Porto Alegre, sexta-feira, 31 de agosto de 2018.
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Jornal do Com�rcio

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Pecu�ria

Not�cia da edi��o impressa de 31/08/2018. Alterada em 30/08 �s 00h00min

Gen�tica e bom manejo: receita para gerar grandes campe�es

Ginete Guto Freitas destaca o treino necess�rio para formar um cavalo como o JA Libertador, bicampe�o do Freio de Ouro

Ginete Guto Freitas destaca o treino necess�rio para formar um cavalo como o JA Libertador, bicampe�o do Freio de Ouro


/MARCELO G. RIBEIRO/JC
Ana Esteves
Investimentos em genética e bom manejo são a base da receita para a criação de um animal candidato a grande campeão da Expointer. Muitas vezes, o sucesso é tanto que rende títulos históricos da raça como o bicampeonato do cavalo JA Libertador, vencedor da 36ª edição do Freio de Ouro.
"Tudo começa pela genética, pela escolha de uma boa égua e de um bom reprodutor que consigam expressar uma excelente morfologia, que é determinante para que o animal seja competitivo", afirma o membro da comissão de provas funcionais da Associação Brasileira dos Criadores de Cavalos Crioulos (ABCCC), Luis Rodolfo Machado. O primeiro bicampeão do Freio (2015 e 2018) começou sua trajetória com uma boa doma, passou para a fase de condicionamento físico, com exercícios de trote e galope duas vezes ao dia, todos os dias. Depois, começou o treinamento técnico de giro, esbarro e paleteada que são modalidades do Freio de Ouro.
"Normalmente, o cavalo atleta fica um ano treinando para se preparar para uma prova, até porque essas provas são uma forma de seleção genética", destaca o ginete, Cezar Augusto Freire. "Treino e alimentação são a base: alfafa, ração balanceada para cavalo atleta, com bastante energia e proteína, e algum suplemento antes das provas. Precisa, ainda, boa andadura, força, ser um bom vaqueiro e saber da lida do campo. O Libertador, com apenas seis anos, tem todas essas características", afirma Freire.
O equino pertence a um condomínio de criadores do Paraná e de São Paulo. Machado acrescenta a importância de um bom ambiente para criar: campo com pastagem e água de boa qualidade, cocheiras bem arejadas e limpas todos os dias, e escovação do pelo. O técnico destaca a necessidade de pontuar bem na prova morfológica, na qual são avaliados selo racial, ângulos articulares, cabeça, cascos, silhueta, harmonia de inserção de dorso, lombo e garupa, cernelha, cola inserida, estrutura óssea, correção de aprumos, garupa forte e musculosa, entre outros. "É importante que o animal se enquadre bem dentro do que a raça procura."

Cria��o precisa de cuidados nos m�nimos detalhes

Vaca Fest Leite Damasco, de Paulo Ferraboli, produziu 76,5 quilos de leite
Vaca Fest Leite Damasco, de Paulo Ferraboli, produziu 76,5 quilos de leite
/MARCELO G. RIBEIRO/JC
A grande campeã leiteira deste ano, Fest Leite Damasco, tem uma vida de rainha na Granja Ferraboli, onde vive: confinamento free stall, com cama alta e individualizada, ventilador para aplacar o calor e um rádio, para que a música ajude a mantê-la calma. Todo cuidado é pouco, pois qualquer alteração no conforto desses animais pode reduzir a produção. "Os segredos são bem-estar animal e boa genética. Fazer um bom acasalamento e criar bem a terneira, dar boa comida para sempre ter saúde", disse o criador Paulo Ferraboli.
A vaca produziu 76,59 quilos de leite para sagrar-se campeã. O superintendente técnico da Associação dos Criadores de Gado Holandês (Gadolando), José Luis Rigon, afirma que, desde antes de o animal nascer, o criador tem que fazer seleção e procurar, dentro do seu patrimônio genético, animais com aptidão para alta produção leiteira, bom índice de sólidos no leite, produtividade e longevidade. Também pode fazer o acasalamento corretivo para funções como pata fraca, úbere anterior menos ligado no ventre, úbere posterior alto e largo. "Uma campeã se faz com cuidados desde o início da vida, boa alimentação a pasto e ração. Uma terneira sadia pode ganhar mais de 600 g de peso ao dia, chega na primeira cria com 540 kg de peso vivo e pode dar mais de 30 litros de leite na primeira cria, o que é excepcional."

Sele��o de bovinos tem foco em carne de qualidade

Entre os bovinos de corte, a criação de um animal com o objetivo de transformá-lo em um grande campeão passa por fatores genéticos, com seleção para boa profundidade de costela, bons comprimento e rendimento de carcaça. "Tem que imaginar a linhagem desse animal produzindo carne no frigorífico e com uma boa avaliação carniceira, sem descuidar do padrão racial", afirma o vice-presidente da Associação Nacional dos Criadores (ANC) e técnico da Angus, Flávio Montenegro Alves.
Segundo Alves, é importante a busca de equilíbrio entre todas as características morfológicas dos animais: ter bons aprumos, caminhar bem, ter boa estrutura óssea para carregar a "carne que ele tem em cima". Além disso, a relação do animal com o tratador é determinante, pois é ele quem ensina o bovino a caminhar, ter docilidade para poder entrar em pista e se exibir para o jurado. "Para isso, o tratador treina o animal o ano inteiro." O touro Angus Guarita244TEI Tomahawk faturou o bicampeonato na sua categoria, e o segredo, segundo o proprietário da Estância Guarita, Alex Fonseca, está na seleção genética e na boa alimentação diferenciada, ração bem balanceada com proteína e energia."
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