Profissionais precisam ter tempo para respirar. Só assim a energia flui

Hora da virada: mente vazia produz mais


Profissionais precisam ter tempo para respirar. Só assim a energia flui

O ser humano toma diversas decisões ao longo do dia, algumas que ajudam e outras que atrapalham a produtividade. Inconscientemente, há quem se prenda às hipóteses da mente, em dúvidas se projetos darão certo ou errado, enquanto outros focam nas coisas que precisam ser feitas. O yoga pode ser uma opção de atividade, especialmente para aqueles empreendedores e aquelas empreendedoras que ficam no abismo da ansiedade.
O ser humano toma diversas decisões ao longo do dia, algumas que ajudam e outras que atrapalham a produtividade. Inconscientemente, há quem se prenda às hipóteses da mente, em dúvidas se projetos darão certo ou errado, enquanto outros focam nas coisas que precisam ser feitas. O yoga pode ser uma opção de atividade, especialmente para aqueles empreendedores e aquelas empreendedoras que ficam no abismo da ansiedade.
"A meditação nos dá mais tempo, pois ela tira nossa atenção desse blá-blá-blá que nos bloqueia", diz Carlo Guaragna, 28 anos, um dos professores de yoga mais populares da internet. O gaúcho tem quase meio milhão de fãs no Facebook, cerca de 60 mil inscritos em seu canal do YouTube, e suas contas de Instagram somam, aproximadamente, 200 mil seguidores.
Há dois meses, como ele diz, aterrissou desse boom virtual para o mundo físico. Inaugurou o Studio Eleva, no bairro Petrópolis, em Porto Alegre, para oferecer leveza à rotina de seus alunos. O valor da mensalidade é de R$ 250,00, com duas práticas por semana.
Embora muitos presidentes de empresas estejam vendo a necessidade de paradas para recarregar as energias ao longo do dia, Carlo tem a intenção de tornar o yoga acessível a todo mundo. Por isso mesmo, decidiu compartilhar os conteúdos no ambiente on-line de forma gratuita.
"O yoga tem uma linguagem muito segregadora. Praticantes, normalmente, são pessoas lindas, que aparecem em fotos em paisagens imponentes", aponta. Em 2015, portanto, com uma câmera na mão, passou a escolher pontos de Porto Alegre para gravar os vídeos que compartilhava nas redes sociais.
Era Carlo mesmo quem gravava, editava e respondia comentário por comentário. A popularidade cresceu tanto que, hoje, ele tem uma equipe específica para produzir esse material, composta por um assessor de imprensa, um fotógrafo e um editor de imagens.
As fontes de renda dele são diversas. O professor dá palestras pelo Brasil e no exterior (recentemente, esteve na Grécia e, agora, está fechando uma viagem ao México), promove cursos para professores, tem seus alunos no estúdio e, além disso, através de uma parceria com a Autoridade Fitness, oferece aulas pagas pela plataforma digital.
E não pense que quem trabalha pelo bem-estar dos outros está imune ao turbilhão de compromissos que a semana impõe. Já houve momentos em que Carlo trabalhava nove horas ininterruptas, emendando uma coisa na outra. Isso durou um ano, de maio a maio.
Agora, uma lista do que precisa ser feito - organizada em um caderninho - e a confiança em quem está a seu lado permitem que o equilíbrio se mantenha. "Montei uma dinâmica na qual uso o meu tempo no que sou melhor. A única coisa que eu faço bem é ensinar yoga", repete ele, que tem dois sócios e emprega cinco professores em seu negócio.
A procura do público pelo trabalho de Carlo, para ele, é resultado de dedicação. "Decorrência do que plantei, não me espanto. Encaro como eco dos gritos que dou", entende, com a tranquilidade de quem consegue equilibrar o corpo na cabeça.

Professora de inglês usa meditação para impulsionar aprendizado

Limpar a mente pode ser produtivo na hora de aprender algo novo. Por esse motivo, a professora particular de inglês de Porto Alegre Luciane Oliveira, 48 anos, introduziu a prática de meditação no início e no fim de suas aulas. Os resultados, segundo ela, são perceptíveis.
Luciane escuta orgulhosa o áudio que chegou pelo WhatsApp de uma aluna de Goiânia que tentava, há tempos, melhorar sua nota na prova de proficiência para ingressar em um curso de pós-graduação. Após as instruções da teacher sobre sentir o presente, a estudante tirou 10 no teste.
"Meditação libera as tensões. E, quando estudamos, é preciso estar com o cérebro livre de preocupações", considera.
A modalidade é utilizada pela profissional tanto em aulas presenciais quanto nas que ocorrem pela tela do computador. Os valores vão de R$ 60,00 a R$ 80,00 pela hora - e a meditação é um bônus.
"Trata-se de um diferencial. Quis lançar algo para ajudar o aluno, para facilitar o aprendizado", avisa. Até porque, segundo ela, em muitos casos, a aquisição da fluência de um novo idioma não é algo desejado, e sim imposto por pais ou pelo mercado de trabalho.
A professora criou uma conta no Instagram (@meditacomlu) para divulgar seu negócio, ainda visto com um certo preconceito, conforme pode observar através de alguns comentários.
"As pessoas acham que tem a ver com religião", expõe, contrariando essa teoria.
Foi a procura pelo autoconhecimento que aproximou a profissional das técnicas. Com vasta atuação acadêmica, conta que teve de enfrentar muitos momentos de inibição e insegurança para falar em público durante seu doutorado em Letras. Ao perceber que superou seus medos através de seus momentos de pausa, decidiu passar a sensação de liberdade adiante.
A meditação guiada - em inglês ou português, dependendo do nível do aluno - dura de dois a cinco minutos. "É só para trocar a energia", detalha Luciane, que formata suas aulas conforme a necessidade de cada estudante.
 

Uma forma diferente de engajar equipes

Depois do ritmo frenético da produção industrial e de se popularizar o termo workaholic, que define pessoas viciadas em trabalho, profissionais, agora, parecem estar em busca de equilíbrio emocional. É cada vez mais comum encontrar CEOs e empreendedores defendendo práticas holísticas, como a meditação, no dia a dia. A jornalista Luciana Bueno, que começou a trabalhar muito cedo, aos 19 anos, encontrou no yoga a cura. E transformou isso em negócio.
O yoga curou Luciana do baque da demissão como gestora de comunicação de uma entidade e do susto após identificar um nódulo no ovário. "Descobri o câncer num diagnóstico de prevenção", resume. Nesse cenário, 2018 foi difícil para ela. Criou-se um vácuo.
Caminhando nas brumas que a vida impôs, como descreve, fez um curso de yoga no Centro Montanha Encantada, em Garopaba, e iniciou uma especialização em Psicologia Transpessoal. As coisas, então, começaram a se elucidar.
Luciana decidiu dar um tempo no Jornalismo, área na qual considera já ter feito de tudo ao longo de duas décadas. Ao ver a transformação que o yoga lhe proporcionou, resolveu dar aulas da modalidade na Floricultura Winge, na Zona Sul de Porto Alegre, aos sábados, e em um estúdio no bairro Menino Deus. A redescoberta pessoal incluiu, ainda, uma escalada nos Pirineus, na França, e 40 dias consecutivos trilhando os 800 quilômetros do caminho francês que levam a Santiago, na Espanha.
Seu novo projeto, agora, é unir comunicação com yoga. Luciana pretende levar a atividade para dentro das empresas e oferecer serviços como diagnóstico de problemas em equipes. O programa Com.Fiar Yoga & Transpessoal deve operar a partir de demandas do marketing, da diretoria ou do recursos humanos. "Estamos muito no automático hoje. Podemos engajar grupos pelo coração. Ninguém precisa ser máquina. A pessoa muda quando ela é percebida", considera a jornalista, acrescentando que os colaboradores participam da experiência com roupas de trabalho mesmo.
A iniciativa consiste em reunir, no ambiente corporativo, funcionários e gestores para que, a partir das posições do yoga, sejam observadas fraquezas e forças do time. Hoje, em um novo momento, Luciana caracteriza tudo que passou com o adjetivo "lindo". Para ela, esses obstáculos foram responsáveis pela oportunidade de fazer uma pausa. Algo que empreendedores e empreendedoras estão reconhecendo, agora, como um bem para lá de valioso.