Novidades e informações de um setor que dá água na boca e que tornou o Rio Grande do Sul uma referência do segmento no País

Quem diz não a um chocolate?


Novidades e informações de um setor que dá água na boca e que tornou o Rio Grande do Sul uma referência do segmento no País

Se tem um produto que se vende sozinho é o chocolate. Das crianças aos idosos, a sensação de prazer que o doce provoca garante boas vendas a empreendedores que atuam nesse ramo. E uma das cidades brasileiras de referência em barras e ovos é Gramado. O município tem cerca de 40 fábricas e, agora, passa por um processo para garantir que o que sair dali tenha um selo de procedência.
Se tem um produto que se vende sozinho é o chocolate. Das crianças aos idosos, a sensação de prazer que o doce provoca garante boas vendas a empreendedores que atuam nesse ramo. E uma das cidades brasileiras de referência em barras e ovos é Gramado. O município tem cerca de 40 fábricas e, agora, passa por um processo para garantir que o que sair dali tenha um selo de procedência.
Recentemente, foi promovida uma coletiva de imprensa na Rua Coberta para contar ao público que um pedido de certificação de origem foi feito ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi) a fim de evitar fraudes. Afinal de contas, Gramado quer proteger a fama que conquistou, vinculada à qualidade. Altanisio Ferreira de Lima, presidente da Associação das Indústrias de Chocolate de Gramado (Achoco), diz que é o melhor do Brasil.
"Semelhante ao da Bélgica e da Suíça", compara ele, que também é dono da Chocolate Gramadense.
O chocolate, inclusive, ajudou a região a ser considerada o segundo destino turístico mais procurado do Brasil, depois do Rio de Janeiro. Foi feito um trabalho, como os gestores comentam, de marketing de produto.
Há décadas, pessoas dos mais diversos locais sobem a serra gaúcha em busca do alimento - seja no fondue, transformado em bebida quente ou em sua forma sólida. "Além de ser a cidade do Papai Noel, queremos que seja a do Coelhinho da Páscoa", brinca ele.
Em sua fábrica, Altanisio usa uma estratégia para manter o fluxo de vendas: em vez de espalhar sua produção em lojas de terceiros, ele vende em associações de funcionários de empresas. A Gramadense monta espaços temporários em grandes companhias, e os funcionários têm o valor das compras descontado na folha de pagamento em até três vezes.
"Comecei a buscar uma forma de vender direto para o consumidor. A Grendene é nossa parceira há 30 anos. Quando começaram a comprar de nós, tinham 3,8 mil funcionários. Teve um ano que estavam com 35 mil. Tivemos que crescer para atender só a Grendene. Hoje, a gente fornece para inúmeras empresas, atendemos mais de 20 fábricas de calçados", detalha o empreendedor.

Depois das balas, a compra da Planalto

Sem dar detalhes financeiros, a empresa Balas Florestal, de Lajeado, assumiu, há alguns dias, as operações de uma das mais conhecidas fabricantes de chocolate em Gramado, a Planalto. A intenção é, com essa nova administração, apostar na exportação dos produtos que fazem tanto sucesso no Rio Grande do Sul.
"Temos canais bons fora do País. Trabalhamos com Estados Unidos, toda a América Latina, Oriente Médio e África. Atendemos 80 países com as balas", adianta o diretor da Florestal e que, agora, está à frente da Planalto, Maurício Weiand.
A Planalto, atualmente, tem duas lojas em Gramado, mas os planos incluem a ampliação. Maurício revela que a marca deve abrir uma terceira operação na cidade e uma inédita em Lajeado. E mais: um programa de franquias será desenvolvido.
"Quem está no ramo de chocolate não consegue sair. Há uma flexibilidade maior, a gente pode desenvolver produtos", reflete Maurício.
A aproximação da Planalto com a Florestal ocorreu por um amigo em comum entre as diretorias, e a Planalto já prestava alguns serviços para a companhia de Lajeado.

Primeira fábrica do Brasil foi aberta em Porto Alegre

No Brasil, conforme a Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Amendoim e Balas (Abicab), as sementes de cacau chegaram em 1746, trazidas por um francês que presentou Antônio Dias Ribeiro, um fazendeiro do Sul da Bahia, com algumas delas. O clima favoreceu o plantio, e as lavouras cacaueiras prosperaram na região.
A produção abundante levou os irmãos Neugebauer e o sócio Gerhardt, todos imigrantes alemães, a fundar a primeira fábrica de chocolate brasileira, em Porto Alegre, em 1891. Vinte e um anos depois, o cônsul suíço Achilles Izella lançou a pedra fundamental de outra marca nacional, a Lacta. Depois veio a Kopenhagen, em 1928; a Garoto, em 1929; e, em 1959, foi a vez da suíça Nestlé.

BOM SABER

O mercado de chocolates deve crescer, até o fim de 2018, 10% ao ano, segundo a consultoria Euromonitor. Hoje os brasileiros comem 2,8kg per capita por ano do doce, o que os coloca atrás apenas dos Estados Unidos e da Alemanha em produção.

Doce transformação

O chocolate mudou, literalmente, a vida de Aline Fernandes, há cerca de 15 anos. Formada em Comércio Exterior e pós-graduada em Finanças, ela tinha um emprego estável na, então, Companhia Riograndense de Telecomunicações (CRT), quando começou a se sentir frustrada. "Era muito comunicativa, e o setor em que estava era somente eu e um computador. Uma amiga me disse que eu tinha muita energia e me aconselhou a não sair da empresa naquele momento, mas fazer algo em paralelo", explica.
Aline começou a fazer trufas em seu apartamento. Distribuiu aos colegas de trabalho durante seis meses, mas sem informar que era produção própria. "Perguntava o que eles tinham achado. Até que, um dia, fiz um curso do Sebrae e verifiquei que, entre uma turma de 20 pessoas, eu era a única que já tinha o produto pronto", lembra.
"Decidi que nunca mais seria funcionária e que iria empreender", comenta a chocolatier.
Foi assim que nasceu a Belas Trufas, empresa que atua nos segmentos de eventos particulares, corporativos e casamentos. Com o tempo, buscou aperfeiçoamento em cursos de capacitação em São Paulo e Paris. Foi na capital da França, aliás, que descobriu um segredo para confeccionar a trufa de coco.
Ela pontua que os clientes querem qualidade. "Eles vêm atrás das trufas gourmet. Querem ser bem-atendidos", observa.
Por seguir com essa premissa, acabou indo na contramão das expectativas iniciais do negócio. "Usava um chocolate caro no começo, mas era praxe dizerem que, em breve, eu alteraria para um mais barato, e defendia que não faria isso", comenta. Hoje, o carro-chefe da marca são os ingredientes de alta qualidade, como licores importados e chocolate belga.
O próximo passo do empreendimento é lançar caixas de trufas nacionais e gourmet para o Natal e uma linha de sobremesas. A Aline de hoje se vê realizada e muito feliz pelas escolhas que fez.
"Morei no exterior, me formei, consegui vagas em empresas referência. Quando decidi ser empreendedora, todos diziam que eu estava louca. Agora, olham para mim e percebem o quanto amo o que faço. Todos conseguem ver", comemora.