Evento promovido por empresa de software de gestão em São Paulo discutiu o futuro dos pequenos e médios negócios

O que 2020 reserva para as PMEs


Evento promovido por empresa de software de gestão em São Paulo discutiu o futuro dos pequenos e médios negócios

Prestar atenção às demandas de mercado é um dos segredos para ter uma empresa bem-sucedida. Segundo dados do Sebrae, no Brasil, existem 20 milhões de empreendimentos. Desses, 70% são pequenos negócios. Há, portanto, uma cadeia: quem fornece em um momento é consumidor em outro. Sendo assim, existe uma fatia enorme de soluções para as Pequenas e Médias Empresas (PMEs). 
Prestar atenção às demandas de mercado é um dos segredos para ter uma empresa bem-sucedida. Segundo dados do Sebrae, no Brasil, existem 20 milhões de empreendimentos. Desses, 70% são pequenos negócios. Há, portanto, uma cadeia: quem fornece em um momento é consumidor em outro. Sendo assim, existe uma fatia enorme de soluções para as Pequenas e Médias Empresas (PMEs). 
Marcelo Lombardo, CEO e fundador da Omie, companhia de software de gestão para pequenos empreendimentos, percebeu que, nesse cenário, existia o que ele define como um "gap de eficiência". Durante encontro promovido em São Paulo na última semana, Lombardo afirmou que o segmento de soluções para PMEs é gigantesco e, ainda, pouco assistido. Foi pensando nisso que criou, em 2013, a Omie. Na época, ele já trabalhava com o desenvolvimento de softwares de gestão, mas com foco em grandes indústrias. "Eram contas importantes, mas nossa vida era miserável, porque concorríamos com marcas de maior porte", lembra o CEO.
A atenção dele, então, voltou-se para um nicho pulsante. "Percebemos que tinha um movimento acontecendo. O governo estava baixando a régua da governança fiscal. Estávamos vendo, no horizonte, o fim da informalidade." A partir daí, a Omie apostou nos novos empreendedores que surgiam. Hoje, emite mais de R$ 5,3 bilhões em nota fiscal ao mês por meio da plataforma e são, aproximadamente, 85 mil usuários conectados todos os dias.
A maior dificuldade para consolidar o negócio foi mostrar a necessidade para gestores. "Temos 18,5 milhões de CNPJs e mais de 90% dessas empresas não têm um software de gestão. O pessoal me pergunta qual o nosso principal concorrente no mercado, e eu digo que é a Tilibra, fábrica de caderno, papel e caneta."
Para mostrar a importância do sistema, foi preciso entender de que maneira seria estabelecido o elo entre a startup e o cliente final. Verificou-se que os contadores eram os principais influenciadores. "Entendemos que o custo para o contador caía em 80%. Porque, até ali, ele era um cartório do século passado. De repente, todo trabalho manual foi substituído por uma integração digital, com nota fiscal, com muito menos chance de erro."
A startup notou que não tinha que escalar a venda de software, mas a confiança. Essa percepção foi o estopim para iniciar o processo de franchising da marca, que, agora, conta com quatro unidades próprias e 110 franquias no País. Com estrutura mínima de três pessoas, o investimento para se tornar um franqueado é em torno de R$ 70 mil.
A partir dessa experiência, Lombardo acredita que o desenvolvimento do mercado das PMEs é imprescindível para a economia do País. "A média de faturamento de uma PME no Brasil é de US$ 37 mil por ano. Nos Estados Unidos, a mesma empresa, com a mesma estrutura, fatura US$ 182 mil. A PME emprega 54% da mão de obra, porém, gera só 27% do nosso PIB. Se corrigirmos essa distorção, podemos nos transformar em primeiro mundo só em cima do empreendedor", prevê.

Como aproveitar as oportunidades da indústria 4.0

A quarta era da indústria tem como seus principais pilares a tecnologia para automação e para o controle de dados e informações. As pequenas e médias empresas fazem parte desse movimento e podem encontrar nele novas possibilidades. Esse foi o tema discutido por Fernando Seabra, em São Paulo.

O especialista em negócios, inovação e startups acredita que o crescimento do empreendedorismo não configura uma divisão entre velha e nova economia. "Não dá para falar que a Ford ou a Tesla fazem parte de uma velha economia. Existe uma nova forma de fazer negócio através de digitalização", pondera.

O mentor do programa da Band TV Planeta Startup destaca que, nesse contexto, as empresas devem ficar atentas para a experiência que oferecem para a clientela. "O foco, que antes era na indústria, vai para o serviço, para o atendimento." Sendo assim, estar presente em todas as plataformas é fundamental.

"Este momento da economia é o que chamo de era omnichannel, uma migração do relacionamento em todas as plataformas. Se isso não acontece, tem que estar no planejamento."

Outra mudança contemporânea importante, segundo o especialista, é a relação do cliente com o produto. Seabra acredita que a geração atual não está interessada em possuir, mas em ter acesso ao que deseja. Embora a Indústria 4.0 seja uma realidade, ele diz que ainda existem muitas empresas vivendo a segunda e a terceira fases. "Entre as grandes empresas, há 30% adotando iniciativas da Indústria 4.0, 25% pensando em implementar e 45% ainda nem pensaram. No cenário brasileiro, podemos falar que nem 10% de todas empresas sabem o que é isso."

Para os próximos anos, ele afirma que é preciso estar atento aos dispositivos móveis. "Existe uma expectativa que, até 2025, toda a população global tenha possibilidade de acesso. Os dispositivos não vão mais ser comprados. Muitas empresas vão doar, subsidiar, porque é através disso que quem está em casa vai comprar as suas coisas", expõe. Esse contexto, inclusive, vai injetar cerca de 5 bilhões de possíveis consumidores.

Como fica o empreendedorismo e o trabalho no Brasil

Daniel Quandt [Plataforma de Inovação Distrito] - "Não podemos ficar só falando de inteligência emocional, realidade do empreendedorismo, e esquecer dessas pessoas no meio desse tsunami de tecnologia." 
Marcelo Furtado [CEO da Convenia] - "A educação não foi construída para soft skills, mas para formar PIB. Se a nova mão de obra é a única preparada para inovação, não vai mais ter especialista no mundo. Sinceramente, não quero voar em um avião em que o piloto é um millennial despreparado, flexível e que não quer seguir carreira."
Amanda Gomes [Programa ELAS] - "Eu ampliaria os soft skills para uma educação emocional. Você perde dinheiro quando um talento vai embora porque emocionalmente ele não sabe lidar com o conflito de gerações, com não ter em um curto espaço de tempo aquilo que ele tem expectativa, com não saber de submeter a ordens."
Luiz Candreva [Hub/SP] - "O grande impulsionador da China é a mão de obra barata, quase escrava, em volume, que gera um monte de riqueza. Mas não enxergo a China como o país do futuro, porque cada vez a mão de obra tem menos valor. O país do futuro é o que tem energia barata, como a Estônia. Porque vai ser software, servidor e automação. Vamos migrar para um cenário que o ser humano tem um valor menor no modelo de trabalho."