Negócios da Cidade Baixa criam eventos, e gestores trocam informações para que sensação de segurança aumente

Empreendedores se unem pela Travessa Venezianos


Negócios da Cidade Baixa criam eventos, e gestores trocam informações para que sensação de segurança aumente

Entre as ruas Joaquim Nabuco e Lopo Gonçalves, no bairro Cidade Baixa, em Porto Alegre, pequenas casas coloridas coladas umas às outras caracterizam a Travessa Venezianos, via tombada pelo Patrimônio Histórico e Cultural da cidade. Mesmo com poucos metros de extensão, ela concentra pizzaria, cafeteria, hamburgueria, pub e outros negócios culinários. Os empreendedores locais afirmam que a rua é calma e tranquila, por isso lamentam que todo episódio de insegurança que ocorra no bairro afete-os de forma negativa. Pensando nisso, se uniram.
Entre as ruas Joaquim Nabuco e Lopo Gonçalves, no bairro Cidade Baixa, em Porto Alegre, pequenas casas coloridas coladas umas às outras caracterizam a Travessa Venezianos, via tombada pelo Patrimônio Histórico e Cultural da cidade. Mesmo com poucos metros de extensão, ela concentra pizzaria, cafeteria, hamburgueria, pub e outros negócios culinários. Os empreendedores locais afirmam que a rua é calma e tranquila, por isso lamentam que todo episódio de insegurança que ocorra no bairro afete-os de forma negativa. Pensando nisso, se uniram.
"Pode acontecer algo na rua Borges de Medeiros, mas, se falarem que é Cidade Baixa, sofremos a consequência. Acaba respingando aqui", comenta Mark Bandeira, da Mark Hamburgueria, que, desde a inauguração, há cinco anos, nunca foi assaltada.  
Mark afirma que é importante que haja cada vez mais investimento na Travessa. E ele não considera os empresários do entorno como concorrentes. "Muita coisa foi abrindo, o que acaba tornando a região um polo. Acho que vem mais coisa por aí, o que é positivo. Quanto mais, melhor, mais seguro, mais movimento", avalia.
Antes de empreender, Mark não fez pesquisa de campo para escolher onde iria abrir seu restaurante. Recorda que, em 2014, foi conhecer a casa com o irmão bem na esquina da Travessa. "Foi o ponto que me escolheu. Tinha um sofá no mezanino. Sentei nele e concluí: é aqui."
Investiu na reforma interna e abriu a hamburgueria, que afirma ter sido a quarta da cidade. "Hoje, acredito que sejam mais de 50", estima. Há seis meses, Mark colocou no planejamento de seu negócio a importância de contribuir para aumentar o movimento na Travessa. E ele não foi o único.

'Não se imagina o Venezianos em outro lugar'

O Venezianos Pub Café, que completa, em 2020, duas décadas, também está pensando no coletivo de empreendedores do ponto. Fundado em janeiro de 2000, o local não é classificado como pub, café, casa de shows, bar ou "clubinho". O espaço é denominado como "tudo ao mesmo tempo e mais o que você quiser que ele seja", explica a apresentação divulgada pelo negócio. A proprietária Clarice Decker lembra que, há 20 anos, o bairro já era reconhecido como referência em gastronomia e boemia. Ela espera que continue assim, já que há tantos empreendimentos de qualidade. "A Travessa é um dos lugares mais lindos e coloridos da cidade. Não se imagina o Venezianos em outro lugar", elogia.
Para Clarice, a Cidade Baixa tem características que não podem ser perdidas, tais como a convivência urbana pacífica, o respeito à diversidade e o fato de ser o palco de comemorações. "Quando passa no vestibular, a gurizada vem comemorar nos bares da CB. A comemoração na aprovação do Concurso Público? Na CB. O primeiro encontro? Na CB", cita, justificando que muitas pessoas se sentem seguras e abraçadas pela região.
De acordo com ela, dentro do panorama da segurança, a Travessa permanece preservada pelos moradores e comerciantes locais. "Pelo volume de pessoas que circula por aqui, acredito que os índices que tratam sobre a segurança pública se mantêm abaixo, comparado a outros bairros com fluxo de pessoas semelhante", avalia.
 

Bistrô promove eventos culturais

Os irmãos Rodrigo e Diego Timm cresceram na Cidade Baixa e admitem que têm um carinho especial pela região. "Tenho orgulho de fazer parte de um bairro que é voltado para o entretenimento de uma maneira geral", pontua Rodrigo. Os dois abriram o Bistrô da Travessa em 2009, na casa de número 25 da Travessa Venezianos. O primeiro assumiu a direção do negócio, enquanto o segundo é o chef de cozinha, responsável pela elaboração das pizzas artesanais.
Para aumentar o número de frequentadores da via, os empreendedores desenvolvem eventos culturais dentro do restaurante e na rua. "Fazemos feira de vinil, exposição de arte, DJs, exposição de carros antigos, truck de espumantes, brechó de desapegos", cita. Até 30 de junho, por exemplo, está em cartaz a exposição Cinema Quadro a Quadro, do artista Marcos Nizolli.
Além disso, a dupla promove jantares especiais sonorizados com disco de vinil, todas as terças-feiras. "Quando as pessoas encontram uma proposta assim, procuram ir a um lugar que se interessa por isso", analisa Rodrigo. 
 

O esforço para que a rua seja ainda mais ocupada

A empreendedora Darquilene Magalhães, do Travessa Café, enxerga potencial de a via se solidificar como um polo gastronômico. "Seria lindo isso aqui com mesas ao ar livre, seja para tomar café, comer pizza, beber cerveja, para estar na rua", vislumbra, fazendo comparações com espaços turísticos semelhantes em Salvador, nos Lençóis Maranhenses e no interior de Minas Gerais. 
Além de servir vários tipos de café, ela promove, a cada 15 dias, aos sábados, o Café Tardio. No evento, a clientela pode consumir sucos, pães, prato principal, doces e outros quitutes por um valor entre
R$ 35,00 e R$ 40,00.
O Travessa Café inaugurou em janeiro, e o local, antes de ser transformado em ponto comercial, era a residência de Darquilene e do companheiro, Lucas. O local carrega uma lembrança especial para eles: foi ali que nasceu o filho do casal, Ravi, em parto domiciliar, em 2018. Além do menino, outra paixão da mineira é o café, por isso ela prioriza o atendimento personalizado. 
"Posso acrescentar às pessoas algo a mais sobre a qualidade do grão. Trazer uma experiência diferente."
Segundo Darquilene, recentes casos de homicídios registrados no bairro provocaram, em primeiro momento, uma baixa no movimento. "O café abre de dia, mas acredito que se a rua fosse mais iluminada, houvesse mais cuidado, poderíamos atrair um público maior." Outra crítica é quanto às vagas de estacionamento na rua e a fiação, que, de acordo com ela, descaracterizam a arquitetura histórica.