Publicada em 29 de Setembro de 2020 às 18:05

Produtores de leite comemoram preços em alta, mas adotam cautela sobre futuro

'Produtor está respirando e não ganhando 'lucro'', diz Tang, ao lado da campeã de ordena Roberta

'Produtor está respirando e não ganhando 'lucro'', diz Tang, ao lado da campeã de ordena Roberta


LUIZA PRADO/JC
Patrícia Comunello, do Rio de Janeiro, especial para o JC
A presença de pouco mais de 50 vacas na Expointer 2020, devido a restrições da pandemia que, entre outras medidas, retirou os visitantes do Parque Assis Brasil, contrasta com os melhores preços ao produtor da história. O setor chegou a receber R$ 2,00 e R$ 2,10, mas produtores e entidade do setor adotam cautela, indicando que os ganhos de agora devem ser dosados com os custos em alta nos insumos daqui para frente. 
"O produtor está respirando e não ganhando 'lucro'", resume Itamar Tang, um dos donos da Granja Tang, de Farroupilha, contrastando a valorização dos últimos meses com a elevação dos custos de insumos, que seguem o dólar. Além disso, Tang, que expõe animais na Expointer e nesta quarta-feira (30) vai ter competidoras no Concurso Leiteiro, cita que as propriedades sentem ainda impactos da estiagem. 
O produtor de Farroupilha considera que os atuais patamares são "justos", com ganhos de 20% em granjas bem estruturadas, observa, o que exige um plantel mínimo de vacas e média de mais de 30 litros ao dia por animal. Itamar diz que o setor terá de buscar ração, que tem alta de milho e soja, até porque as exportações de grãos dispararam, pois a oferta de silagem foi prejudicada.
"Tivemos um longo tempo que subsidiamos o produto para o consumidor. E está caro agora? Não é não. Caro é pagar R$ 10,00 por uma cerveja", provoca o produtor. 
"Agora tem de plantar a lavoura para fazer silagem para o ano que vem", complementa Mateus Bazzotti, da Granja Bazzotti, de Ponte Preta, que estreou na Expointer. Aos 21 anos, Bazzotti diz que não pretende fazer investimentos e manterá o plantel, de 70 animais, e focará a melhoria na qualidade da produção. "Fazemos confinamento, o custo com ração é alto. Futuramente talvez vamos ampliar o número de animais", projeta o jovem.  
O presidente da Associação dos Criadores de Gado Holandês do Rio Grande do Sul (Gadolando), Marcos Tang, observa que os impactos da estiagem estão longe de ter terminado. O investimento já feito tem ciclo de médio e longo prazo para pagar. O dirigente recomenda que a hora não é para novos aportes. 
"Nunca recebemos o valor atual, mas o custo está num patamar que nunca pagamos", resume o presidente da Gadolando, lembrando que muitos produtores tiveram de refinanciar compromissos, em função da quebra das lavouras de verão. na hora de pensar em novas aquisições, que podem significar mais dívidas, Marcos Tang adverte: "Não pode esquecer que tem de pagar a conta também quando o preço não estiver bom". 
Mesmo que o preço ao produtor tenha ficado em R$ 1,80 no pagamento em agosto - a alta acumulada do ano supera 42% -, o quilo da ração bem balanceada está a R$ 2,10, compara o dirigente. "Portanto, mais cara que o litro de leite."
Parte da alta do produto, que é sentida na gôndola dos supermercados, está associada a uma demanda mais aquecida, com mais gastos na compra de derivados, como queijo. Marcos Tang avalia que os consumidores que estavam mais em casa buscaram mais diversidade de itens, o que favoreceu o setor.    
A presença de pouco mais de 50 vacas na Expointer 2020, devido a restrições da pandemia que, entre outras medidas, retirou os visitantes do Parque Assis Brasil, contrasta com os melhores preços ao produtor da história. O setor chegou a receber R$ 2,00 e R$ 2,10, mas produtores e entidade do setor adotam cautela, indicando que os ganhos de agora devem ser dosados com os custos em alta nos insumos daqui para frente. 
"O produtor está respirando e não ganhando 'lucro'", resume Itamar Tang, um dos donos da Granja Tang, de Farroupilha, contrastando a valorização dos últimos meses com a elevação dos custos de insumos, que seguem o dólar. Além disso, Tang, que expõe animais na Expointer e nesta quarta-feira (30) vai ter competidoras no Concurso Leiteiro, cita que as propriedades sentem ainda impactos da estiagem. 
O produtor de Farroupilha considera que os atuais patamares são "justos", com ganhos de 20% em granjas bem estruturadas, observa, o que exige um plantel mínimo de vacas e média de mais de 30 litros ao dia por animal. Itamar diz que o setor terá de buscar ração, que tem alta de milho e soja, até porque as exportações de grãos dispararam, pois a oferta de silagem foi prejudicada.
"Tivemos um longo tempo que subsidiamos o produto para o consumidor. E está caro agora? Não é não. Caro é pagar R$ 10,00 por uma cerveja", provoca o produtor. 
"Agora tem de plantar a lavoura para fazer silagem para o ano que vem", complementa Mateus Bazzotti, da Granja Bazzotti, de Ponte Preta, que estreou na Expointer. Aos 21 anos, Bazzotti diz que não pretende fazer investimentos e manterá o plantel, de 70 animais, e focará a melhoria na qualidade da produção. "Fazemos confinamento, o custo com ração é alto. Futuramente talvez vamos ampliar o número de animais", projeta o jovem.  
O presidente da Associação dos Criadores de Gado Holandês do Rio Grande do Sul (Gadolando), Marcos Tang, observa que os impactos da estiagem estão longe de ter terminado. O investimento já feito tem ciclo de médio e longo prazo para pagar. O dirigente recomenda que a hora não é para novos aportes. 
"Nunca recebemos o valor atual, mas o custo está num patamar que nunca pagamos", resume o presidente da Gadolando, lembrando que muitos produtores tiveram de refinanciar compromissos, em função da quebra das lavouras de verão. na hora de pensar em novas aquisições, que podem significar mais dívidas, Marcos Tang adverte: "Não pode esquecer que tem de pagar a conta também quando o preço não estiver bom". 
Mesmo que o preço ao produtor tenha ficado em R$ 1,80 no pagamento em agosto - a alta acumulada do ano supera 42% -, o quilo da ração bem balanceada está a R$ 2,10, compara o dirigente. "Portanto, mais cara que o litro de leite."
Parte da alta do produto, que é sentida na gôndola dos supermercados, está associada a uma demanda mais aquecida, com mais gastos na compra de derivados, como queijo. Marcos Tang avalia que os consumidores que estavam mais em casa buscaram mais diversidade de itens, o que favoreceu o setor.    
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