo do chocolate desde que nasceu. O avô trabalhava na Garoto e o pai tinha uma fábrica de ovos de Páscoa no bairro Ipanema. Graças a essa vivência, assim como os sommeliers sabem identificar um vinho de qualidade, André não erra na hora de listar o que torna um quadrado comestível em uma experiência completa de sensações.
“Tem que ser bem cremoso e lisinho na boca”, descreve.
Para chegar nesse nível, o chocolate da Magian é batido em uma panela específica para a fabricação por 96 horas. Antigamente, essa etapa era feita em 48 horas, mas André percebeu que o maior tempo aumentava a qualidade.
O empreendedor conhece os mínimos detalhes de tudo que envolve chocolate. Quando decidiu se aventurar em carreira solo, em 2015, após ter aprendido muito em família, fazia de tudo. Ia à cidade de Belmonte, no sul da Bahia, participar da colheita do cacau na fazenda do produtor Edu Melo e, quando voltava a Porto Alegre, descascava o cacau, batia a massa, colocava o chocolate nas formas, os embalava, imprimia as etiquetas, entregava e respondia as perguntas no e-commerce (www.magiancacao.com). Até que em 2017 caiu no chão da fábrica, quase desmaiado. Teve burnout, esgotamento de trabalho.
LUIZA PRADO/JC
Para André, que vende, em média, 7 mil barras por mês Brasil afora, delegar é um desafio. “Como eu embalava os chocolates, achava que ninguém embalaria como eu”, lembra. Embora hoje a empresa conte com quatro colaboradores, além de pessoal para redes sociais, motoboy e nutricionista, o empresário continua se envolvendo em tudo. “Se quebrar a máquina, eu meto a mão. Na fazenda, eu participo da colheita”, afirma.
Da época sozinho, lembra da vez em que foi viajar e não ligou o ar-condicionado da fábrica. Perdeu 1 mil barras, que se derreteram. Ele aprendeu a lição de que é mais barato gastar luz do que refazer as etapas. O mesmo vale para o investimento na máquina de embalar, que encapa 700 barras em 15 minutos, enquanto André levava cinco horas para fazer o mesmo na mão.
O dono do negócio ressalta que faz chocolate com propósito. Os ingredientes são naturais, como a baunilha que ele mostra recém-chegada pelo correio em seu formato original. Alguns restaurantes da Capital, como o Dionísia, indicam em seus cardápios que as sobremesas são feitas com chocolates Magian - que ainda vende insumos para chefs.
LUIZA PRADO/JC
O nome Magian é a junção dos nomes da família: "Ma" vem de Mathias, seu primeiro filho; "Gi", de Giovana, sua esposa; e "An" de André. Agora, seu outro filho, o Lucas, de 2 anos, ganhará o apelido de Cacao.
André, que mora em frente ao Guaíba, veleja no clube Veleiros do Sul, mas, quando o trabalho está corrido, sofre ao ver seus amigos passando sobre a água. Agonia que termina tão logo ele prova seu chocolate. Muitas vezes, no café da manhã, com a desculpa de estar aferindo o sabor e analisando a concorrência.
Mauro Belo Schneider/Especial/JC
Mauro Belo Schneider

Mauro Belo Schneider - editor do GeraçãoE

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