Conheça jovens que amadureceram enquanto tocavam seus negócios

As vantagens de empreender aos 20 e poucos (ou tantos)


Conheça jovens que amadureceram enquanto tocavam seus negócios

A grande vantagem em ser jovem é ter a energia, a perspicácia e a ingenuidade de arriscar. É assim que o administrador Marco Viana classifica empreender na casa dos 20 anos. Nascida entre 1988 e 1998, essa geração convive com a mudança no cenário do mercado de trabalho e não almeja apenas um emprego estável ou a segurança de uma repartição pública. Grande parte dela anseia por ser chefe de si.
A grande vantagem em ser jovem é ter a energia, a perspicácia e a ingenuidade de arriscar. É assim que o administrador Marco Viana classifica empreender na casa dos 20 anos. Nascida entre 1988 e 1998, essa geração convive com a mudança no cenário do mercado de trabalho e não almeja apenas um emprego estável ou a segurança de uma repartição pública. Grande parte dela anseia por ser chefe de si.
A vontade de empreender pode acender ainda na infância, como foi o caso de Marco e os sócios dele na empresa Super Labs, Eduardo Ribeiro e Eduardo Teixeira, todos de 27 anos. Colegas na escola, sabiam que queriam ter um negócio próprio, mas não tinham ideia do quê.
Morar no exterior aflorou o conceito quando adultos. Foi em San Diego, na costa da Califórnia, em 2013, que Marco percebeu a ascensão do segmento da alimentação saudável. Quando retornou para os Estados Unidos, em 2017, se deparou, então, com a tendência do suco prensado a frio. "Começamos a olhar para dentro e havia muitas empresas pequenas e locais desenvolvendo este produto, mas nada muito presente", conta. Foi aí que tiveram o estalo sobre o ramo em que poderiam investir e fundaram a Super Labs, em janeiro de 2018. Os sucos, segundo eles, são apenas a porta de entrada para a consolidação da marca. "Sempre quisemos nos colocar como uma indústria de alimentos. A ideia nunca foi ser uma fábrica de sucos", ressalta Eduardo Ribeiro.
Em poucos meses de funcionamento, o portfólio do empreendimento foi ampliado para além da linha dos sucos. Oferece sopas e outros três produtos serão lançados. Um deles está na gaveta e será apresentado no primeiro trimestre de 2019. "Vamos trabalhar sempre na seguinte vertente: funcional, fácil, rápido e consciente. O propósito é democratizar a alimentação saudável. Essa é a nossa missão", acrescenta o jovem.
LUIZA PRADO/JC
Eduardo Teixeira, que é publicitário, realça que as embalagens foram elaboradas para causar fácil entendimento para o consumidor. Na parte da frente do rótulo, por exemplo, constam todos os ingredientes dos sucos e sopas. "Não usamos conservantes nem açúcar. É preciso ser direto e descomplicado", pontua. Os sucos são enumerados, e o sócio comenta que podem ser substituídos por outros sabores. "Se percebermos que não está dando certo, trocamos", diz.
Para chegar a misturas inusitadas, tal como maçã, beterraba, limão e gengibre, foram necessários mais de 70 testes. "Conversamos com nutricionistas, médico. Fizemos sabatinadas com uma galera bacana. Tinha mais de 50 pessoas experimentando e dando pitaco", descreve Eduardo Ribeiro. O essencial na pesquisa de mercado foi o feedback dado pelo círculo de amigos.
Em outubro de 2017, os amigos reformaram um pavilhão em Eldorado do Sul (município com pouca burocracia para abertura da empresa, segundo eles, e próximo à Capital, onde moram), no qual instalaram a Super Labs. Adquiriram uma máquina de suco prensado a frio, que contém duas placas que não geram calor nem atrito para o vegetal e a fruta. Por isso, resulta na manutenção de quase a totalidade de nutrientes dos ingredientes. O lado negativo do processo é o tempo de validade reduzido. O suco dura até três dias na geladeira. Congelado, o período sobe para 60. Já a sopa tem validade de 180 dias. "As lojas estão indicando umas para as outras. Hoje, atendemos aos principais pontos de venda de Porto Alegre e região, e estamos chegando a outras localidades", comemora. Em menos de um ano, a marca figura em 50 pontos de 15 cidades do Estado. Vende também por e-commerce por R$ 14,00 cada, em média.
Marco aponta que a causa do sucesso pode estar atrelada à sinergia bacana e à soma de expertise, que os transforma em uma empresa preparada para vencer os desafios. Ele considera defasado o antigo conceito de que a juventude e o conhecimento não andam juntos. "Falamos sempre que a vontade de ganhar nunca pode ser menor que o medo de perder", aponta. Quem disse que tem idade para empreender?
LUIZA PRADO/JC

Tempo ensina lições e aumenta poder de barganhar

Como em tudo, se aventurar em um negócio com pouca idade tem seus desafios. Para o pessoal da hamburgueria Bendizê, localizada no bairro Tristeza, na Capital, certo trato para tocar a empresa só veio com o tempo. Rodrigo Marques, 27 anos, e Patrícia Rotermund, 30, começaram a empreender cedo e aprenderam algumas lições importantes na marra. Patrícia lembra que a delegação de tarefas era uma coisa que atrapalhava bastante o andamento dos negócios. "Tínhamos a ideia de que conseguiríamos fazer tudo juntos, mas logo no primeiro mês vimos que não seria possível", expõe. "Para o sucesso da empresa, é preciso poder contar com bons parceiros", sentencia.
Ela acredita que definir os processos e as funções que serão exercidas no negócio agilizam os processos internos. Rodrigo adverte sobre a cautela na hora da contratação da equipe. "Quando a pessoa não é a certa para a função, podemos até delegar tarefas a ela, mas não vamos ficar tranquilos", alerta. Ele ainda diz que, se há confiança em deixar tarefas operacionais a cargo deles, é possível se dedicar mais à parte estratégica da operação.
Distribuir funções para terceirizados poupa tempo e garante melhores resultados. Um exemplo disso é a contratação. Patrícia lembra quando fazia, junto do marido, a seleção de candidatos. "Perdíamos muito tempo com uma coisa que não era de nossa expertise", lembra. Hoje, levam como uma possibilidade as consultorias de Recursos Humanos ou financeiras, por exemplo. O tempo no mercado proporciona, entre outras coisas, um maior poder de barganha na negociação de prazos e preços. "Mostrando seu histórico de pagamento, você começa a ter crédito no mercado", assegura Patrícia.

Sede de inovar é vista como diferencial no mercado

O orgulho tomou conta de Samuel Panta e Alex Oliveira quando instalaram, em Venâncio Aires, em abril, a primeira máquina criada pela startup Icehot. O projeto saiu do papel depois de um período de três anos de desenvolvimento. A pouca idade - 28 e 24 anos, respectivamente -, de acordo com os empreendedores, os ajudou a persistir. "Não tivemos barreira. As pessoas veem que somos uma galera nova querendo fazer acontecer, com brilho nos olhos", avalia Samuel. 
A Icehot é sediada em Bento Gonçalves e produz equipamentos que fornecem, de maneira gratuita, água potável quente e fria, para a população. A empresa conta, hoje, com 14 unidades instaladas em sete cidades do interior gaúcho, e está em tratativa com 46 municípios, além de ter duas versões móveis para feiras. O custo de cada unidade em aço inox é, em média, R$ 30 mil.
As prefeituras cedem o espaço, através de licitação, e entram com o valor da água e luz. O lucro para os rapazes vem através da exposição de propagandas nas máquinas. Embora visem ao retorno financeiro, Samuel garante que o objetivo principal é deixar um legado por onde passam. "Queremos que seja um marco nas cidades como algo bom", almeja.
Os empreendedores começaram sem dinheiro para investir. Tiveram a ideia ao conhecer um produto similar que fornecia água para chimarrão. O negócio só foi possível com a ajuda de outros profissionais. Samuel garante que somente agora está conseguindo pagá-los. "Chamamos um amigo para fazer a marca e fomos sinceros. Isso foi em 2015. Pagamos este ano", conta.
Em novembro, foi lançado o primeiro modelo com tela digital, em Encantado. Para 2019, a marca pretende lançar uma máquina com água para pet e uma linha com ducha, ideal para o Litoral. A estratégia é sempre a sede de inovar.