Destino de milhares de negócios conta com uma Sala do Empreendedor que foi certificada com Selo Ouro pelo Sebrae-RS

Campo Bom atrai perfil empreendedor


Destino de milhares de negócios conta com uma Sala do Empreendedor que foi certificada com Selo Ouro pelo Sebrae-RS

As iniciativas de Campo Bom para estimular o empreendedorismo ganharam projeção nacional e destaque no Rio Grande do Sul. Um dos integrantes do programa Cidade Empreendedora do Sebrae-RS, o município já regulamentou e agora aplica a Lei de Liberdade Econômica que estabelece diretrizes para o Enquadramento Empresarial Simplificado (EES).
As iniciativas de Campo Bom para estimular o empreendedorismo ganharam projeção nacional e destaque no Rio Grande do Sul. Um dos integrantes do programa Cidade Empreendedora do Sebrae-RS, o município já regulamentou e agora aplica a Lei de Liberdade Econômica que estabelece diretrizes para o Enquadramento Empresarial Simplificado (EES).
Com isso, 582 atividades econômicas consideradas de baixo risco estão dispensadas de alvará e licença prévia para funcionamento, o que estimula a abertura de empreendimentos e coloca o município em primeiro lugar entre os facilitadores de novos negócios no Estado e na quarta colocação no País entre os que já regulamentaram a Lei da Liberdade Econômica.
Empenhado em tornar-se um polo de empreendedorismo, Campo Bom tratou de tomar providências. A consultora do Sebrae Patrícia Moraes explica que depois de sancionada a Lei de Liberdade Econômica Municipal, as tabelas atualizadas de grau de risco das atividades econômicas foram aprovadas pelo Comitê para a Gestão da Rede Nacional para a Simplificação do Registro e da Legalização de Empresas e Negócios (CGSIM) e agora serão juntadas à base nacional do sistema integrador.
Cada secretaria de Campo Bom tem a relação das atividades de alto, médio e baixo risco e, assim, quando o usuário dá entrada no processo de abertura de empresa, já tem a informação da classificação de risco do seu negócio imediatamente após realizar o registro na Junta Comercial.
Se a empresa for enquadrada em algum dos 582 itens de baixo risco da Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) não necessitará de alvará e licença prévia para começar a funcionar. Com esse foco em desburocratização, houve um aumento no número de empresas instaladas no município, que passou de 7.780 em 2020 para mais de 8 mil em abril de 2021.
Além disso, Campo Bom conta com uma Sala do Empreendedor que foi certificada com Selo Ouro pelo Sebrae-RS pelos serviços que oferece. O coordenador do espaço, Antônio de Oliveira, relata que há muitos clientes migrando para Campo Bom atraídos por essas facilidades.
"Eles elogiam a diferença de tratamento e a facilidade que encontram aqui para conversar com os servidores", afirma o especialista. A Sala reúne os serviços de várias secretarias e órgãos municipais, como Fazenda e Vigilância Sanitária, por exemplo, o que agiliza a vida de quem quer empreender por ali.
"O que não conseguem resolver, falam direto com alguém da área e isso agiliza os processos", diz. "Nós sempre procuramos evoluir", destaca. Localizada no Centro Administrativo, a Sala do Empreendedor implantou o Sistema de Controle e Registro de Atendimento disponibilizado pelo Sebrae-RS e os servidores, que também passaram por uma reciclagem sobre o MEI, agora contam com a facilidade de registrar eletronicamente os atendimentos feitos diariamente às micro e pequenas empresas.
O software tem funcionalidades que permitem, ainda, uma melhor gestão dos serviços, como, por exemplo, tempo médio de cada caso, quantidade de soluções por atendente, além da possibilidade de gerar relatórios com os dados de cada um.
O Programa Cidade Empreendedora é uma iniciativa voltada para engajar gestores e servidores na promoção das políticas públicas para o apoio e fortalecimento do empreendedorismo nos municípios, respeitando suas realidades.
O programa tem como objetivo principal a transformação local, visando impulsionar o desenvolvimento econômico como um todo através de eixos estratégicos, com a potencialização e institucionalização de alguns capítulos da Lei Geral da Micro e Pequena Empresa.

A história da cidade

Campo Bom, distante cerca de 56km de Porto Alegre, foi colonizada em 1825, emancipando-se de São Leopoldo em 31 de janeiro de 1959. A predominância na formação étnica do município era germânica, mas, com o crescimento econômico e a necessidade de mão de obra, outras etnias passaram a fazer parte deste cenário a partir de 1930.
Campo Bom passou à categoria de Vila, com a realização de algumas obras públicas que contribuíram para a diversificação das indústrias e serviços. O período de urbanização veio em 1959 juntamente com a emancipação, quando deixou de pertencer a São Leopoldo, devido à prosperidade econômica. Durante essa transição, a economia passou por diversas fases. As atafonas, as olarias e as indústrias calçadistas formaram esse processo. Atualmente, não há mais atafonas, mas sim olarias. É o calçado o responsável pela maior parte da economia, embora no final da década de 1990 tenha ocorrido uma grande diversificação no parque fabril da cidade através da implantação do Loteamento Industrial Sul e do Distrito Industrial Norte. Hoje, o município conta também com uma encubadora empresarial, além de receber investimentos para atração de empresas e formação profissional de mão de obra qualificada.
A origem do nome do município veio dos tropeiros que conduziam o gado dos Campos de Cima da Serra para São Leopoldo e Porto Alegre, passando pela localidade. Ali descansavam à sombra de árvores enquanto o gado pastava nos campos.
 

Torrefação de café de Campo Bom lança e-commerce e cresce 30% ao mês

Vendas online impulsionam os negócios de empreendedores locais

Graças aos incentivos que recebe da cidade onde vive desde seu primeiro mês de vida, Arthur Astarita Bazacas, 29 anos, diz que já pôde fazer viagens relacionadas a seu segmento, compor a fachada de sua loja e comprar prateleiras. Ele é morador de Campo Bom, considerado um dos melhores locais para empreender no Rio Grande do Sul, conforme o Sebrae-RS. O município é, também, o quarto colocado no ranking de facilitadores para novos negócios do Brasil.
Arthur comanda hoje uma torrefação de café, iniciada por sua família há 15 anos. Recentemente, ele implementou uma loja física e uma online sob a marca Gesha Cafés de Origem. A unidade da avenida Willy Reichert, nº 822, no Centro, aproxima a população do empreendimento e gera visibilidade. A previsão é que, nesse ano, sejam torradas 10 toneladas de café. "Gesha é uma região da Etiópia, berço da descoberta do café. A marca traz o conceito de história, origem e cultura. O logo remete à matriz africana", explica Arthur, que acompanha os negócios dos pais desde a adolescência.
Com veia empresarial, ele comprou parte do projeto, investiu com o irmão e agora aposta sozinho no ramo. "Esse ano, decidi que queria trabalhar com coisas que escalam e relacionadas a cafés, no qual sou expert. Fiquei com a loja física e a fiz alavancar na pandemia. Transformei o negócio de Pessoa Jurídica para uma operação rentável, focada no consumidor final. Lancei a loja online em março deste ano e o e-commerce (www.gesha.com.br) cresce de 20% a 30% ao mês", comemora ele.
O maior volume de vendas é no Rio Grande do Sul, enquanto São Paulo aparece em segundo lugar entre os estados que adquirem os produtos. 
O apoio que Arthur angariou partiu do projeto Campo Bom para Negócios, promovido pela prefeitura. "Aqui não tem tanta burocracia, é uma cidade pequena e tem bastante incentivo para trabalhar", percebe. Ele acrescenta que pequenos detalhes, como a manutenção das ruas limpas, tranquilas e seguras, ajudam muito no resultado final do comércio.

A aposta na confecção de roupas há 39 anos

A Malhas Demétrio conta com duas lojas na cidade e uma em Novo Hamburgo

Lidiani Nunes Demétrio de Oliveira, bacharel em Moda, seguiu o negócio da família em Campo Bom. A confecção de roupas Malhas Demétrio tem 39 anos, uma fábrica e duas lojas físicas na cidade. Há uma terceira unidade em Novo Hamburgo, na fundação Evangélica IENH.
Até 2004, o negócio era administrado por seus pais. Dali em diante, quando os fundadores pararam de trabalhar, ela e o marido, Cleber de Oliveira, ficaram responsáveis por tudo que envolvia a produção de uniformes escolares, pijamas e camisetas.
"A escolha por Campo Bom foi porque, na época, a cidade estava em crescimento em função do mercado de calçados. Meus pais decidiram empreender aqui por enxergarem futuro", revela Lidiani.
Hoje, à frente da marca, a empreendedora considera o município organizado. "Ao longo desse período, as administrações públicas que passaram por aqui sempre foram muito competentes e com um olhar para o futuro. Mérito da população da cidade em geral, que sabe escolher", interpreta.
Lidiani conta que os empreendedores são bastante unidos e se relacionam através da CDL, Sebrae e reuniões organizadas pelo secretário da Indústria e Comércio da cidade.
"Agora, com a pandemia, o poder público teve um papel fundamental de apoio. Além de financeiro, foram atrás de parcerias de entidades, como o Sebrae, que auxiliaram na parte administrativa das empresas", diz. Os endereços das lojas em Campo Bom são avenida São Leopoldo, nº 1.428, bairro Celeste, e rua Voluntários da Pátria, nº 355, no Centro.
 

Loja de moda plus size promove lives e dobra de tamanho na pandemia

A marca Surpreendente passou a apostar em lives pelo Instagram durante a quarentena

Jennifer Pereira Figueiró, 35 anos, atua em dois ramos em Campo Bom: varejo e quiropraxia. Sua loja, a Surpreendente, instalada na avenida Brasil, nº 3.152, aposta num mercado pouco explorado na cidade, o de vestuário feminino plus size. "Em outubro de 2017, tinha dificuldade em comprar e achar roupas para mim", conta, sobre o que a encorajou a focar no nicho.
A empreendedora, junto com a mãe e o marido, Angela Maria Pereira e Cristiano Rodrigues Figueiró, visualizou uma oportunidade e afirma ter encontrado incentivo da prefeitura, que dá apoio financeiro e qualificação profissional, conforme Jennifer. Isso, inclusive, foi decisivo durante a pandemia. "O comércio em Campo Bom está em uma crescente há bastante tempo", percebe a empresária, citando a união dos lojistas através de grupos no WhatsApp para troca de informações e de experiências.
Ela conta que o poder público estimula a comunidade a realizar compras em negócios locais e, na outra ponta, motiva mais cidadãos a terem a coragem de empreender, o que alavanca projetos.
"No ano passado, trocamos a loja de local e duplicamos o tamanho dela, passando de 70m² para 144m², durante a pandemia. Foi bem difícil, mas tivemos que nos reinventar, vendemos bastante pelo Instagram (@lojasurpreendente) através de lives", detalha. Com cerca de 5,5 mil seguidores, ela comercializa para todo o Brasil. 
A Loja Surpreendente, hoje, é a única especialista em moda plus size na cidade, aponta Jennifer. A outra que havia fechou em 2020. A responsabilidade, portanto, é ofertar opções modernas e variadas.
 

Pioneira na manipulação completa 38 anos

Farmácia Apoteka surgiu do sonho de estudante que não tinha dinheiro para empreender

A Farmácia Apoteka surgiu, em Campo Bom, em 1983, quando Débora Maria Kehl percebeu o retorno das farmácias de manipulação ao Rio Grande do Sul. O nome da marca foi inspirado nos profissionais que trabalhavam com remédios naturais e plantas, que antigamente eram chamados de apotekarios (bruxos).
A farmacêutica nunca havia empreendido, mas sempre teve vontade. "Quando fiz faculdade, eu era uma pessoa muito curiosa. No laboratório, fazia os xaropes nos horários vagos e estagiava em farmácias de manipulação", conta. Quando se formou, Débora tinha conhecimento, mas faltava dinheiro para empreender.
"Meu professor emprestou alguns equipamentos para produzir nas férias. Me formei no início de junho e abri a farmácia no dia 4 de julho, graças a esta ajuda", relata. A empreendedora começou a apostar na empresa ao lado de um amigo, mas a farmácia só teve sucesso quando seu marido acreditou e investiu, virando uma empresa familiar.
Para Débora, foi bastante desafiador empreender. "Não se conhecia esse tipo de farmácia no município. Eu sabia fazer os produtos, mas não sabia como conquistar a confiança. Precisei fazer o trabalho de divulgar e gerar a empresa. Estando numa cidade de empreendedores, ficou mais fácil", admite. A farmacêutica participou de micro cursos do Sebrae para aprender noções de empreendedorismo. "Hoje, temos em andamento duas consultorias do Sebrae. Conforme eu vou andando, vou me juntando a eles, pois me deram uma alternativa subsidiada", celebra.
A Apoteka tem compromisso social e socioambiental. "Todos os papéis são usados frente e verso, pois nossos documentos precisam ser armazenados", expõe. Os papéis, papelões e plásticos são guardados e vendidos para reciclagem e o local coleta medicamentos dos cidadãos para encaminhar ao lixo específico da Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luís Roessler (Fepam).
Desde o início, a Apoteka prioriza medicamentos naturais, embora venda os tradicionais. "Hoje, eu comercializo florais, vitaminas e minerais. Também vendo medicamentos tradicionais, para o sistema nervoso central de quem não consegue dormir ou para crianças com tendência a convulsões", afirma. Débora conta que a manipulação é muito importante para as crianças, pois o peso delas influencia na adaptação dos medicamentos que não se encontram em mercados.
A pandemia alterou alguns padrões do ramo. Atualmente, receitas médicas são aceitas no papel original ou pelo WhatsApp. "Por causa dos protocolos de distanciamento social, podemos receber online. Mas sempre pedimos que seja autenticada porque toda farmácia de manipulação é regulada pela Anvisa, que faz vigilância todos os anos", expõe.
Com filial em Novo Hamburgo e Sapiranga, a Apoteka contabiliza quatro laboratórios e uma farmácia na Rua dos Andradas, nº 20.
As áreas industriais são divididas na produção de medicamentos de pó sólido, pó semissólido e pó molhado. Também há um laboratório apenas para o controle de qualidade de insumos, o primeiro passo para a produção. A higienização é feita duas vezes ao dia e o uniforme trocado e lavado a cada dia, segundo a empreendedora. "Antigamente, ocupávamos 20m², crescemos muito durante esse tempo", comemora.
De acordo com Débora, só foi possível chegar tão longe obedecendo à legislação, estudando o mercado, conhecendo o gosto dos clientes, inovando o ambiente e treinando a equipe. "É preciso estar à frente do mercado, sempre a nível de necessidade, nível tecnológico e nível de conhecimento", constata a empresária.

Loja de cosméticos busca métodos sustentáveis e ganha prêmio

A Pápryka Cosméticos tem registrado mais de 600 fórmulas

A paulista Fabiana Blos, que se mudou para Campo Bom em 2003, por causa do marido, encontrou na cidade uma oportunidade de virar empreendedora e fornecedora de outras empresas, visto que havia demanda para terceirização. Em 2004, ela fundou a Pápryka Cosméticos. O nome, conta Fabiana, desperta curiosidade na maioria das pessoas e o que muitos não sabem é que ele remete ao mundo dos cosméticos. "Um dia fui pedir ajuda em uma gráfica e encontrei em um livro este nome. Significa tempero e misturas, e é o que somos", conta.
A Pápryka é uma marca própria de cosméticos e perfumaria, e tem como objetivo fabricar produtos respeitando as pessoas, os animais e o planeta. O item mais pedido é o aromatizante. "Depois de conhecer algum produto, os clientes ficam com vontade de conhecer os outros", reconhece. Além dos aromatizantes, são vendidos perfumes, hidratantes, sabonetes e diferentes linhas.
Para a empreendedora, a Pápryka não tem burocracia. Entretanto, a dificuldade para produzir é a mesma de qualquer fábrica grande. "Temos registradas mais de 600 fórmulas, isto não é número de fábrica pequena", diz. A química conta que o trabalho de uma indústria é diário e constante.
"Os grandes têm fôlego financeiro para fazer propaganda de vários tipos e em todos os meios de comunicação. A pequena empresa não tem, é difícil se posicionar no mercado com pouco dinheiro", expõe. De acordo com ela, planejamento e renúncias são quesitos para continuar até hoje. A empresa, agora, está lançando um produto antimofo sustentável que pode ser utilizado em vários cômodos da casa. Com o Sebrae, foi possível receber auxílio em dois cursos e participar de feiras a nível nacional. "A pesquisa do antimofo só chegou ao final graças ao Sebrae", celebra Fabiana.
No futuro, a empreendedora tem planos para atualizar o site da marca com indicações de lugares para reciclagem. A Pápryka recebeu, inclusive, o Prêmio Destaque Empresarial 2020 pela Prefeitura de Campo Bom. "Estamos sendo valorizados e conhecidos pela cidade por causa do nosso trabalho de qualidade", comemora. A loja fica na Rui Barbosa, nº 32.
 

Irmãs apostam na produção de itens criativos personalizados

A Holy Design Criativo mudou o foco durante a pandemia, migrando para produtos personalizados

Assim como diversas empresas, a Holy Design Criativo mudou seus rumos em função da pandemia de Covid-19. A empresa de Campo Bom, que antes era focada na venda de itens para presentes, percebeu uma demanda de mercado por itens personalizados. Partindo das máscaras, hoje a marca oferece canecas, almofadas, camisetas e outros produtos que podem ser customizados tanto por pessoas físicas como por empresas. 
Mas esta não foi a primeira transformação do negócio. Bianca Bonalume, 33 anos, sócia fundadora, conta que o projeto surgiu, em 2018, com a proposta de ser uma loja de artigos religiosos católicos. Com uma amiga como sócia naquele momento, a empreitada foi uma oportunidade para usar a experiência adquirida na empresa do pai, a Marfim, que produz componentes para calçados, onde ela trabalhou desde os 16 anos. Graduada em Administração de Empresas, Bianca foi responsável por estruturar um braço da indústria no Ceará, o que, segundo ela, foi fundamental para ter o desejo de estar à frente de um negócio próprio. "No meu retorno para o Rio Grande do Sul, voltei a trabalhar na matriz da empresa, mas o meu cargo não estava mais me satisfazendo, porque vinha de uma experiência de gestão no Ceará. Uma amiga me procurou com uma ideia de abrir uma loja. Pedi demissão para ter um negócio próprio, com essa vontade de ficar à frente, de estar na gestão. Na época, a loja era para artigos religiosos católicos, mas com o passar do tempo vimos que a demanda não era algo que sustentaria o negócio à longo prazo", lembra. 
A mudança de chave veio a partir da troca na sociedade. Com a saída da amiga, sua irmã, Bruna Bonalume, 32 anos, entrou como sócia e propôs novos rumos. Designer, ela foi fundamental para que a Holy começasse a produzir os próprios artigos para presentes. O investimento em maquinário para essa guinada, no entanto, foi atravessado pela chegada da pandemia. "Quando investimos em maquinário, a ideia era fazer itens para comercializar na loja. Só que veio a pandemia, e vimos que as pessoas não estavam comprando tanto, porque o nosso produto é mais supérfluo. Tivemos uma queda muito grande no faturamento. Então, começamos a trabalhar com empresas fazendo máscaras personalizadas, porque temos toda a parte de arte e criação e um atelier de costura. Foi o que salvou o nosso negócio e o que nos impulsionou a crescer mais", afirma Bianca, que enxerga esse momento como o ponto de virada. "Entramos nas empresas pelas máscaras, e aí começaram a entrar pedidos de opções para presentes corporativos de Dia dos Pais e de Dia das Mães. Não foi planejado entrar no personalizado, foi uma demanda do mercado. Vimos que tínhamos capacidade de produzir e o negócio foi migrando para isso", diz a administradora. 
Hoje, os itens são responsáveis por 80% do faturamento da Holy, que atua em duas frentes. Além dos produtos para empresas, há a oferta para pessoas físicas que desejam elaborar presentes. Paralelamente a essa produção, as irmãs investem na criação de coleções temáticas para lojas de artigos de decoração. "Recentemente, começamos uma linha de produção para revenda. No momento, temos uma loja em Estância Velha que revende nossos produtos, mas estamos prospectando outras. Criamos coleções temáticas sobre personagens ou para datas especiais. Já temos dois designers na equipe que fazem toda a parte de criação, e repassamos para o lojista", explica. 
As transformações na proposta do negócio acarretaram a mudança de espaço físico. Antes alocada em um ponto no centro da cidade, a empresa, agora, ocupa um espaço mais voltado para a produção e menos para a venda direta. "A estrutura não estava comportando que aumentássemos a capacidade produtiva. Mudamos em junho para um espaço em que priorizamos deixar a produção maior e a loja menor", conta Bianca, que aposta nas redes sociais como vitrine e espaço de conexão com os clientes. "Um dos reflexos que sentimos da pandemia foi que primeiro as pessoas olham o perfil no Instagram, depois chamam no WhatsApp, e só depois vão ao espaço físico. Então, tentamos manter o Instagram sempre atualizado, postando novidades e conteúdos", afirma. 
Bianca destaca que incentivo de Campo Bom, tanto por parte da gestão pública quanto da população, foi fundamental para que o negócio resistisse às adversidades da pandemia e encontrasse novos caminhos. "Somos muito gratas à Campo Bom por realmente incentivar os empreendedores. Sempre tivemos muito aporte da prefeitura em diversas situações, e das pessoas também. Sentimos isso no momento mais difícil do nosso negócio, em que o proprietário da nossa sala nos deu carência no aluguel e desconto. Tivemos muito apoio e foi fundamental para manter o negócio em pé e crescendo", garante ela, que se orgulha de ter trabalhado com nomes fortes da cidade. "Já atendemos empresas grandes, e é um orgulho para nós, como a Schutz, a Box Print, e outras que são conhecidas aqui. Hoje, o negócio está mais focado em Campo Bom e no Vale do Sinos, mas queremos atender mais o Rio Grande do Sul e, no futuro, até para fora do Estado", revela a empreendedora. 
 

O que torna uma cidade boa para empreender

Especialista do Sebrae-RS aponta caminhos para que os municípios fomentem mais negócios

Ter uma economia pujante por meio do fomento ao empreendedorismo é o desejo de muitas cidades. Marco Copetti, gerente da regional Sinos, Caí e Paranhana do Sebrae-RS, aponta que ser um município propenso ao empreendedorismo passa, em primeiro lugar, pela gestão pública. "Uma cidade empreendedora começa pela gestão pública, que deve oferecer um bom ambiente para que o empreendedor se instale nesse município. Para isso, precisa de desburocratização e de simplificação de processos", garante o especialista. 
Para gerar otimização, há alguns caminhos, aponta Copetti. Um deles é a instalação da Sala do Empreendedor, um espaço dedicado às demandas de quem está à frente de um negócio.
"É o Tudo Fácil da prefeitura na comunicação com o empreendedor. É o ambiente onde a gestão pública municipal tem essa relação direta com o empreendedor. Não é apenas um espaço físico, mas um local de simplificação da burocracia, onde o empreendedor possa sair de forma ágil e eficiente com o seu CNPJ, com seu alvará, com a liberação municipal, pronto para empreender", explica. Hoje, o Rio Grande do Sul conta com 136 Salas do Empreendedor. 
Outro ponto que merece atenção dos municípios que desejam ter o empreendedorismo como destaque é a evasão de jovens. Muitas cidades, principalmente de interior, acabam perdendo seus talentos promissores para regiões maiores.
Para inverter esse caminho, a resposta é uma só: é preciso criar oportunidades dentro do próprio município. "Tem que pensar em estratégias de inovação com a pegada de qualidade de vida. O jovem retorna com conhecimento, inovação, tecnologia, e aplica no seu município de origem, gerando renda e qualidade de vida. Mas não dá para trazer de volta o jovem cheio de vontade de experenciar novos horizontes para um município que está fechado, que é burocrático, que não abre perspectiva", alerta o especialista. 
E ser uma cidade pujante no empreendedorismo não é exclusividade de capitais ou cidades grandes. Municípios do interior, menores, também devem acreditar no seu potencial.
É importante, portanto, que a cidade identifique a sua vocação, explica Copetti, percebendo quais são seus pontos fortes e investindo para formar talentos e gerar oportunidades nesse segmento.
"É importante que o município entenda e conheça as suas vocações, porque em cima das vocações que se estimula a criação de novos negócios. Os pequenos municípios precisam de autonomia para a manutenção de seus empreendimentos. Entender a conexão que o município tem com a sua atividade econômica é muito importante. Se o PIB é gerado a partir do agronegócio, por exemplo, deve-se pensar o que se pode fazer para que o produtor rural possa produzir mais, melhor, com mais resultado, gerando inteligência e conhecimento. É preciso criar estratégias", aconselha.
Para que o empreendedorismo da cidade tenha uma qualidade maior e para que os negócios sejam mais longevos, é necessário que quem empreende faça isso por escolha, e não por falta de oportunidade. "É essencial que tenhamos mais empreendedores por vocação, e menos empreendedores por necessidade, que é importante, mas se tivermos empreendedores mais vocacionados a qualidade do empreendedorismo se eleva", afirma.
Nesse contexto, é fundamental investir na educação e na proximidade do município com ambientes de inovação, como universidades e parques tecnológicos. "É importante que se tenha uma boa geração de mão de obra qualificada, ou seja, que o município se preocupe com a qualidade educacional, e que tenha um ambiente que se discuta inovação e tecnologia", pontua.
Copetti destaca que as iniciativas do Sebrae-RS também contribuem para a construção de um ambiente favorável aos negócios. "Temos vários programas em que entramos na gestão pública e melhoramos a eficiência, otimizando processos, secretarias, fazendo com que a gestão pública se torne aberta para a preparação do ambiente de negócios. Um dos nossos principais programas é o Cidade Empreendedora, em que implementamos eixos estratégicos dentro da gestão municipal, desburocratizando e focando na educação empreendedora, levando conhecimentos do empreendedorismo para jovens", explica Copetti. Atualmente, no Rio Grande do Sul, o projeto está presente em 30 municípios. 
 

Como funciona na prática o programa Campo Bom para Negócios

Todo ano, são abertas inscrições para o Programa Campo Bom para Negócios, que visa ampliar a geração de empregos e aumentar o faturamento das empresas locais. Essas ações de qualificação e expansão de mercado são promovidas pela prefeitura da cidade, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Turismo (Sedetur), com base na Lei Municipal nº 4.857.
São consideradas ações de qualificação consultorias de gestão empresarial, aperfeiçoamento de processos produtivos, formação e capacitação de mão de obra. E ações de expansão de mercado, como participação em eventos relativos à atividade econômica da empresa, investimentos em marketing e promoção de vendas. Podem participar empresas em atividade e sediadas no município há, no mínimo, um ano, contado da data de apresentação do pedido.
"O município segue comprometido com seus empreendedores. Neste momento de dificuldade que todos enfrentam, ações como o Campo Bom para Negócios podem fazer diferença para muitas empresas", destacou o prefeito Luciano Orsi na abertura das inscrições deste ano.
Para aderir ao programa, é necessário protocolar requerimento na Sedetur (junto ao Centro Administrativo), acompanhado de Registro comercial (no caso de empresa individual); Ato constitutivo, estatuto ou contrato social em vigor; Alvará de localização e funcionamento; Certidão Negativa de débitos federais, estaduais e municipais; Prova de regularidade relativa à Seguridade Social (fornecida pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS); Prova de regularidade relativa ao Fundo de Garantia por Tempo de serviço - FGTS (fornecida pela Caixa Econômica Federal); Relatório de faturamento contábil dos últimos 12 meses; Declaração do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados - CAGED (relativo ao último mês); Plano de Qualificação Empresarial; e Relatório de ações de mercado de interesse da empresa.