Pandemia leva a aumento no número de cibercrimes e evidencia necessidade de cooperação internacional

Representantes do Ministério da Justiça e Segurança Pública discutiram a inclusão do país na Convenção de Budapeste

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Aumento no número de cibercrimes reforça necessidade de cooperação internacional, uma vez que os criminosos geralmente estão localizados em países diferentes das vítimas
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“Estamos numa pandemia de criminalidade digital. Somente no Brasil, temos mais de 400 milhões de dispositivos conectados, entre celulares, computadores e tablets, por exemplo. A cooperação internacional é chave na luta contra a criminalidade cibernética. Nenhum país sozinho consegue ter efetividade, porque este é um crime transnacional. Necessita de repressão uniforme e cooperação entre as polícias e a iniciativa privada”, afirma Barreto. Ele lembra que o cibercrime envolve diversos tipos de delitos, desde ataques a sistemas bancários até exploração sexual infantil.
Barreto participou, na semana passada, de uma webinar sobre a adesão do Brasil à Convenção de Budapeste, um tratado internacional de combate ao cibercrime, que reúne mais de 60 países, e ao qual o governo brasileiro deve aderir. Embora a Convenção de Budapeste esteja em vigor desde 2004, somente em 2019 o Brasil foi convidado a fazer parte do acordo.
A atual chefe da Assessoria Internacional do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Georgia Sanchez Diogo, acompanha o assunto desde 2006, quando o Ministério Público Federal solicitou ao Ministério de Relações Exterior a adesão do Brasil à Convenção. “Naquela ocasião e nos anos seguintes, o Itamaraty avaliava que não seria bom o Brasil aderir a um acordo elaborado pelo Conselho Europeu e do qual não havia participado da criação. Algumas autoridades, de diversos países, entendiam que a Convenção não tinha um caráter universal”, lembra Georgia.
Em 2019, o então ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, enviou novo ofício ao Itamaraty, solicitando a adesão ao acordo, “com a maior rapidez possível”. Ainda no ano passado, o país foi convidado a fazer parte da Convenção e, em julho de 2020, o presidente Jair Bolsonaro encaminhou ao Congresso Nacional o processo de adesão. “Houve uma mudança de mentalidade das autoridades no mundo todo sobre o cibercrime”, aponta a chefe da Assessoria Internacional.

Adesão do Brasil à Convenção de Budapeste deve ser tratada com urgência

Alesandro Barreto reconhece que o Brasil já evoluiu no combate ao cibercrime, com o Marco Civil da Internet e, LEIA TAMBÉM: Adequação à LGPD é obrigação legal de empresas
Barreto destaca também a importância da agilidade nas ações entre os países no combate ao cibercrime. “Na persecução penal desse tipo de delito, tempo é vida. E a melhor ferramenta é a capacitação das polícias e a troca de informação, com uma legislação ágil e compatível”, afirma.
A adesão do Brasil à Convenção de Budapeste está sendo debatida em uma série de cinco webinars, promovidos pela consultoria Ltahub, especializada no combate ao cibercrime.