Cláudia Raia, Serginho Groisman e Karol Conka estiveram recentemente no Rio Grande do Sul para falar com quem está à frente de negócios

Famosos como fonte de inspiração profissional


Cláudia Raia, Serginho Groisman e Karol Conka estiveram recentemente no Rio Grande do Sul para falar com quem está à frente de negócios

Ela é conhecida pelas novelas que faz na TV, pela participação em programas de auditório e pelas peças e musicais que estreia em teatros do Brasil. Como se isso não bastasse, Cláudia Raia, agora, aposta em uma nova faceta: a de palestrante. Na semana passada, ela subiu no palco do Teatro do Sesi, em Porto Alegre, durante a Expoagas, para apresentar o texto Nas Raias do Empreendedorismo.
Ela é conhecida pelas novelas que faz na TV, pela participação em programas de auditório e pelas peças e musicais que estreia em teatros do Brasil. Como se isso não bastasse, Cláudia Raia, agora, aposta em uma nova faceta: a de palestrante. Na semana passada, ela subiu no palco do Teatro do Sesi, em Porto Alegre, durante a Expoagas, para apresentar o texto Nas Raias do Empreendedorismo.
Nele, Cláudia conta sobre os perrengues que encarou ao longo de sua carreira, que começou aos 19 anos. Com uma inquietude à sua altura, de 1m79cm, criou projetos que mexeram com a cena cultural do País.
Enquanto jovem, sonhava em encenar apresentações ao estilo Broadway, misturando música, dança e atuação. O brasileiro, no entanto, não tinha o hábito de consumir esse tipo de formato. O jeito foi criar a demanda, por isso virou produtora dos espetáculos.
Isso significa que ela era responsável por tudo. Da escrita do texto, formação do elenco à contratação dos espaços, busca por patrocinadores e pagamento da equipe. Cláudia se encheu de dívidas, teve que vender seu carro, porém não desistiu.
Percebeu que precisava adaptar os musicais ao estilo do povo, traduzindo as canções, incluindo nomes de cidades que faziam sentido para a população na melodia. Aí sim funcionou.
"Descobri que fácil não era. Precisava repensar. Tive que entender de planejamento, olhar o orçamento e cruzar as informações", expõe. Hoje, o Brasil, segundo Cláudia, é o terceiro maior produtor de musicais do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos e da Inglaterra.
Ter se tornado empreendedora a transformou enquanto artista. "Desloca a gente do cômodo de não saber o que acontece por trás dos panos. Mudei horrores por estar dos dois lados", avalia ela.
Cláudia herdou a veia para os negócios da mãe, Odette, que, viúva, era dona de uma escola de dança em Campinas com 10 filias espalhadas pelo interior de São Paulo. Ela teve o exemplo dentro de casa, mas não vê isso como essencial para alguém deslanchar profissionalmente. "Se torne você uma mulher que um dia vai inspirar alguém", sugere.
A atriz destaca três palavras como fundamentais para ter um projeto bem-sucedido: coragem, ousadia e paixão. Além disso, reforça a importância da dedicação. "Disciplina é importante para tudo na vida. Eu sempre estudei muito", afirma.

'Me considero um empreendedor sem nunca ter tido um negócio'

Serginho Groisman é figura carimbada todo sábado à noite na TV Globo, com seu programa Altas Horas. Mesmo não tendo administrado algo próprio ainda, ele conseguiu inovar e aplicar suas ideias inéditas pelas emissoras em que passou. "Me considero um empreendedor sem nunca ter tido um negócio", foi a frase que usou para abrir sua palestra na Gramado Summit, no início do mês.
O jornalista criou um formato de programa que coloca o foco na plateia. Ele diz que a iluminação de seu estúdio tem a mesma intensidade para os artistas e para o público. E os jovens que ocupam as cadeiras que cercam o palco formulam as melhores perguntas, considera Serginho.
Filho de empreendedores imigrantes que tinham uma fábrica de roupas no Brasil, Serginho conta que viu de perto os altos e baixos de um negócio. Principalmente no episódio de um roubo na empresa da família, que os deixou de mãos abanando.
"Defini que a liberdade seria o primeiro princípio que regeria meus trabalhos", afirma. "Se não tiver isso, não consigo me realizar de maneira sólida", acrescenta.
Se manter na telinha desde a década de 1980 requer uma busca constante pela inovação. Ele precisa se reinventar toda semana, todo dia. "Faço isso através de uma visão jornalística, trazendo as questões importantes culturalmente e politicamente, para que as pessoas estejam atentas. Isso que chamam de segredo, mas nada mais é que um trabalho diário de percepção da realidade."
O profissional já foi convidado para vincular seu nome a negócios, mas prefere apresentar e dirigir seu programa. Entre os projetos empreendedores que quer realizar mais adiante, está um talk show semanal em teatro.
Depois, quem sabe, explorar a internet, embora ainda não considere ser o momento adequado. "Nem todo mundo está na internet no Brasil. Os assuntos mais comentados da internet ainda são pautados pela televisão", percebe.
E a TV, conforme o comunicador, não pode correr atrás da linguagem on-line, tem que se reinventar de outro jeito. "As tentativas para copiar a internet não deram certo. As pessoas não querem ver a internet na televisão", interpreta.
 

O exemplo para que não se confunda diversidade com mimimi

Diversidade é um tema que, cada vez mais, perpassa campanhas publicitárias e é pauta de grandes empresas. Na música, o assunto é o norte de muitos artistas, como Karol Conka. Na abertura do BS Festival, evento de inovação e criatividade que aconteceu neste mês em Porto Alegre, a rapper curitibana compartilhou a sua experiência.
Aos 33 anos, a inspiração para as suas músicas, que versam sobre empoderamento feminino, surgiu na infância, quando começou a perceber a importância de acolher as diferenças.
"Sempre tive amigos diversos e sempre fui muito observadora. Percebia que uma das coisas que mais deixava a mim e as minhas amigas frustradas era o problema da aceitação, de querer agradar a todos. Pensava nisso ainda muito pequena e, quando comecei a escrever música, notei que poderia falar sobre aquelas coisas, levar uma palavra de conforto para alguém através de melodia", expõe.
A rapper acredita que empreender em uma carreira musical é similar a outras áreas. Para ela, no entanto, os artistas concentram a sua atenção majoritariamente na música e não desenvolvem habilidades de gestão de negócio.
"Quando comecei a transitar no meio artístico, percebi que a maioria dos artistas não tem muito conhecimento da parte burocrática. Estamos no mundo da melodia, mas é muito importante ter essa noção, saber como o dinheiro entra, de que maneira você está gastando ele. E é um tipo de informação que não chega para a gente. Não estudamos economia na escola, não se passa isso na infância. A gente devia aprender isso desde criança, para quando a fama chegar, o dinheiro chegar, sabermos administrar de uma maneira madura", pondera.
Com inúmeros hits na carreira e números expressivos de engajamento (o clipe da música Tombei, de 2015, soma mais de 27 milhões de reproduções no YouTube), Karol acredita que a música tem o poder de amplificar a discussão de temas como a diversidade de uma forma orgânica.
"Quando escutamos muito uma música, porque tem uma melodia boa, ela funciona como uma oração. Você leva informação através da diversão."
Os temas que fazem parte das composições nascem das suas próprias vivências. "Me inspiro muito na minha rotina, no cotidiano, nas histórias das pessoas que estão ao meu redor. Sempre procuro trabalhar de uma forma reflexiva. Música tem que, de alguma forma, trazer reflexão", complementa.
Além de discutir a diversidade em suas letras, o assunto permeia as decisões de sua carreira. "Gosto muito de trabalhar com marcas que se importam com a diversidade, que tem essa empatia. Não sou uma pessoa que segrega, gosto realmente da diversidade. Então, na minha equipe tem homem, mulher, gay, lésbica. E está tudo certo."
Com oito anos de estrada, Karol montou, recentemente, um estúdio musical para trabalhar. O espaço reúne toda a sua equipe, desde a parte musical, passando pela moda, até a área comercial e administrativa.
"Estou muito feliz porque decorei do meu jeito e fico lá fazendo música. Tenho planos de lançar mais um disco, clipes e um programa."
A ideia do espaço é que, no futuro, possa virar um selo de gravação comandado pela própria Karol.
"Estou nessa caminhada. Tem um escritório embaixo, onde funciona essa parte burocrática. Em cima, moda e música. E é muito legal que eu chego lá e as pessoas estão sempre no meu universo. Por enquanto estou cuidando só de mim, mas tenho desejo de, mais para frente, administrar a carreira, ajudar, servir de apoio para outros artistas."
Citando Oprah Winfrey e Elza Soares como as suas inspirações de diversidade, ela acredita que o futuro é próspero quando se pensa nesse tópico. "As pessoas estão entendendo que não é mimimi falar de diversidade. É uma zona de conforto para todo mundo se aceitar, aceitar a diferença do próximo. Trabalhando a empatia, vamos chegar em um lugar bem bonito."