Cerimônia de abertura das Olimpíadas ocorre sob a sombra da Covid-19

Com temor de uma possível explosão de casos em Tóquio, evento desta sexta-feira (23) será restrito; Brasil terá 4 representantes

Por

Cerimônia de abertura ocorre nesta sexta-feira, a partir da 8h de Brasília, no Estádio Olímpico de Tóquio
Com um ano de atraso por causa da pandemia de coronavírus e forte rejeição popular, Tóquio abre oficialmente nesta sexta-feira (23) os Jogos Olímpicos às 8h (horário de Brasília), no Estádio Olímpico de Tóquio.
Sob o temor de uma possível explosão de casos de Covid-19 na cidade, os protocolos sanitários para a cerimônia estão extremamente rígidos. Uma das consequências disso é um número reduzido de atletas desfilando por cada um dos 206 países no evento de abertura. O Brasil, por exemplo, tem uma delegação de 302 atletas, a 12ª maior entre as nações presentes em Tóquio, mas terá apenas quatro representantes na cerimônia.
Estarão presentes a judoca Ketleyn Quadros, o jogador de vôlei Bruninho, porta-bandeiras da delegação, o chefe da missão e vice-presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COB), Marco La Porta, e um outro oficial administrativo. Nem mesmo o presidente do comitê, Paulo Wanderley, irá ao estádio. O COB entende que a restrição é necessária para evitar o risco de contaminação pelo coronavírus.
Ainda por causa da pandemia de Covid-19, não haverá presença de público e o estádio será aberto somente para convidados. Há uma estimativa de que a cerimônia reunirá até mil pessoas.
Ketleyn obteve a medalha de bronze nos Jogos de Pequim 2008, e o levantador Bruninho tem uma medalha de ouro (Rio 2016) e duas de prata (Londres 2012 e Pequim 2008).
Entre os atletas, a Covid-19 continua fazendo baixas. Os três que testaram positivo mais recentemente foram a holandesa Candy Jacobs, do skate street, o norte-americano Taylor Crabb, do vôlei de praia, e a britânica Amber Hill, do tiro esportivo, que era cotada para conquistar medalha de ouro em sua prova. "Depois de cinco anos de treino e preparação, estou absolutamente arrasada de dizer que, na última noite, recebi um teste positivo de Covid-19", lamentou a atleta de 23 anos.
Segundo a organização dos Jogos, os casos de contaminados entre as pessoas credenciadas, o que inclui os atletas, já chegam a 80. E eles têm de ficar isolados.

Disputas em Tóquio têm início sob forte oposição da população local

Nos dias que antecederam a cerimônia de abertura, a capital japonesa viu a média móvel de infecções pelo vírus crescer mais de 55% em relação à semana anterior, mesmo com a cidade em estado de emergência.
Apesar das constantes ameaças de cancelamento, o governo japonês e o Comitê Olímpico Internacional (COI) garantiram a realização do evento em meio à pandemia com várias alterações em relação ao planejamento inicial. A principal delas é o 68% dos japoneses não acreditam que os Jogos serão disputados com segurança em relação ao controle da pandemia. Os números ajudam a explicar a falta de entusiasmo com o maior evento esportivo do planeta pelas ruas de Tóquio, onde não se vê muitas menções à Olimpíada.

As polêmicas da Olimpíada de Tóquio

Julho de 2015
Projeto do novo estádio olímpico é alterado após críticas por seu alto custo de US$ 2,42 bilhões (mais de R$ 12 bilhões, no câmbio atual).
Setembro de 2015
O Comitê Organizador muda o logotipo dos Jogos após acusação de plágio.
Março de 2019
Presidente do Comitê Olímpico Japonês, Tsunekazu Takeda, renuncia após suspeita de subornar membros do Comitê Olímpico Internacional (COI), em 2013, em apoio à candidatura da cidade de Tóquio.
Março de 2020
COI anuncia o adiamento dos Jogos para 2021. Uma mudança histórica, já que desde a criação do evento, em 1896, os Jogos nunca foram adiados. Durante as Guerras Mundiais, a Olimpíada havia sido suspensa.
Dezembro de 2020
Adiamento e medidas contra a Covid-19 fazem os custos da Olimpíada dispararem para US$ 15,8 bilhões (R$ 85 bilhões), um recorde dos Jogos Olímpicos.
Fevereiro 2021
Yoshiro Mori, presidente do comitê organizador, renuncia ao cargo após declarações sexistas.