A Páscoa é uma das datas mais quentes para quem trabalha com doces. No entanto, é preciso ter criatividade para se sobressair em um mercado onde não param de surgir novos negócios e produtos diferentes.

Empreendedoras apostam em doces diferentes e artesanais para a páscoa


A Páscoa é uma das datas mais quentes para quem trabalha com doces. No entanto, é preciso ter criatividade para se sobressair em um mercado onde não param de surgir novos negócios e produtos diferentes.

Do ponto de vista econômico, em meio à crise, a pandemia do novo coronavírus foi o momento de não deixar oportunidades passarem batido. A moradora de Pelotas, Ana Cláudia Garcez, de 42 anos, sabe bem disso. Atingida pelas restrições sanitárias, que diminuíram consideravelmente as aulas particulares que complementavam sua renda, a professora de inglês precisou se reinventar. E foi contando com o apoio da filha, Manuella, de 19 anos, que, em plena capital nacional do doce, ela criou a Doces da Aninha (@docesdaaninhapel), marca que leva o apelido pelo qual prefere ser chamada e é conhecida por todos. "Um dia, minha filha me pediu para fazer uma torta banoffe e eu disse 'o que é isso?' e ela me explicou que era uma torta de banana e doce de leite. Eu fui pesquisar e acabei fazendo a torta, com a minha própria base para massa. Mas como éramos só nós duas em casa, acabei compartilhando com os vizinhos e todo mundo adorou", relembra.
Do ponto de vista econômico, em meio à crise, a pandemia do novo coronavírus foi o momento de não deixar oportunidades passarem batido. A moradora de Pelotas, Ana Cláudia Garcez, de 42 anos, sabe bem disso. Atingida pelas restrições sanitárias, que diminuíram consideravelmente as aulas particulares que complementavam sua renda, a professora de inglês precisou se reinventar. E foi contando com o apoio da filha, Manuella, de 19 anos, que, em plena capital nacional do doce, ela criou a Doces da Aninha (@docesdaaninhapel), marca que leva o apelido pelo qual prefere ser chamada e é conhecida por todos. "Um dia, minha filha me pediu para fazer uma torta banoffe e eu disse 'o que é isso?' e ela me explicou que era uma torta de banana e doce de leite. Eu fui pesquisar e acabei fazendo a torta, com a minha própria base para massa. Mas como éramos só nós duas em casa, acabei compartilhando com os vizinhos e todo mundo adorou", relembra.
A partir daí e dos pedidos de conhecidos e amigos para que ela fizesse mais da receita, em junho de 2020, Aninha decidiu produzir a torta para vender. A iniciativa, no entanto, fugiu do comum. Atenta à impossibilidade das pessoas de se aglomerarem para partilhar refeições e ao menor poder aquisitivo que atingia seus potenciais clientes, ela adaptou sua oferta. As banoffes eram vendidas em fatias, com um preço mais acessível. Deu certo e empolgou a empreendedora. "Em um final de semana, eu vendia em torno de oitenta fatias. Foi, então, que eu criei tudo. Criei a conta no Instagram, logo, nome da marca e comecei a divulgar. Meus amigos começaram a seguir, compartilhar, eu mandei cortesias para algumas pessoas, que ajudaram na divulgação. E uma coisa importante é que, no início, eu não associei a marca à professora Aninha, porque eu não queria que me procurassem por ser a professora vendendo", revela.
Com o tempo, a torta banoffe seguiu sendo o carro-chefe, mas deixou de ser o único produto. Vieram tortas de limão e maracujá, brigadeiros, bolos de pote, mousse e bolos de aniversário, todos demandados pelos clientes que surgiam. Aninha conta que, quando percebeu, já estava recebendo encomendas de pessoas que não conhecia. Atualmente, as fatias de banoffe já saíram de linha. A torta inteira continua no catálogo, com mais uma série de produtos que se dividem em vários sabores. E a empreendedora segue, sozinha, à frente do negócio, mesmo com a alta demanda. São dela, as responsabilidades que vão do marketing à produção, passando pelo atendimento e pelo controle de qualidade, que ela frisa existir para garantir que os clientes tenham sempre uma boa e uniforme experiência de consumo em termos de tamanhos e quantidades.
A sobrecarga de tarefas em seu empreendimento e a agenda cheia de encomendas - ela já possui pedidos para janeiro de 2022 - não são motivo de lamentações. Pelo contrário, deixam-a mais entusiasmada para crescer no ramo, observar o mercado e aproveitar as oportunidades que seguem aparecendo. A Páscoa, que já está logo ali, em 4 de abril, é uma delas. "Muitas pessoas me perguntam se eu vou fazer ovo de colher, mas não, para isso eu teria que ser uma expert no assunto. Não vou fazer nada em cima do laço, até porque a minha agenda está lotada. Um dos últimos bolos que eu lancei, o Chocolatudo, está com as encomendas já fechadas para essa páscoa, minha capacidade de produzir já esgotou. Além disso, vou investir nas embalagens com brigadeiros para as pessoas darem de presente, pois é algo com preço acessível neste momento, e na banoffe decorada para a ocasião, que é o nosso carro chefe", explica.
Os outros planos para o empreendimento, em longo prazo, vão além. Passam pela diversificação e pelo crescimento do negócio. Aninha já tem na manga, um novo produto para lançar, as slices cake ou bolos em fatia. Comuns em docerias, para serem consumidas no local, ela percebeu a oportunidade comercializar fatias separadamente a partir do surgimento das festas e comemorações em modelo drive-thru. Uma breve pesquisa, mostrou-lhe que essa variação do doce não era muito usual em sua cidade, mas tinha potencial. E assim, de novo produto em novo produto, a Doces da Aninha deve seguir crescendo, sempre com qualidade. " Eu me enxergo, depois que tudo isso passar (refere-se à pandemia), abrindo uma doceria, tendo um lugar bem legal. Eu vejo a Aninha, aposentada do magistério, sendo mais empreendedora, com um lugar fixo, para receber os clientes de forma bem aconchegante", projeta.

Confeiteira cria doces únicos e personalizados

Júlia Sant'Anna Pereira, de 24 anos, sempre foi uma criança criativa que gostava de imaginar. Agora, o hobby que ela tinha de criar acabou se tornando seu trabalho. A Sampe Bolos é uma confeitaria artística personalizada que produz cupcakes, biscoitos, pão de mel, pirulitos, brigadeiros, além de bolos naked e cremosos.
A empreendedora nunca gostou de bolos comuns de confeitaria, por isso decidiu criar os próprios. "Minha ideia é fazer do doce algo único. Os bolos que tem em confeitarias tradicionais levam pão de ló, algo que não gosto muito, então eu mesma faço a massa do bolo. Assim como prefiro fazer um brigadeiro do que usar os mousses de chocolate. Eu fui fazer os bolos para vender do jeito que eu gostava de comer. Os bolos personalizados vieram depois, muito por conta do meu filho, porque cada aniversário dele eu fazia um bolo diferente", relembra Julia.
A confeiteira, que faz doces inspirados em filmes, personagens famosos e em pessoas, no começo sentiu a resistência de alguns clientes antigos. "Eu tinha um cliente que não entendia os bolos personalizados, pensou que eu não ia mais fazer os bolos. O aniversário da avó dele estava chegando então perguntei o que ela gostava para fazer um bolo personalizado para ela. Ele disse que ela gostava de tricotar, então fiz um bolo com agulha e linha personalizado para ela." Os bolos da Sampe variam de tamanho e valor: o "Caseirinho" é um bolo para café da tarde que possui dez fatias e custa R$40,00, o mini-bolo, com oito fatias, R$100,00. O naked depende do tamanho, sendo que o PP custa R$90,00, com até 15 fatias, e o GG custa R$200,00 com até 75 fatias. Os cremosos também dependem do tamanho, sendo que o PP fica R$100,00 e o GG sai por R$200,00. Da mesma forma, os bolos de pasta americana possuem diferenças de acordo com o tamanho, onde o PP, custa $130,00 e o GG fica R$230,00.
Júlia não gosta de repetir, por isso faz os doces serem únicos. Para a empreendedora, personalizar os bolos é uma sensação indescritível. " A clientela também fica sem palavras, porque alguém lembrou dessa pessoa e eu pude traduzir aquilo em um doce. A pessoa acaba se sentindo muito especial, então pra mim acaba que não custa nada, já que no final vou deixar a clientela feliz", comemora. As encomendas devem ser feitas com no mínimo 5 dias antes da entrega, e os pedidos podem ser feitos pelo número (51) 99335-2429

Empreendedora aposta em base de brownie

Uma das datas mais fortes para empreendedores que têm no doce seu carro-chefe, a Páscoa exige criatividade para se destacar em meio às crescentes ofertas da produção artesanal e a concorrência do mercado tradicional. Foi pensando nisso que, na hora de escolher o que produziria para a data, Eduarda Oliveira apostou no brownie, item que dá nome ao seu negócio, para substituir o chocolate nos ovos de Páscoa. Assim, nasceram os ovos de colher da Du Brownie, que têm recheios como doce de leite e paçoca, Nutella e Oreo - todos com a base de brownie.
A produção dos doces entrou na vida de Eduarda de forma despretensiosa, enquanto cursava Jornalismo. Durante uma viagem para o Rio de Janeiro, em 2015, provou pela primeira vez o quitute e se apaixonou. Na volta para casa, tentou reproduzir a receita que, mais tarde, viraria o seu negócio.
Com a necessidade de uma renda extra em um momento de dificuldade, Eduarda enxergou na receita uma possibilidade. "Bati o carro e precisava pagar os reparos. Ganhava R$ 300,00. Resolvi tentar fazer os brownies para vender na faculdade", lembra. A ajuda de uma amiga foi fundamental para que ela ampliasse o número de vendas e conseguisse consolidar o projeto como fonte de renda.
"Uma amiga que estudava Direito na Pucrs, me ajudou a começar a vender lá, porque o prédio tinha nove andares e muita gente. Fomos batendo de porta em porta. Às vezes, entrava em uma sala que tinha cinco pessoas e, se uma comprava, todas compravam. Outras vezes, entrava em uma sala com 40 pessoas e ninguém comprava. Então, aprendi que tinha que entrar em todas, porque a gente precisa mesmo é de uma pessoa que dê esse pontapé inicial para as outras comprarem, experimentarem. Levo para a vida como ensinamento, de como é importante a ação de uma pessoa apoiar o teu negócio", acredita a empreendedora.
Mesmo depois de formada e atuando no Jornalismo, ela nunca deixou a Du Brownie de lado. "Sou jornalista, minha aposta ainda é nessa carreira. Mas as pessoas no trabalho e na faculdade gostavam muito. Fiquei conhecida como a moça do brownie. Como não consegui parar de fazer porque as pessoas gostavam muito, resolvi me dedicar e fazer disso meu negócio paralelo. Não desisti da carreira de jornalista, mas tenho muito orgulho de ter criado a Du Brownie", conta.
Há três anos, durante a Páscoa, ela produz os ovos de colher com base de brownie. A ideia surgiu como uma alternativa para inserir seu produto principal, o brownie, em um novo item especial para a data.
"Queria criar um produto que tivesse um diferencial, não fosse só um ovo de Páscoa. A receita deu super certo e as pessoas gostaram muito", revela a empreendedora, que produz ovos nos sabores Nutella com leite Ninho e Kinder, Oreo, Ouro Branco, morango, M&Ms e doce de leite com paçoca.
Os sabores são os mesmos dos brownies vendidos por Eduarda, com o objetivo de fidelizar a compra após a data. "Tento me ater aos sabores que já faço para que as pessoas tenham uma referência tanto na Páscoa quanto depois. Se comprou um ovo, ela sabe que depois encontra esse sabor no brownie", pontua. Os ovos da Du Brownie pesam mais de 1kg e custam de R$ 70,00 a R$ 85,00.
Moradora de Alvorada, na Região Metropolitana, Eduarda conta que seu público está majoritariamente em Porto Alegre. Por isso, durante a pandemia, ela faz entregas todas as sextas-feiras na Capital.
Apesar de produzir uma quantidade extra que fica disponível à pronta-entrega, os brownies devem ser encomendados antecipadamente pelo Instagram (@du.brownie), onde também estão disponíveis bolos feitos à base de brownie.
A comunicação nas redes sociais foi fundamental para manter a proximidade com o público durante esse período. Para ela, essa é uma das vantagens de ser uma marca pequena. "Nesse momento, as pessoas se identificam com o outro lado. Amo ser uma marca pequena e poder ter essa proximidade com os clientes. Tenho clientes muito fiéis e me orgulha muito saber que as pessoas gostam do meu trabalho", revela.
Com uma trajetória no empreendedorismo que nasceu a partir da necessidade de fazer uma renda extra, Eduarda acredita que os seis anos que está à frente da Du Brownie foram fundamentais para que ela conseguisse realizar suas metas. "Me orgulho muito do que criei, porque fiz com muito carinho e muito amor. É uma marca, um sonho que existe e que me ajudou a conquistar tantos feitos", orgulha-se a doceira e jornalista.

Recheio de pudim vira tendência na Capital

A produção de doces sempre foi para Gabrielle Coelho, 30 anos, uma alternativa de renda extra. Há pouco mais de um mês, ela retomou as produções para a Páscoa com um objetivo: juntar dinheiro para a compra de sua casa. Foi nesse contexto que ela criou o ovo de colher recheado de pudim, como uma alternativa aos sabores mais tradicionais da Páscoa. Os itens são vendidos pelo Instagram @gcoelho910.
Conciliando a atividade com o emprego em uma empresa de tubos de papel, Gabrielle conta que começou a fazer doces em 2018 por incentivo de uma amiga. “Estava desempregada e ela me deu a ideia de começar a fazer trufas. Me levou no Mercado Público, onde compramos os ingredientes, e me ensinou a fazer”, lembra. Os ovos são produzidos em três tamanhos. O de 150g custa R$ 25,90, o de 250g, R$ 35,90 e o de 300g, que vai em uma lata com duas trufas, custa R$ 49,90.
Outra empreendedora que apostou no ovo de pudim foi Jéssica Maciel, 29, que, com o marido Everton Luan da Silva, criou a Aprecie Pudins. A ideia do produto de Páscoa veio através de uma pesquisa pelo Instagram. Foi lá que Jéssica viu a ideia de levar, para dentro do ovo, a receita. A partir daí, foram diversos testes até chegar no produto final. “Compramos até um curso, mas não era igual ao nosso sabor. Resolvemos adaptar e fazer diferente, com o pudim feito no forno mesmo, e não só um creme na casca de chocolate”, explica. Ela recebe as encomendas pelo Instagram (@apreciepudins) ou pelo WhastApp (51-983184564). O ovo de pudim tem 520g, custa R$ 70,00 e é entregue em Porto Alegre e Região Metropolitana.