Designer que entrou para a história da TV brasileira agora aposta em adereço fabricado na China

Hans Donner desenvolve relógio que promete transformar a relação do ser humano com o tempo


Designer que entrou para a história da TV brasileira agora aposta em adereço fabricado na China

Hans Donner, 70 anos, ficou conhecido no Brasil por vinhetas que entraram para a história da televisão brasileira. Entre elas, a da abertura do Fantástico, Jornal Nacional e da Globeleza. Com esse currículo, o designer poderia muito bem dar uma aliviada no ritmo de trabalho. Mas que nada, ele não para de inventar. Seu novo projeto é um relógio sem ponteiro e sem números que tem a intenção de revolucionar a relação do ser humano com o tempo.
Hans Donner, 70 anos, ficou conhecido no Brasil por vinhetas que entraram para a história da televisão brasileira. Entre elas, a da abertura do Fantástico, Jornal Nacional e da Globeleza. Com esse currículo, o designer poderia muito bem dar uma aliviada no ritmo de trabalho. Mas que nada, ele não para de inventar. Seu novo projeto é um relógio sem ponteiro e sem números que tem a intenção de revolucionar a relação do ser humano com o tempo.
"Sou um cara que tudo que vejo tenho vontade de adicionar alguma coisa", diz Hans, durante uma palestra para arquitetos na loja Império Persa, na avenida Nilo Peçanha, em Porto Alegre.
Ele é tão apaixonado pela peça que seus olhos brilham e ele não tem medo nenhum de correr riscos para fazer seu negócio vingar. Há alguns anos, inclusive, decidiu que apresentaria sua invenção ao fundador da Apple, Steve Jobs.
Depois de mostrar a um vendedor da gigante de smartphones o relógio, nos Estados Unidos, a história se espalhou dentro da empresa e chegou a Jobs. Quando a reunião que mudaria sua vida estava prestes a ser marcada, o norte-americano morreu. Hoje, ele vê com bons olhos a frustração que teve na época.
"Quase me vendi. A dúvida era se comprariam a ideia por U$ 1 bilhão ou U$ 2 bilhões. Eu nem estaria no Brasil, ficaria esquiando", avalia. Agora, percebe que teria acontecido com ele o mesmo que com Santos Dumont (brasileiro responsável por construir os primeiros balões dirigíveis): falta de reconhecimento.
Muitas reuniões depois, Hans hoje tem seu relógio, chamado de ONNE - uma referência à expressão "único", do inglês, e ao seu próprio sobrenome (dONNEr), fabricado na China. Em fase de protótipo, deve ser comercializado em breve.
"Por causa do dinheiro, a humanidade está se ferrando. Dizem que time is money (tempo é dinheiro). Mas time is life (tempo é vida)", interpreta, com ânsia de dar uma releitura à passagem das horas através da nuance das cores.
A mídia tem ajudado a espalhar a ideia de Hans. Há algum tempo, um jornalista alemão que entrevistava o ex-presidente Fernando Collor se deparou com o relógio do designer. Fez uma matéria sobre ele e aumentou sua visibilidade internacional.
Sorte? Persistência e paixão pelo que o agora empreendedor desenhou. "Eu tenho um instrumento que lembra você, a cada instante, dessa necessidade de pensar na vida", destaca. 
LUIZA PRADO/JC

Como funciona o acessório

Em vez de ponteiros e números, o relógio ONNE marca a hora através de um jogo de luzes. E não tem o som estressante, como diz Hans, do tique taque. É possível customizá-lo com fotos e imagens.