A rua Fernandes Vieira, no bairro Bom Fim, ganhou, recentemente, novos negócios que estão aquecendo o comércio local do bairro. Empreendendo na região desde 2015, Daniela Pessuti, sócia da Fome de Bolo, comemora a ocupação de pontos comerciais. Desde julho, a loja logo ao lado da bolaria foi alugada pelo espaço criativo e armarinho Mãnus.
"Esse ponto ficou fechado por uns três anos. É muito ruim ter esses espaços descoupados porque ficamos com menos pessoas circulando, e acaba que a rua fica abandonada. Então, essa ocupação dos vizinhos, que agora começou a reaquecer aqui na nossa região, é muito importante porque traz clientes para a gente também", comemora.
O Mãnus chegou ao bairro vindo de Dom Pedrito e é comandado por mãe e filha. Com a proposta de reunir no mesmo espaço um armarinho, para venda de aviamentos, e um espaço criativo para oficinas de artes manuais, o negócio atribui ao ponto os bons resultados que vem colhendo no pouco tempo em que está com as portas abertas.
"Trazer para Porto Alegre foi um frio na barriga. Os custos são mais altos, mas a proporção de público também. Foi bastante tempo procurando o endereço ideal, mas a rua Fernandes Vieira sempre me chamou muito atenção porque vejo o Bom Fim como uma cidade pequena. As pessoas se conhecem, se cuidam. O bairro nos acolheu muito e a aceitação foi bem maior que imaginávamos", afirma Érica Arrué Dias, sócia da mãe, Lorena, na empresa.
Érica conta que o contato com outras empreendedoras da rua foi fundamental para entender o comportamento da região. "É interessante que são negócios femininos nesse pedaço da quadra, negócios que tendem a se acolher, se ajudar. Recebemos bastante ajuda, até para definir o horário de funcionamento, por exemplo. A rua estava precisando de uma movimentada, tinham muitos imóveis para alugar, então o pessoal fica bem feliz com novos negócios abrindo, trazendo movimento para a quadra", acredita Érica.
No ambiente, há lãs naturais e acrílicas, linhas, agulhas, botões, tecidos nacionais e importados, além de um local dedicado à oficinas de diversas técnicas, como tricô, crochê e bordado. "O espaço manual fica no térreo, junto com a loja, para ter essa mistura entre produto e movimento. No mezanino, temos aula de costura, modelagem e patchwork, tudo que precisa mais maquinário", descreve Érica, revelando que há peças importantes para a conexão dela com o fazer manual.
"Uma das máquinas da sala de costura é a da minha avó. Acredito que retorno da valorização do trabalho manual passa por valorizar o saber das nossas antepassadas. Minha mãe é de uma geração que deixou isso de lado, que precisou provar que podia sair para a rua para trabalhar, e foi nesse momento que o manual se tornou uma coisa doméstica. É muito legal ver minha mãe se conectando com o manual, refazendo esse laço com o passado, valorizando o que as nossas antepassadas faziam que, por muito tempo, não foi tão valorizado. Tocar o negócio com a minha mãe é, justamente, valorizar o saber familiar feminino", acredita Érica.
Além do Mãnus, outra novidade chega para somar à retomada da rua. O Di Toni Pasta i Basta deixou o ponto no Centro Histórico e migrou para o bairro Bom Fim. Operando por delivery, o espaço, que é especializado em massas italianas, ficou fechado por dois meses antes de anunciar o novo ponto na Fernandes. Daniela considera que, para a Fome de Bolo, é interessante ter negócios de todos os ramos no entorno.
"É muito legal ter negócios de ramos diferentes, mas que acabam tendo o mesmo público, o que movimenta o comércio local e dá mais motivos para as pessoas passarem pela rua ao invés de ir para um shopping", destaca.
Seis anos no ponto
A Fome de Bolo comemorou, neste mês, seis anos na rua Fernandes Vieira. Durante a pandemia, o negócio expandiu e deu vida ao projeto de sua segunda unidade, desta vez na avenida Anita Garibaldi, n° 2099. "Com o Pronampe, conseguimos abrir a segunda loja. Já tínhamos atrasado o plano de abrir, mas com o dinheiro liberado conseguimos concretizar em abril deste ano. Estamos concentrando lá a nossa produção, porque é um espaço maior", conta Daniela.
Mais uma novidade
A Di Toni, especializada em massas italianas, abriu as portas nesta semana, em soft opening. No entanto, mesmo antes da inauguração, segundo Marcus Costa, 28 anos, sócio fundador do restaurante, o negócio já foi bem recebido pelos moradores da região. "Estamos tendo uma receptividade muito boa, mesmo com as obras, os vizinhos já se mostraram muito empolgados com a nossa chegada, muitos já conheciam, e outros estão bem entusiasmados pelo conceito, porque é uma coisa barata. Nossos pratos variam de R$ 20,00 a R$ 32,00, com uma proposta bem artesanal, descolada", conta o empreendedor.