Presidente do STF chama de 'moléstia' a frequente judicialização no Brasil

Para Fux, excesso é causado pela falta de decisões em arenas próprias de discussão

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'Supremo é instado a decidir problemas que devem ser decididos na arena própria', diz Fux
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, alertou para o número excessivo de se buscar no Supremo decisões "até de questões regionais mínimas". Na palestra virtual "A importância do STF na manutenção da democracia brasileira", que ocorreu na segunda-feira (9), na abertura da Semana Virtual Jurídica e de Gestão Empresarial, o ministro classificou como "moléstia" a discussão da prisão após condenação em segunda instância. Segundo ele, no sentimento constitucional do povo consciente não se justificava que uma pessoa investigada, denunciada, condenada em primeira instância e no juízo de apelação, sem possibilidade de rever fatos, autoria e materialidade, não teria razão de não se efetivar a prisão. Isso, de acordo com ele, não é uma paixão passageira. Foi um sentimento constitucional do povo, que foi se sedimentando com base em valores morais estabelecidos na Constituição. 

Fux chama atenção para segurança jurisdicional em decisões do STF

Em um outro exemplo de atuação do Judiciário, por meio do Supremo, foi a definição de que em momento de calamidade a União podia romper o teto de gastos e da competência de estados e municípios nas decisões de medidas relativas ao combate à pandemia da Covid-19.

"A Constituição estabelece na maior boa fé, mas infelizmente, a corrupção é algo incontrolável nesse país e várias prefeituras se aproveitaram desse momento excepcional, mas a verdade é que o Supremo Tribunal Federal estabeleceu a competência concorrente compete à União como ente central, mas aos estados e municípios cabe estabelecer o que é melhor para o interesse local".

Na visão do ministro, o judiciário ao analisar uma questão precisa também levar em consideração as consequências de uma decisão, ao que ele chamou de segurança jurisdicional. Fux defendeu que o Judiciário, como um todo, na democracia, tem que verificar as consequências do resultado da decisão.