Marcas se rendem à produção de histórias para conquistar consumidores e gerar vendas

Marketing de conteúdo é o tema da vez nos negócios


Marcas se rendem à produção de histórias para conquistar consumidores e gerar vendas

Conteúdo. Essa é uma das palavras mais usadas por empreendedores e empreendedoras que querem alavancar vendas atualmente. Graças às redes sociais e à internet como um todo, quem conta uma boa história convence mais.
Conteúdo. Essa é uma das palavras mais usadas por empreendedores e empreendedoras que querem alavancar vendas atualmente. Graças às redes sociais e à internet como um todo, quem conta uma boa história convence mais.
Mas isso deve ser feito de forma estratégica para que toque o coração de quem está do outro lado da tela. A norte-americana Ann Handley, que por dominar o assunto virou best-seller nos Estados Unidos, falou sobre o tema no RD Summit, evento promovido pela Resultados Digitais em Florianópolis (SC), na última semana.
"No marketing, estamos sempre querendo a atenção dos clientes. Mas esse approach está errado. Temos que conquistar a confiança deles", disse ela à uma plateia de cerca de 12 mil participantes.
Ann considera isso um desafio, já que há um bombardeio de informações de todos os lados, vindas das redes sociais, e-mail, YouTube e blogs. Também pudera: de acordo com ela, 73% das pessoas que trabalham com marketing produzem mais conteúdo hoje do que há um ano. Tem o lado capenga, no entanto. "Apenas 35% desses profissionais sabem, realmente, se a estratégia que estão usando é eficaz."
O segredo, para a fundadora da Marketingprofs, está em desacelerar. A redução na velocidade serve para analisar três questões. A primeira é o que se sabe sobre a clientela, a segunda trata-se de dar tempo para ver o que funciona mesmo e a terceira, trabalhar na construção de relacionamento. "Assim se constrói afinidade. Devemos utilizar o método peer-to-peer (pessoa para pessoa) e não brand-to-target (marca para audiência)", sugere.
Ann destaca, ainda, que o marketing precisa sempre achar o lado humano na hora de comunicar. Afinal de contas, como ela afirma, tudo que é vendido, seja um serviço ou produto, melhora a vida das pessoas de alguma forma.

O formato áudio chegou chegando

A forma mais natural de comunicação é o áudio. O potencial do formato, no entanto, foi ignorado pelas marcas por muito tempo. Inclusive, pelas gigantes. O Google, por exemplo, não tem uma busca específica de produções sonoras ainda. É o que apontou Albert Hayfaz, CEO do Voozer, também durante o RD Summit.
"Houve um salto do texto para a imagem. Pularam o áudio e foram direto ao vídeo. Agora, as empresas estão correndo atrás", percebe Albert.
Tanto que, além do Google, a Amazon e a Apple investem muito dinheiro para atender a demanda do público nessa área. "O áudio está vindo para dominar tudo", alerta.
Conforme uma pesquisa apresentada pelo empreendedor, 83% das pessoas não conseguem ler o que gostariam na internet. Ouvir fica mais possível, já que a ação não interrompe outras atividades.
O brasileiro, ressalta Albert, gasta, em média, duas horas no trânsito. Isso é uma oportunidade de as marcas passarem mais tempo com seu público.
"Se você não estiver oferecendo áudio, você nem está na briga de conquistar mercado."
Albert lembra que o meio de comunicação que mais preenche o planeta é o áudio - o conteúdo, portanto, tem muito potencial. Cerca de 20% do consumo do Spotify, em breve, será de não-música.
E há vários formatos. O que está se tornando mais popular é o podcast, mas os audiolivros são uma aposta, uma vez que o segmento registrou crescimento de 20% ao ano entre 2015 e 2018.
 

Geração mais jovem quer ver para crer

A comunicadora do SBT e influenciadora jovem mais popular do Brasil, Maisa, 17 anos, contou, durante o RD Summit, como ela é influenciada na hora de escolher o que comprar. "Como toda adolescente, assisto muitos vídeos no YouTube. Adoro maquiagens. O algoritmo entende isso e coloca toda hora na minha timeline", disse, aos risos, provando o poder do conteúdo para a sua faixa etária. Um anúncio tradicional estático não tem mais tanto apelo para esse público.
Recentemente, ela ganhou um programa que considera um experimento na TV brasileira. Segundo Maisa, a forma de fazer merchandising em sua atração televisiva conversa com a Geração Z. Para a Magazine Luiza, por exemplo, são realizados desafios de internet.
A menina credita à sua autenticidade os resultados que tem gerado à emissora. O SBT, conforme o seu CEO, José Roberto Maciel, que dividiu o palco com Maisa, está passando por um processo de abandono da separação entre on e off-line. A ideia é oferecer várias telas aos espectadores. Só em 2018, o canal acumulou 10 bilhões de views em sua conta do YouTube.
Em seu perfil pessoal, Maisa soma quase 28 milhões de seguidores. Ela, inclusive, disse que gostaria de fazer uma festa com todos para celebrar esse número. Mas reconhece que ficará um pouco difícil.
 

Na Amazon, o texto vem antes da execução

A Amazon (marca que comercializa produtos diversos, incluindo brinquedos, eletrônicos, vestuários e acessórios) soma cerca de 600 mil funcionários e, mesmo sendo uma das maiores empresas do mundo, não tem nenhum time dedicado à inovação. O assunto permeou a palestra de Fernando Sapata e Renato Barbosa no RD Summit. Segundo o arquiteto de soluções e o gerente de desenvolvimento de negócios da Amazon Web Services (AWS) no Brasil, respectivamente, a inovação passa pela produção de conteúdo.
O primeiro passo, quando alguém tem uma ideia que pode fazer parte do portfólio da Amazon, é escrever um press release, que é levado para uma reunião. Depois que todos leem o documento, surgem as perguntas.
"Chamamos essa técnica de backwards (de trás para frente, em inglês). Ela nos ajuda a vestir os sapatos dos clientes", garante Renato, acrescentando que a ação traz clareza. Para a dupla, dessa forma, a falha, quando acontece, é rápida e barata de corrigir.
Após o release pronto, antes mesmo de existir um produto, parte-se para a formulação das "perguntas frequentes". O segredo da inovação da Amazon, portanto, está nesse mecanismo. "Todos os funcionários estão aptos a criar inovação. Somos builders (construtores, no inglês)", explica Fernando. "Acreditamos no modelo de inovação distribuída", complementa. Essa cultura partiu do fundador da marca, e baseia-se nos princípios de liderança e obsessão pelo cliente. Renato afirma que a inovação tem em seu DNA a experimentação. "Você testa, falha e aprende nesse processo", entende ele.
A loja AmazonGo, de Washington, em que o cliente sai sem pagar (pois tudo acontece através de sensores) surgiu dessa forma.
 

Dados importantes sobre o assunto

70% das vendas de e-commerce partem de posts do Instagram
Nos Estados Unidos, 30% das residências já contam com assistente de voz, como Alexa, Google Assistant e Siri
34% dos brasileiros usam comandos por voz
 

Invista em vídeos!

Seja nos stories ou no feed, os vídeos funcionam bem no Instagram, gerando engajamento orgânico. Mas é preciso que sejam sempre legendados. E, para ir além com o formato, existem ainda as lives, que notificam o usuário quando você entra ao vivo.
"Se pouca gente assistir a sua transmissão, não tem problema, pois a ideia é usá-la para ser priorizado pelo algoritmo", explica Camila Renaux.