Empreendedores abrem e moldam seus negócios com o olhar voltado para novidades ao redor do mundo

Negócios gaúchos buscam referências em pratos típicos de outros países


Empreendedores abrem e moldam seus negócios com o olhar voltado para novidades ao redor do mundo

A gastronomia é uma maneira de experimentar diferentes culturas sem sair da própria cidade. Comida italiana, coreana, árabe, japonesa, alemã: empreendedores e empreendedoras buscam em pratos típicos de outros países a inspiração e o diferencial para os seus negócios. Foi nos Estados Unidos, mais precisamente na cidade de Chicago, que Gustavo Ervalho, 42 anos, encontrou uma iguaria para transformar em negócio. Bordas altas, massa fina, ingredientes cobertos pelo molho e afundados em mais de meio quilo de queijo. Assim é a deep dish, ou pizza de prato fundo, tradicional de Chicago, que, agora, é vendida em Porto Alegre na Lake Michigan. A operação, que iniciou há pouco mais de um mês, é comandada por Gustavo, sócio do Trianon, tradicional espaço de baurus que funciona desde 1962 na capital gaúcha.
A gastronomia é uma maneira de experimentar diferentes culturas sem sair da própria cidade. Comida italiana, coreana, árabe, japonesa, alemã: empreendedores e empreendedoras buscam em pratos típicos de outros países a inspiração e o diferencial para os seus negócios. Foi nos Estados Unidos, mais precisamente na cidade de Chicago, que Gustavo Ervalho, 42 anos, encontrou uma iguaria para transformar em negócio. Bordas altas, massa fina, ingredientes cobertos pelo molho e afundados em mais de meio quilo de queijo. Assim é a deep dish, ou pizza de prato fundo, tradicional de Chicago, que, agora, é vendida em Porto Alegre na Lake Michigan. A operação, que iniciou há pouco mais de um mês, é comandada por Gustavo, sócio do Trianon, tradicional espaço de baurus que funciona desde 1962 na capital gaúcha.
O empreendedor conheceu a iguaria em uma viagem até a cidade norte-americana e ficou surpreso em como era diferente das pizzas mais comuns no Brasil. "Em uma viagem que fiz em 2017, me indicaram uma pizzaria local, e achei o produto maravilhoso, completamente diferente do que existe no mercado. Ela é muito típica da região de Chigago. Até nos Estados Unidos não é muito difundida. Para eles, é uma coisa bem tradicional, como se fosse o chimarrão, um xis para o gaúcho", contextualiza. Como não conhecia uma operação similar em Porto Alegre, Gustavo resolveu apostar no produto como uma novidade em meio à pandemia e lançou a Lake Michigan Pizza em novembro. "Enquanto tem muita gente fechando, eu tinha duas situações: ou reclamar da pandemia ou tentar ir para frente, lançar um produto novo e encarar o desafio", afirma.
Operando somente por delivery, as pizzas são vendidas em dois tamanhos: 20cm, que serve de duas a três pessoas, e a de 30cm, indicada para até cinco pessoas. A pequena custa R$ 59,00 e a grande, R$ 89,00. Segundo Gustavo, o sabor mais popular foi criado por ele e se chama, justamente, Chicago. "Vai pepperoni, calabresa, bacon, pimentão. É a que está tendo mais aceitação", garante. Outra criação da Lake Michigan foram as pizzas doces no formato prato fundo. "A pizza doce é uma adaptação, uma tropicalização, porque não tem desse estilo nos Estados Unidos. A que mais vende é chocolate branco e stikadinho, no tamanho pequeno", afirma Gustavo, que explica que a pizza leva mais de 30 minutos para ser assada, em função da altura do produto, que passa dos 4cm.
Sócio do Trianon, Gustavo conta que a sua experiência com delivery é de 23 anos, já que foi responsável pela implementação da modalidade no restaurante em 1997. Essa expertise foi fundamental para criar o projeto da Lake Michigan, que, hoje, funciona dentro da operação de tele-entrega do Trianon, na avenida Protásio Alves, n°978.
Esse aproveitamento de estrutura teve reflexo no montante investido. "Não foi um valor muito expressivo, porque já tinha um espaço físico, uma equipe de entrega, um software que me atende, então investi em torno de R$ 50 mil", explica. Apesar de conhecer o mercado de delivery, o desafio, garante, é trabalhar com um produto ainda desconhecido pela clientela. "O lado bom é que ninguém conhece, e o lado ruim é que ninguém conhece", pondera Gustavo.
A operação atende um raio de 4km no entorno do ponto do bairro Rio Branco. Expandir para outras regiões por meio do delivery não está nos planos do empreendedor, que deseja, em 2021, canalizar esforços para abrir uma unidade física. "Vamos manter só essa loja de delivery, mas o plano para o ano que vem é ter um restaurante físico mesmo ou em praça de alimentação em shopping", revela.

Restaurante japonês investe em carrinho de saquê e pratos tradicionais

Na serra gaúcha, não faltam restaurantes que oferecem comidas típicas italianas e alemãs. Percebendo as poucas opções de culinária asiática na região, Marlon Schimitz, 27 anos, abriu, em dezembro, o Naro, restaurante de comida oriental em Gramado. 
Trabalhar com gastronomia faz parte da vida do empreendedor. Há mais de 15 anos, sua família se dedica a operações de buffet em Gramado e em Canela. A pandemia e as consequentes restrições ao modelo de negócio fizeram com que Marlon estruturasse o projeto. "Sempre trabalhamos com buffet. Com a pandemia, ficamos parados, sem poder atender self-service. Notamos que, em Gramado, caberia algum restaurante com uma pegada diferente, e comida japonesa foi a primeira ideia que tivemos", contextualiza Marlon, que encontrou o sócio para a empreitada no seu restaurante japonês preferido da cidade. "Fizemos uma parceria com o sushi que somos clientes, do chef Jonas Roso, um dos melhores da região na gastronomia japonesa", explica. 
Com a ajuda do irmão, João Victor dos Santos, que também integra a operação, eles viajaram a São Paulo para buscar referências e trazer novidades para a Serra. Foi nessa pesquisa de mercado que surgiu uma das apostas da operação: o carrinho de saquê, bebida alcoólica fermentada tradicional do Japão. Marlon conta que, na capital paulista, bebe-se muito mais saquê que na Região Sul. Pensando em trazer essa cultura para cá, os sócios inseriram na operação um carrinho da bebida que circula pelo espaço. "Trouxemos saquês importados direto do Japão. Passamos o carrinho nas mesas e apresentamos um pouco da bebida, oferecendo uma degustação. Em São Paulo, qualquer lugar tem uma carta enorme de saquê e aqui não é tão comum. Sou apreciador da bebida, então quis trazer essa ideia para cá. Fizemos curso para entender mais e tentamos passar essa cultura, tanto servindo só o saquê quanto nos drinks", afirma Marlon. 
Outra aposta dos empreendedores foram pratos menos convencionais de comida asiática como as robatas, uma espécie de espetinho oriental grelhado. O empreendedor afirma que, em breve, novas opções quentes devem reforçar essa proposta. "Teremos missoshiro, carnes grelhadas e lámen, que é difícil encontrar aqui no Sul", afirma. No primeiro mês de operação, a preferência da clientela foi a sequência da casa, que custa R$ 148,00 por pessoa e conta com entradas quentes, frias e as especialidades do chef. 
O espaço, que fica na rua Senador Salgado Filho, n° 190, no centro de Gramado, teve investimento de mais de R$ 1 milhão, montante que os sócios estimam recuperar em um ano e meio de operação. Abrindo todos os dias no almoço e no jantar, Marlon explica que o horário de funcionamento foi um dos principais desafios trazidos pela pandemia. "Foi complicado pela restrição de horários, tínhamos que mandar os clientes embora. Colocamos na fachada o ano de 2020 como uma marca para que todos saibam que abrimos na pandemia", orgulha-se. 

Delivery de Porto Alegre aposta em chá típico de Taiwan

O bubble tea (um chá com bolinhas comestíveis), que surgiu em Taichung, Taiwan, na década de 1980, virou uma das atrações do Taipei Poa, um delivery e takeaway asiático que funciona em Porto Alegre. A ideia de oferecer a novidade foi sugerida por Rodrigo Prates, 22 anos, sócio do local.
Sua namorada, Tamy Lin, 22, que é parceira no empreendimento, apoiou a sugestão. "Conheci o chá em São Paulo e, quando fui para Taiwan, fiquei admirada com o quanto fazia parte da rotina do pessoal de lá. Nós dois sentíamos muita falta da bebida aqui, já que ninguém vendia, então achamos que seria uma boa ideia fazermos e começar a vender", diz Tamy.
O Chá de Pérolas do Taipei Poa é composto por leite (geralmente vegetal) e bolinhas de tapioca, que são chamadas de bobá ou pobá. "Por enquanto, temos as opções mais tradicionais (matcha e chá preto), e adicionamos café, por ser o queridinho dos brasileiros, mas existe uma variação enorme de sabores e toppings que vamos estudar para acrescentar ao cardápio de acordo com a procura", pontua Tamy.
Os sabores chá preto, matcha (um tipo de chá verde) e café custam R$ 16,50 no delivery e R$ 14,50 no takeaway, que fica na Travessa Ouvidor, nº 128, no bairro Santo Antônio. O combo com dois bubble teas sai por R$ 30,00 no delivery e R$28,00 no takeaway.
Além de Tamy e Rodrigo, o Taipei Poa é administrado pelo irmão de Tamy, Thiawei Lin, 30, e sua esposa, Karine Lin, 34. A culinária asiática sempre esteve presente na vida dos irmãos Tamy e Thiawei. Seus avôs eram proprietários de duas lancheiras no centro de Porto Alegre nos anos 1970 e 1980, a Hong Kong e o Taipei. Nos anos 1990, instalaram no Shopping Novo Hamburgo o restaurante Hong Kong. A mãe dos irmãos é descendente de japoneses e o pai é nascido em Taiwan, e eles sempre fizeram questão de manter a tradição das refeições típicas em casa.
Ao perderem o emprego em 2020, Tamy e Thiawei decidiram usar o conhecimento culinário passado pelos pais para conseguir uma fonte de renda. O investimento inicial de R$ 5 mil foi utilizado para equipar duas cozinhas com um fogão industrial, duas geladeiras, um filtro de água elétrico, embalagens e insumos.
Atualmente, o Taipei Poa vende yakisoba, rolinhos primavera e o bubble tea. "Estamos bem contentes com a aceitação e procura pelo bubble tea", celebra Tamy. Eles também querem expandir o cardápio para outros itens da culinária asiática. Por enquanto, só atuam em algumas áreas de Porto Alegre por conta do iFood, mas estão estudando fazer entregas em toda a cidade e na Região Metropolitana.