Publicada em 03 de Setembro de 2021 às 03:00

Volta do público e protocolos sanitários apontam novos rumos para a retomada da Expointer

Público reduzido e maior controle no acesso dos visitantes são algumas das novidades deste ano no Parque de Exposições Assis Brasil

Público reduzido e maior controle no acesso dos visitantes são algumas das novidades deste ano no Parque de Exposições Assis Brasil


/JEFFERSON BERNARDES/PALÁCIO PIRATINI/JC
Depois de contornar os obstáculos ocasionados pela pandemia da Covid-19 em 2020 e promover a sua primeira edição realizada integralmente em formato digital, a Expointer deste ano se conduz rumo a um princípio de retomada. A 44ª edição da maior feira agropecuária a céu aberto da América Latina começa neste sábado, 4 de setembro, e segue até 12 de setembro, no Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio, e contará com o retorno do público, ainda que em número reduzido.
Depois de contornar os obstáculos ocasionados pela pandemia da Covid-19 em 2020 e promover a sua primeira edição realizada integralmente em formato digital, a Expointer deste ano se conduz rumo a um princípio de retomada. A 44ª edição da maior feira agropecuária a céu aberto da América Latina começa neste sábado, 4 de setembro, e segue até 12 de setembro, no Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio, e contará com o retorno do público, ainda que em número reduzido.
Se o pouco tempo para formatar a programação (desenvolvida em menos de 30 dias) e os problemas oriundos da plataforma digital foram alguns dos empecilhos da edição anterior, agora o desafio que se vislumbra no horizonte da feira é outro. Organizada sob a égide de rigorosos protocolos sanitários, A Expointer 2021 colocará à prova a viabilidade de se realizar eventos de grande porte com a presença do público em meio à pandemia do coronavírus e do aumento nos números de casos detectados da variante Delta.
"Os protocolos e as regras existem a partir do comportamento das pessoas. É muito importante que a gente conte com a colaboração de todos e que a sociedade abrace a Expointer dentro destes protocolos com seus limites, respeite as indicações e siga todas as orientações que vão ser dadas. Não há como eliminar o risco, nada é 100% seguro. Mas vamos agir com cuidado, cautela e abordagem educativa para os visitantes e aos trabalhadores que vão estar no parque nos dias da feira", destacou o governador Eduardo Leite (PSDB) em seu pronunciamento durante a cerimônia oficial de lançamento da Expointer 2021 no Palácio Piratini, em agosto.
Somada à volta do público e à implementação das normas de prevenção ao coronavírus, a presença feminina na linha de frente da composição da feira é outro fator de destaque da 44ª Expointer. Neste ano, a organização da parte operacional da feira será liderada pelas secretárias de Agricultura e de Saúde, Silvana Covatti e Arita Bergmann, e pela coordenadora do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs), Cynthia Molina Bastos.
"Me causa uma emoção imensa, como mulher, estar conduzindo a maior feira agropecuária a céu aberto da América Latina. É uma responsabilidade muito grande, mas sei que essa Expointer vai ser uma vitrine para o mundo inteiro", enfatizou Silvana Covatti que, desde o final de agosto, transferiu o seu gabinete para as dependências do Parque de Exposições Assis Brasil.

Medidas de prevenção contra a Covid-19 alteram toda a estrutura do evento

Parque terá 200 ilhas de lavatórios, com dispenser de álcool em gel

Parque terá 200 ilhas de lavatórios, com dispenser de álcool em gel


ERIKA SANTELICES/AFP/JC
As precauções para transformar em realidade um evento com portas abertas ao público começaram a ser tomadas no início do ano, ainda no período da escolha da data para a realização da feira. Tradicionalmente promovida na última semana de agosto, os dias reservados para a Expointer deste ano foram selecionados tendo em vista o avanço da vacinação contra a Covid-19 no Estado, de forma que o calendário do setor, que inclui desde o plantio da safra de verão até as datas de outras feiras agropecuárias, nacionais e internacionais, não fosse prejudicado. Outra preocupação foi que não houvesse sobreposição com outra data importante para os gaúchos, o 20 de setembro.
Além das medidas de prevenção básicas como a utilização obrigatória de máscaras durante o evento e medidas de distanciamento, estarão disponíveis 300 pontos para que o público possa higienizar as mãos. Serão, ao todo, 200 ilhas de lavatórios, com dispenser de álcool em gel, em todos os setores da feira, e mais 100 dispensers de álcool em gel distribuídos pelo parque.
No intuito de orientar a população, a Secretaria da Saúde disponibilizará cerca de 150 monitores treinados que realizarão abordagens educativas ao público presente e auxiliarão a verificar o cumprimento das normas preventivas. Destes, 100 postos de trabalho estarão em funcionamento das 8h às 20h, e mais 50, das 20h às 24h. Protocolos sanitários específicos para os diferentes setores do evento também foram definidos pela organização da feira, coordenada pela Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr), através de estudos do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs).
Adicionalmente, a prefeitura municipal de Esteio disponibilizou 7 mil unidades de teste de Covid-19 para expositores ligados às entidades que são copromotoras da Expointer.
"Ao longo de todo o período da Expointer, teremos muita tranquilidade mas também estaremos alertas. Todas as medidas cabíveis de prevenção foram tomadas. Estamos otimistas, inclusive devido à possibilidade de geração de empregos temporários que a realização da Expointer anualmente acarreta para Esteio e para o seu entorno", salienta o prefeito de Esteio, Leonardo Pascoal (PP).
Mesmo que o retorno do público seja o marco principal da primeira edição da Expointer após o início da campanha de vacinação da população gaúcha, mudanças significativas foram implementadas para a aquisição de ingressos. Com o objetivo de evitar filas e aglomerações, uma quantidade limitada de bilhetes foi disponibilizada aos visitantes.
O número total de pessoas presentes no evento foi estipulado em, no máximo, 25 mil pessoas por dia. Deste total, 15 mil será composta por visitantes que deverão assinar uma declaração de plenas condições pessoais de saúde no momento da compra do ingresso. Soma-se aos pagantes o público interno, de 10 mil pessoas, entre expositores, autoridades, copromotores e imprensa, que deverão apresentar testes negativos de Covid-19.

Público externo será limitado a 135 mil visitantes

Realidade de 2019 muito diferente: mais de 400 mil pessoas passaram pelo arque

Realidade de 2019 muito diferente: mais de 400 mil pessoas passaram pelo arque


CLAITON DORNELLES/arquivo/JC
A expectativa é de que a Expointer alcançará a marca de 135 mil visitas nos nove dias de evento, menos de um terço do público da feira de 2019. Um avanço, se comparado ao modelo híbrido adotado no ano passado, mas ainda distante do número das edições realizadas nos anos anteriores à pandemia, em que se chegou a registrar mais de 400 mil visitantes no período total de sua duração. Especificamente no último evento com as catracas disponíveis para o acesso do púbico, 416 mil pessoas visitaram o local.
Durante o período de duração da 44ª Expointer, o público deverá atingir a sua capacidade máxima em pelo menos cinco dos nove dias da feira. As datas em que deverá haver a circulação mais intensa de visitantes no parque estão previstas para o dia 7 de setembro e nos dois finais de semana que compreendem a feira. Até o momento de fechamento desta reportagem, a coordenação havia divulgado que a procura do público estava acima do normal.
Os ingressos não sofreram reajustes de valor em relação à Expointer de 2019 e estão sendo comercializados entre R$ 13, com meia-entrada de R$ 6 para estudantes e idosos. O estacionamento custa R$ 32 ao dia e o camping para expositores de animais, para todo o evento, R$ 280. A venda dos bilhetes está sendo realizada pela empresa Impacto Vento Norte, que venceu pregão para desempenhar o trabalho.
Todavia, os meios de aquisição dos bilhetes não são os mesmos da última edição da feira que contou com a presença de público. Como forma de evitar contato e aglomerações com filas, a venda de ingressos para a ocasião foi elaborada em um modelo exclusivamente online. Para quem deseja visitar o Parque de Exposições Assis Brasil, a única maneira de comprar um ingresso é através do site oficial da Expointer (expointer.rs.gov.br).
Para garantir sua entrada na feira, o visitante precisa se cadastrar na plataforma digital e preencher um formulário sobre sua condição de saúde, informando, inclusive, se já fez uma ou duas doses da vacina contra o coronavírus. Também é necessário assinalar uma declaração de compromisso em relação ao cumprimento dos protocolos sanitários obrigatório. O comprador deverá garantir que não comparecerá à feira caso tenha tido sintomas gripais ou contato com casos suspeitos até 10 dias antes do evento.
Estão disponíveis até 10 bilhetes para cada pessoa ou empresa por dia de feira, sendo que cada ingresso deve conter dados pessoais e CPF. Empresas que desejam ingressos em maior quantidade precisam solicitar diretamente para a Impacto Vento Norte, responsável pela gestão da venda de ingressos.
Uma vez feita a compra do ingresso, um QR Code será gerado para permitir o acesso ao parque, que ficarão abertos das 8h às 19h30min. O portão 2 fica reservado para a entrada exclusiva de visitantes e o portão 15, para o estacionamento.
No caso de o visitante estar impossibilitado de comparecer por questões de saúde, existe a possibilidade de ressarcimento. Para tanto, o cancelamento da compra do ingresso precisa ser feito com 24 horas de antecedência do dia de acesso ao parque.
Uma vez que, de acordo com as projeções do governo do Estado, boa parte dos adultos terá recebido pelo menos a primeira dose da vacina até o início da feira, os visitantes não serão obrigados a apresentar comprovante de vacinação e nem precisarão levar consigo o resultado negativo do teste para o coronavírus. No entanto, o público terá de passar por uma triagem com medição de temperatura na entrada da feira.
No intuito de prevenir o excesso de proximidade e o contato entre os presentes, atividades com música alta, como shows, bailes e apresentações de danças estão proibidas nesta edição da feira. Além de prevenir aglomerações, a ideia por trás do veto é evitar que as pessoas tenham a necessidade de chegar mais perto para falar umas com as outras, ou até mesmo de retirar máscara do rosto brevemente para se comunicar, devido ao volume mais alto.
Além das programações musicais, outras atividades consideradas de risco em meio à pandemia também estão proibidas dentro do parque. Coquetéis, eventos como happy hour, oferta de produtos para degustação; excursões; parque de diversões; e ocasiões que possam gerar a permanência de pessoas em pé em ambientes fechados, entre outros, também não serão permitidas na Expointer deste ano.

Setor de máquinas prevê bons negócios para pequenas e médias empresas participantes

Claudio Bier diz que a feira será uma experiência nova para todos

Claudio Bier diz que a feira será uma experiência nova para todos


/LUIZA PRADO/JC
As máquinas também retornam à feira nesta edição da Expointer. Ao contrário do ano passado, em que a exposição dos equipamentos ocorreu de forma totalmente digital, desta vez 85 empresas confirmaram participação presencial no Parque de Exposições Assis Brasil.
"A Expointer passada foi a feira da superação. A edição deste ano será um grande marco rumo a um Rio Grande do Sul pós-pandemia", comemorou o presidente do Sindicato das Indústrias de Máquinas e Implementos Agrícolas no Rio Grande do Sul (Simers), Claudio Bier.
Apesar da volta do setor de máquinas agrícolas neste ano, o número representa em torno de 60% das empresas que participaram da Expointer nas edições realizadas antes da pandemia, quando até 130 estandes expunham seu maquinário no local. Como forma de incentivo para a presença das marcas, o metro quadrado da área de máquinas custará R$ 34,00 neste ano, 30% a menos que anterior à pandemia.
"Essa Expointer será uma boa oportunidade para as pequenas e médias empresas. As que estiverem presentes na feira deste ano já vão garantir o seu espaço para o ano que vem", assegura o presidente da Simers.
A expectativa de faturamento também ficou abaixo da última edição Expointer que contou com a presença de público. A projeção é que as máquinas registrem cerca de 40% do valor das vendas realizadas da feira de 2019, quando a intenção de vendas das máquinas chegou a R$ 2,69 bilhões.
"É evidente que o número de vendas será menor, já que este ano teremos menos participantes do que em edições anteriores. Essa Expointer será uma experiência nova para todos", avaliou o presidente da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), Gedeão Pereira.
O decréscimo da representatividade do setor na 44ª Expointer se deve, em boa parte, à ausência de grandes empresas que tradicionalmente participam do evento, como a New Holland, a Massey Ferguson e a John Deere. As fabricantes já haviam confirmado, desde o início do ano, que não estariam presentes no evento devido à decisão de cada grupo de se excluir de feiras agropecuárias enquanto a pandemia do coronavírus não chegar a um fim definitivo.
"Decidimos não participar da feira como parte de um posicionamento oficial da empresa. Mesmo assim, estaremos representados na Expointer por meio da presença da nossa concessionária, a Verdes Vales", esclareceu o coordenador de comunicação da John Deere Brasil, Rodrigo Bifani.
Apesar da ausência de marcas conhecidas pelo público gaúcho, o setor está otimista devido ao resultado das safras e as boas perspectivas com o próximo ano. Na avaliação do presidente da Simers, a realização de uma feira de médio porte é motivo de celebração para o segmento.
"No início, fiquei com receio que as empresas médias não viessem. Mas, mesmo em meio a uma pandemia e através de muito esforço, muitas empresas confirmaram sua participação", comemorou Bier.

Bancos atenderão pedidos de financiamentos diretamente no parque

Os tradicionais modelos de financiamento também estarão disponíveis na 44ª Expointer. O Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) irá assegurar um total de R$ 200 milhões em linhas de crédito com foco em sustentabilidade, financiamento de máquinas agrícolas para integração lavoura e pecuária, geração de energia, entre outros. O valor será menor do que o crédito proporcionado na última edição que contou com a presença do público, que teve a totalidade de R$ 300 milhões em recursos.
"O valor disponível nesta Expointer será menor do que em 2019 por conta do tamanho da feira. Reduziu-se o crédito porque houve uma redução no tamanho da feira este ano", justificou Alexander Leitzke, gerente de Planejamento do BRDE e que coordena a equipe técnica do banco na Expointer.
O Banrisul atenderá produtores rurais, expositores e clientes diretamente no Parque de Exposições Assis Brasil. Serão disponibilizadas linhas de crédito rural para todos os segmentos do agronegócio - agricultura familiar, médios produtores e agricultura empresarial, em especial para operações de investimentos em máquinas, equipamentos e melhorias em infraestrutura.
O presidente do Banrisul, Cláudio Coutinho, destaca que a instituição segue firme com seu compromisso de priorizar as cadeias produtivas do agro, sendo que para o ano agrícola 2021/2022 disponibilizou o maior Plano Safra de sua história, com R$ 5,2 bilhões em crédito. "Na edição da Expointer deste ano, mais uma vez o Banrisul estará presente com sua equipe de profissionais especializada em agronegócios para prestar atendimento técnico e comercial aos produtores rurais", salienta.

Pavilhão da Agricultura Familiar terá 228 expositores

Ano passado, foi permitido apenas o acesso via drive thru no local

Ano passado, foi permitido apenas o acesso via drive thru no local


LUIZA PRADO/JC
A volta do Pavilhão da Agricultura Familiar em um modelo similar ao realizado antes da pandemia também dá o tom de retomada da 44ª Expointer. Ao contrário de 2020, quando as vendas ocorreram exclusivamente no formato drive-thru e com apenas 52 estandes, neste ano serão 228 expositores e 210 boxes presentes.
Para os representantes da agricultura familiar, a presença do público no pavilhão é vista como um passo fundamental para a recuperação do setor. Embora elogiado, o sistema drive-thru implementado na última Expointer é avaliado como insuficiente por parte dos empreendedores rurais, uma vez que o formato não conseguiu atingir o mesmo alcance do sistema presencial.
"O modelo de drive-thru que fizemos no ano passado foi importante mas não substitui a feira presencial. Nós trabalhamos diretamente com o público, então a proximidade das pessoas com os nossos produtos é fundamental", afirma Carlos Joel, presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag-RS).
Contudo, o número de pessoas limitado e os protocolos sanitários geram incertezas, na opinião da Fetag. "Não sabemos se o público vai aderir ao modelo desta Expointer. Todos os produtores que estão vindo para a feira têm consciência de que correm o risco de vender pouco", declarou Joel.
Dentro do pavilhão, além de expositores e monitores, 800 visitantes poderão circular simultaneamente em um espaço 7 mil metros quadrados. Uma vez que o limite de pessoas for atingido, a catraca será automaticamente trancada e voltará a ser liberada somente depois que a ocupação interna assim permitir
Apesar da proibição das tradicionais degustações nos estandes, por conta da pandemia, haverá uma área específica para a alimentação dentro do pavilhão. No local, quatro cozinhas servirão sucos naturais, comidas, tapioca e chope. Alimentos adquiridos também poderão ser saboreados nos estandes.
Serão mantidos os concursos para escolher os melhores produtos. Como não será possível a degustação, e as notas eram dadas pelo público, o mel será a única exceção entre os itens que irão a julgamento.
Mesmo com a dúvida pairando sobre os resultados da feira, Carlos Joel faz questão de frisar que o setor está entusiasmado com a Expointer 2021. Na ótica da Fetag, a exposição gerada pela feira com a presença do público já é uma vitória em si. "Os trabalhadores estão eufóricos. Esperamos muito por este momento. Se não vendermos tanto nesta edição, iremos compreender", disse o presidente da Fetag
No total, representantes de 126 municípios do Rio Grande do Sul comercializarão itens como artesanato, queijos e embutidos, vinhos e produtos coloniais.

Pecuária gaúcha passa por momento inédito

Com 4.057 animais inscritos no total deste ano, feita registra um número pouco acima da edição de 2019

Com 4.057 animais inscritos no total deste ano, feita registra um número pouco acima da edição de 2019


/ITAMAR AGUIAR/divulgação/PALÁCIO PIRATINI/JC
A expectativa de que a Expointer se torne o marco do início de um retorno às atividades pré-pandemia não se restringe à volta do público ao Parque de Exposições Assis Brasil. O otimismo gerado pela safra recorde da soja no verão, com um volume de mais de 20 milhões de toneladas de grãos no Estado, se soma a outro símbolo da retomada econômica: esta será a primeira edição da feira com o Rio Grande do Sul oficialmente com o status de zona livre de febre aftosa sem vacinação.
Se, por um lado, a nova identificação impediu a participação de alguns estados, também houve a ampliação da procura de novos expositores. É o caso do Paraná e de Santa Catarina, que possuem o mesmo status sanitário gaúcho.
Mesmo com a condição inédita alcançada pela pecuária do Estado, a expectativa do setor em rumo à feira está dividida. A possibilidade de perder oportunidades junto outros estados que não são zonas livres de vacinação tem gerado receio no setor.
"Para fins de Expointer, abrem-se espaços para mercados como Santa Catarina; outros se fecham. Por enquanto, não posso afirmar se as consequências disso serão positivas ou negativas", ponderou o presidente da Federação das Associações de Criadores de Animais de Raça (Febrac), Leonardo Lamachia.
Mesmo assim, Lamachia vê como positiva a Expointer com público. "Essa edição entra para a história por dois motivos: por estarmos livres da febre aftosa e por fazermos uma feira do porte da Expointer com a presença do público em meio a uma pandemia. Desde o início eu defendi que não podíamos ficar parados. A vacinação avançou no Rio Grande do Sul, e nós avançamos com ela", enfatizou o líder da Febrac.
Em comparação a 2019, o número de animais inscritos permanece praticamente no mesmo patamar, com um leve acréscimo: no total, 4.057 exemplares foram registrados para participar da feira deste ano. Na última edição com público, foram contabilizados 3.975 animais.
Entre os animais inscritos, 1.232 serão exemplares de rústicos e outros 2.825 de argola, estes com um aumento expressivo em relação ao ano anterior. Em 2020, com a contabilidade dos rústicos sendo desconsiderada pela feira, houve a participação de 1.019 animais de argola. Na soma total de inscrições, 515 animais são provenientes dos estados de São Paulo, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina, Paraná, Minas Gerais e Goiás.
Em relação aos rústicos, entre bovinos, equinos de prova e pequenos animais, se encontram 198 bovinos das raças Angus, Ultrablack, Hereford e Braford, 176 equinos de prova das raças Crioula, Paint Horse e Quarto de Milha e 858 pequenos animais, entre chinchilas, coelhos e pássaros. Entre estes, se destaca a presença da raça Hereford, que passou de 46 em 2019 para 87 em 2021, um aumento de 89% na participação.
A surpresa entre as categorias de animais, e que ajudou a elevar o total de inscrições no evento, foi a participação dos ovinos. Com aumento de 3,58% na comparação com 2019, esta Expointer contará com a presença de 810 ovinos de 14 raças e suas variedades, superando o número de 782 inscritos última edição antes da pandemia.
Em relação à edição presencial de 2019, houve uma queda na participação do número de equinos e pássaros no evento deste ano. Para a Expointer 2021 não estão previstas a grande quantidade de leilões ocorridos em 2019 - isso explicaria queda no número de equinos de provas e leilões presentes na feira. Por sua vez, a venda de pássaros fica prejudicada pela restrição de público no parque devido à pandemia. Como o comércio destes animais é direcionado para a venda direta ao consumidor, desta vez os criadores tomaram a decisão de levar um número menor de pássaros para o parque de exposições. De todo modo, um avanço se comparado à feira hibrida do ano passado, que não contou com a participação de aves e nem de pequenos animais.

Monitoramento eletrônico é peça-chave para protocolos sanitários no parque

A tecnologia será peça essencial para que se mantenha o monitoramento sobre a circulação de pessoas em áreas do parque. Os espaços serão monitorados em tempo real através de um sistema de cercamento eletrônico. Controladas através de software e telas de monitoramento, as catracas serão bloqueadas automaticamente até que se reduza o fluxo de pessoas no recinto.
No total, 75 contadores serão instalados no parque. Distribuídos na Feira da Agricultura Familiar, nos pavilhões Internacional e de Comércio e nas lojas e restaurantes localizados no Boulevard, locais que oferecem potenciais riscos de aglomerações, a contagem será feita de modo automático através de tecnologia a laser.
"A sinalização dos contadores automáticos funciona através de níveis. Um sinal de cor amarela aparecerá uma vez que o local alcance o seu número máximo de pessoas. Se o limite estipulado for ultrapassado, aparecerá um sinal vermelho e a entrada do ficará interditada até que se volte ao número de público permitido no lugar", detalhou o subsecretário do Parque de Exposições Assis Brasil, Gabriel Fogaça.
Confiante na efetividade das medidas de prevenção com a proximidade do evento, Fogaça acredita que a adaptação do público ao regramento é o maior obstáculo a ser superado. "O principal desafio será conscientizar o público sobre as novas regras da feira. Muitas destas pessoas estão acostumadas com a Expointer tradicional, sem os protocolos sanitários. Estaremos lá para instruí-las", explicou o subsecretário do parque.
A venda de bebidas e alimentos também será feita em um formato diferente das outras edições. O consumo deverá ser realizado exclusivamente em espaços locados junto à organização do parque, em locais especificamente sinalizados para este fim. O comércio ambulante não será permitido, assim como o público não poderá ingerir alimentos ou bebidas quando em movimento nos pavilhões, nas áreas de circulação do parque e na praça de alimentação.
Dentro do Pavilhão da Agricultura Familiar, os restaurantes deverão seguir regramentos semelhantes aos previstos para os demais serviços de alimentação. Os estabelecimentos deverão manter a separação física do restante do pavilhão, com distanciamento suficiente para que se coíba a formação de filas. No caso das bancas que comercializarem alimentos e bebidas para consumo imediato, como sucos, salgados, entre outros, os clientes serão orientados a consumirem os produtos nas mesas ou em espaços reservados no local.
As tradicionais premiações e os leilões da feira acontecerão de maneira online, preferencialmente. No caso de ocorrerem de forma presencial, restrição de público de acordo com a metragem e características das áreas serão impostos tendo em vista a ventilação do ambiente, espaço de circulação, entre outros aspectos do local.
O formato digital também será priorizado no caso de treinamentos e palestras. Contudo, quando realizados de maneira presencial ou hibrida, normas como o distanciamento mínimo de 1,5 metro entre os assentos e a higienização de microfones antes do uso e nas trocas de cada palestrante ou interlocutor devem ser respeitadas. Com a exceção de apresentadores e palestrantes, os presentes deverão permanecer sentados e serão adotados intervalos mínimos de 30 minutos entre as programações, a fim de facilitar a troca de ar e higienização do local.
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