Com a preocupação coletiva sobre a disseminação da Covid-19, procedimentos estéticos sofreram baixas no início da pandemia. Porém, aos poucos, a agenda de profissionais da área voltou a ficar lotada. Responsável por desenhar e dar expressão ao rosto, a sobrancelha é, para muitas mulheres, um canal importante da autoestima.
Foi isso que a empreendedora Bruna Zanatta, 33, percebeu. A especialista em realizar procedimentos de despigmentação de sobrancelhas e CEO do salão Maison 31, em Porto Alegre, viu um aumento expressivo de marcações na agenda mesmo durante o surto da doença. Atualmente, ela também viaja para Campinas e São Paulo para realizar atendimentos.
A alta na demanda no período, na opinião de Bruna, é resultado de alguns fatores. "Agora, com o uso das máscaras, o olhar está mais evidente. Então, quem já estava insatisfeita com suas sobrancelhas passou a não suportar mais", indica.
Bruna conta que, hoje em dia, realiza de 20 a 30 procedimentos diariamente em clientes das mais diversas classes sociais, somando cerca de 3 mil atendimentos. "É da desembargadora de justiça até o motoboy. Todo mundo quer se sentir bem", aponta.
Com sessões que podem durar apenas dois minutos, a empreendedora aprofundou-se na remoção da pigmentação e depois na laser terapia, que ajuda no processo de cicatrização, reduzindo o intervalo das sessões de 30 para, no mínimo, 15 dias. "Fiz o curso em Portugal e, depois, retornei ao Brasil para o lançamento em primeira mão da ti.laser, um laser de baixa potência que auxilia e acelera o processo de cicatrização, reduzindo o intervalo das sessões", explica.
Ela vê o desenvolvimento da tecnologia como um grande aliado da área da estética, além das redes sociais, que impulsionam a divulgação do trabalho e influenciam mais pessoas a ajustarem procedimentos que deram errado no passado. Por isso, orgulha-se em dizer que blogueiras e artistas fazem parte de sua clientela. "A cor do pigmento vai mudado, as tendências vão mudando", explica. Cada sessão varia de R$ 300,00 a R$ 350,00, dependendo de como a micropigmentação da sobrancelha estiver.
Busca por transformação de imagem em alta
Durante a quarentena, as reuniões passaram a ser, em sua maioria, virtuais. Com a possibilidade de ver a própria imagem nas telas do computador e do celular repetidas vezes, algumas pessoas notaram trejeitos na fala, expressão e postura e buscaram, assim, um aperfeiçoamento. Foi isso que a cirurgiã-dentista e visagista Michelle Manfroi notou durante o período. Realizando sete a oito consultorias de visagismo por mês antes da Covid-19, ela viu a procura saltar para 15 a 20.
Mas o que é, afinal, o visagismo? Michelle explica: "É sobre como tirar melhor proveito dos teus potenciais e traduzir isso em linguagem visual, aplicada ao teu rosto e corpo. Visagismo é entender quem tu és, o que a tua imagem diz e fazer a conexão entre os dois", detalha. Formada em Odontologia e especializada em Moda em Milão, na Itália, ela aposta na técnica de visagismo ortofacial, que consiste em fazer uma análise facial do que o rosto do cliente transmite e sugerir mudanças estéticas para transformar no que gostaria de transmitir.
Atualmente, Michelle desenvolve guias para profissionais com técnicas que vão desde corte de cabelo até aplicação de botox e harmonização facial. "Realizo uma conversa profunda, entendo os gostos pessoais, propósito de vida. Faço uma análise facial, das linhas e das formas. Assim, a pessoa começa a entender se ela é reativa, emocional, racional e, depois, conduzo ela ao que deseja. Se ela quer passar mais credibilidade num novo emprego, por exemplo", explica.
Há pacotes de consultoria voltadas a diferentes áreas, como o cabelo, o sorriso, a face e o corpo como um todo, em que a especialista acompanha o processo de transformação completo. Segundo Michelle, outro fator que impulsionou o negócio durante a pandemia foi a naturalização de atividades online, que eram vistas com receio pelas clientes. "Antes, consultoria online era apenas fora do Brasil. A pandemia alimentou o encorajamento para conhecer o serviço", pontua.
Dentista realiza acompanhamento virtual de pacientes
Quem faz procedimentos ortodônticos para melhorar o aspecto do sorriso sabe que o acompanhamento com dentistas deve ser constante. Porém, as visitas presenciais aos consultórios não precisam mais ser rigorosamente mensais. É isso que afirma a cirurgiã-dentista Juliana Mileski, 43 anos, que teve de se adaptar durante a pandemia para continuar os tratamentos com os pacientes. Realizando consultas virtuais e monitoramento via aplicativos de celular, ela conseguiu otimizar o serviço prestado.
A especialista trabalha com a Invisalign, uma marca de alinhador dental. Com essa técnica, o paciente recebe vários alinhadores em casa, cada um correspondente a uma semana do tratamento. Assim, por meio de fotos, vídeos e informações fornecidas pela pessoa, a dentista consegue acompanhar a evolução do tratamento a distância. "Essa tecnologia já existia, mas acabou se aperfeiçoando. Com o isolamento, conseguimos colocar em prática. Mesmo que termine a pandemia, muitos pacientes vão conseguir continuar o virtual", aponta.
Ela destaca, porém, que a modalidade tem desafios. "Todo o fluxo online leva um tempo para saber manusear", diz. A confiança do paciente também é algo determinante e pode ser prejudicada pela falta do olho no olho.
"Aplico questionários e tive de readequar a minha ficha para que eu consiga extrair do paciente todas as informações que preciso. Tem que prestar mais atenção às respostas", comenta, sobre as consultas mediadas por telas.
Além dos alinhamentos dentais, tratamentos contra bruxismo podem ser feitos a distância com aplicativos próprios para isso, disponíveis nos principais sistemas. Juliana destaca que, na Europa, existe um mini scanner em fase de testes, que é enviado à casa do paciente e ele mesmo pode enviar imagens da sua arcada dentária. É a tecnologia em benefício da saúde de todos.
