Arrecadação cresce 11,3% no período de janeiro a julho

Evolução responde diversamente à economia e preferências dos clientes

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Segundo Coroliano, setor tem convivido com quadro desafiador neste ano
A arrecadação do setor segurador, no Brasil, foi de R$ 151 bilhões (sem considerar os seguros de saúde e DPVAT - Danos Pessoais por Veículos Automotores Terrestres) de janeiro a julho de 2019, alta de 11,3% sobre o mesmo período do ano passado. Foi a primeira vez que a taxa no ano voltou a crescer dois dígitos desde 2015, informa o presidente da Confederação das Seguradoras (CNseg), Marcio Coriolano. Se comparado ao mês de junho de 2019, a receita evoluiu 16,8%, e, em relação a julho de 2018, a expansão foi de 29,2%.
Ele ressalta, ainda, que, na série anualizada de agosto de 2018 a julho de 2019, o mercado registrou avanço de 5,5%, na comparação com o mesmo período até junho, de 3,1%. "O crescimento do setor segurador tem se mostrado desigual, com os seus segmentos e ramos respondendo diversamente ao ciclo econômico e à preferência dos clientes", afirma.
Esse comportamento é ratificado pelo desempenho desigual dos ramos de benefícios (vida, previdência etc.) e de danos e responsabilidades. No segmento de cobertura de pessoas, houve alta de 13,7% no acumulado do ano. "Desta vez, além dos planos de risco - seguros de vida e prestamista - terem mais uma vez se destacado, ocorreu recuperação expressiva da taxa de crescimento dos Planos de Acumulação da Família VGBL (Vida Gerador de Benefício Livre) em 14,6%", assinala Coriolano.
Nos segmentos em destaque, a contribuição mais expressiva partiu do ramo patrimonial, que inclui o seguro residencial, com crescimento de 11,9% de janeiro a julho de 2019 e o de automóvel, alta de 0,09%. "Embora, em volume de prêmios, o automóvel (R$ 20,6 bilhões) supere o patrimonial (R$ 7,6 bilhões), cabe destacar também o crescimento dos planos de vida e risco em 15,9%, e participação de mais de R$ 24 bilhões no total arrecadado pelo setor", comenta.
Outras contribuições de dois dígitos, pela ordem, foram dos ramos de seguros marítimos e aeronáuticos; de crédito e garantias; de responsabilidade civil; e o seguro rural. O segmento de títulos de capitalização subiu 11,5% na base de oito meses acumulados, permanecendo na casa de dois dígitos. Já o segmento de danos e responsabilidades teve evolução menor, de 6%.
Segundo o dirigente da CNseg, o setor convive com um quadro desafiador neste ano, mesmo diante de mudanças importantes em curso no Executivo e no Legislativo, e os reflexos serão a médio e longo prazos para a atividade. "É preciso ter em conta que o setor segurador é caudatário dos fundamentos econômicos, com destaque para produto, emprego e renda da população", alerta ele, lembrando que os números do setor de seguros refletem essa realidade de certa forma, ainda que a trajetória atual possa ser considerada mais animadora.
Quanto às projeções para o próximo ano, a entidade aponta dois quadros possíveis para o mercado segurador em 2020, estabelecendo um intervalo de crescimento entre 1% e 8,1%. Tudo dependerá do comportamento de variáveis externas e internas. No cenário otimista, o seguro conviveria com impactos moderados da desaceleração mundial, com rápidos avanços nas reformas estruturais, reação acelerada do emprego e renda e moderação nos ruídos políticos. No adverso, uma desaceleração da economia mundial poderia ter impactos mais severos para o Brasil, o que, combinado a um ritmo mais moderado das reformas estruturais, além de taxa de emprego e renda em recuperação lenta e ruídos políticos, comprometeria reação do setor.
Para o diretor territorial da Mapfre no Rio Grande do Sul, Guilherme Bini, ainda que a participação do Brasil no mercado segurador global total tenha aumentado de forma constante nos últimos anos, há bastante espaço para crescer, uma vez que o País ainda não alcançou sua maturidade, como os Estados Unidos e em países da Europa. "Segundo o Índice Global de Potencial Segurador, entre 96 países avaliados, o Brasil é um dos 10 mercados com maior potencial para o crescimento de seguros e ocupa a oitava posição no ranking de potencial de crescimento para o segmento Vida e o nono lugar para os demais", destaca ele.

Cultura preventiva pode agregar valor aos produtos ofertados

Na análise de mercado do diretor comercial da Ksa Corretora, Jean Figueiró, há uma grande expectativa de expansão para os próximos anos, mas o principal fator para agregar valor aos negócios será a educação securitária junto à população. Além disso, ele considera a inovação tecnológica importante aliada no trabalho das corretoras.
Segundo ele, é preciso atuar na cultura preventiva com o consumidor e acompanhar as tendências de comportamentos e necessidades da população. "O mercado precisa ter esse olhar especialmente para os jovens e entender quais as suas necessidades e que garantias podemos oferecer a eles. Nesse sentido, após pesquisas da companhia, ofertamos o seguro para acidentes pessoais, que inclui garantias em caso de morte acidental, mas também em caso de invalidez, parcial ou permanente, despesas médicas e hospitalares, entre outros benefícios", explica.
Conforme Figueiró, outro fator importante para a aquisição de um produto é que ele cubra as necessidades daquelas pessoa. "Fazemos uma avaliação de perfil e das necessidades das pessoas quando elas procuram um atendimento consultivo."
Ele destaca, ainda, a percepção da importância do atendimento feito pelo corretor, em caso de um eventual sinistro, e reforça que, mesmo com a evolução tecnológica, o consumidor considera importante o auxílio desse profissional. "O mercado digital está aí como uma ferramenta que otimiza o nosso trabalho, mas também acreditamos que o corretor precisa estar inserido nesse cenário para potencializar o atendimento", garante.
O diretor considera, ainda, fundamental ampliar as discussões acerca da educação financeira e das novas tendências de mercado. "Diante das oscilações da economia no nosso País, temos que trabalhar cada vez mais para difundir a cultura de que as pessoas precisam pensar em garantias para o futuro", completa.