Quem atua no setor percebeu aumento de demanda por itens que demonstrassem afeto a quem estava longe

Presentes foram ressignificados no ano de 2020


Quem atua no setor percebeu aumento de demanda por itens que demonstrassem afeto a quem estava longe

Depois de um ano de muita ansiedade causada pela pandemia do coronavírus, o ato de presentear ganhou outro sentido. Com a proximidade do Natal, os empreendedores e empreendedoras precisam ter isso em mente na hora de planejar suas estratégias. 
Depois de um ano de muita ansiedade causada pela pandemia do coronavírus, o ato de presentear ganhou outro sentido. Com a proximidade do Natal, os empreendedores e empreendedoras precisam ter isso em mente na hora de planejar suas estratégias. 
Faltando menos de um mês para a data, João Finamor, professor de Marketing da ESPM-Sul, alerta que as marcas devem traçar suas metas com urgência. O especialista destaca, ainda, que antes do Natal, há uma outra data importante para o varejo e o segmento de presentes: a Black Friday. No entanto, ele pondera que os objetivos de cada uma delas é diferente. "A Black Friday é uma ação muito de eliminar o estoque, de saldão, mas efetivamente o Natal, para o varejo, é fundamental para lucro. Enquanto a Black Friday é muito para escoamento, temos no Natal uma data mais relevante", pontua João, que acredita que, neste ano, o desejo de presentear pode ser ainda maior. "As pessoas vão querer presentear, talvez até mais, por tudo que passaram. A diferença é o novo formato de compra. As empresas que ainda não passaram totalmente pela sua transformação digital tem que ver como elas vão proporcionar essa nova experiência de compra", ressalta.
O especialista alerta que os empreendedores devem apostar na essência do Natal na hora de traçarem suas estratégias para atrair clientes. "Natal é uma das datas mais empáticas, tem muita emoção. E, nesse ano, a grande questão é essa: trazer emoção, uma história, entender como vai te conectar com as pessoas. Todo mundo ficou triste. Então, podemos usar isso a favor de uma forma legal, levando alegria para as pessoas ao presentear", aconselha João.
Proprietária de uma loja especializada em presentes personalizados desde 2014, a PresentearPoa, Sabrina Rolim sentiu na rotina de seu negócio as transformações apontadas por João. Ela conta que a demanda não diminuiu durante a pandemia e que o negócio ajudou as pessoas a ficarem mais próximas, mesmo a distância. "Somos o elo de ligação de quem está longe, do idoso que não pode ver o filho porque está confinado em casa. Trabalhamos muito as emoções aqui. O trabalho da Presentear é pegar o melhor de cada um, transformar em presente e entregar para o outro", afirma Sabrina. Segundo ela, os últimos meses foram de mudança na forma de escolher um presente. "Todo mundo aprendeu a ressignifcar o presente nesse período. O espumante caro, o bombom, nada disso está valendo. O que vale agora é a intenção de lembrar da pessoa", afirma.

Loja cresceu 14% com itens para a casa

Roberto Geraldi Basso, 38 anos, é dono de uma das lojas destino para quem busca presentes em Porto Alegre. Com duas unidades próprias e cinco franquias, a Zappim, que tem 10 anos de história, resistiu e inovou durante a pandemia do coronavírus. Lançou, inclusive, um e-commerce neste mês de novembro.
O empresário percebe, em seu dia a dia, que o ato de presentear acompanhou a tendência de valorizar as coisas simples. "Através do presente, pode-se estar próximo de quem se gosta", entende ele. A Zappim, diferentemente de vários outros negócios, registrou crescimento de 14% em 2020, quando comparado o período que pôde abrir a 2019.
"Houve um deslocamento de consumo, que passou do lazer para os artigos para a casa. E muita gente usou o auxílio do governo, de R$ 600,00, no comércio", interpreta.
Roberto sonhava em empreender desde cedo. Quando criança, acompanhava o negócio da família, no ramo do agronegócio, e customizava pequenos itens para vender aos amigos. Formou-se em Administração e morou no Canadá e na Inglaterra, onde trabalhou em diferentes lugares. Em uma das experiências, teve seu primeiro contato com o setor de bazar.
Após retornar ao Brasil, enxergou neste ramo um mercado em expansão. Aceitou o convite de um amigo para investir na loja que se tornaria a atual Zappim, em uma parceria que durou até 2016. Hoje, percebendo o crescente interesse do público por produtos para organização doméstica, expandirá a marca para toda a região Sul do Brasil.

Gerar experiências pode ser ainda mais marcante

Oferecer experiências em forma de presente foi o que motivou quatro amigos a lançaram a startup Be Present em agosto deste ano. "A pessoa pode enviar desde uma caipirinha, de R$ 19,00, pudim, reiki, uma live do DJ Lê Araújo, aula de guitarra com o Veco, do Nenhum de Nós, até um pocket show do Claus e Vanessa", detalha a administradora Manuela Magalhães, que toca a empreitada com o também administrador e publicitário Jonathan Tessaro, com a publicitária Camila Kern e com o especialista em Ciências da Computação Maurício Gonçalves Neto.
O cliente compra a experiência no site bepresent.com.br, cria um cartão virtual e envia por um link. O presenteado, em seguida, entra em contato com o estabelecimento fornecedor para agendar a entrega ou a utilização do item.
Começou em Porto Alegre, expandiu para São Paulo e a intenção é ter opções para o Brasil inteiro. E o mais curioso: o negócio é comandado por parte do grupo em Londres. Isso, inclusive, influenciou o modelo do projeto.
"Morando fora do Brasil por muitos anos, tenho dificuldade de enviar presentes para pessoas do meu País, seja por sites não aceitarem pagamento internacional ou por não haver uma plataforma específica para presentes. Isso era muito frustrante", reflete Manuela, na Inglaterra.
A filosofia da Be Present baseia-se na valorização do que é Feito no Brasil, para ajudar os pequenos e médios negócios. A pandemia, segundo ela, transformou o conceito de dar algo a alguém. "As pessoas perceberam a necessidade de se sentirem mais próximas umas das outras. E o presentear tornou-se o meio de aproximá-las. Tu podes falar com uma amiga que está se sentindo estressada e enviá-la uma aula de yoga virtual", exemplifica.
 

Startup gaúcha comercializa mensagens de celebridades

Empreendedores gaúchos criaram o aplicativo iDOL, que permite contratar mensagens personalizadas de ídolos e celebridades para presentear amigos e familiares. Os valores ficam entre R$ 10,00 e R$ 300,00, e parte do valor arrecadado é doado ao Hospital de Clínicas de Porto Alegre para o combate ao coronavírus.
O aplicativo conta com uma série de categorias para classificar os ídolos: artistas, atores, cantores, atletas, comediantes, bandas, escritores, influenciadores, entre outras. Algumas personalidades gaúchas já integram a novidade, como o comunicador Paulo Brito, o comediante Rogério Beretta e os cantores Nalanda e Tonho Crocco.
É doado 10% do valor, e os artistas determinam o tempo da mensagem em vídeo. Depois da pandemia, o aplicativo vai continuar destinando uma porcentagem da arrecadação a hospitais e organizações.
Para o sócio do iDOL Ricardo Lopes, de 41 anos, o app vem para tornar a vida das pessoas mais leves nesse momento e contribuir com o cenário artístico gaúcho e com o HCPA.
"Estamos vivendo um período de incertezas e muitos medos. Os artistas cancelaram seus shows, os hospitais têm alta demanda, as pessoas estão se sentindo sozinhas. Acreditamos que essa é uma forma simples de contribuir um pouco com a sociedade", pontua Ricardo.
À frente do projeto estão Ricardo e Letícia Luz, 43 anos. "Assim como é interessante contar com artistas já consagrados, tanto os clássicos como os novos, também queremos trazer para o app pessoas muito talentosas mas que não são conhecidas do grande público. Desta forma, damos a elas a oportunidade de mostrarem o seu talento no app, se divulgarem e conquistarem seus fãs."
O aplicativo foi lançado dia 6 de agosto em comemoração ao Dia dos Pais, mas ainda está passando por ajustes. O iDOL já conta com artistas regionais e, segundo Ricardo, a expectativa é de que até o fim do ano mais de 200 personalidades nacionais façam parte do app.