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Oferta da vacina contra Covid na rede privada tem pouco interesse em Porto Alegre
Queda da Lei 14.125/2021 possibilita a venda do imunizante da AstraZeneca pelo setor
Embora a venda de vacinas contra a Covid-19 na rede privada esteja liberada, a movimentação nas clínicas de Porto Alegre para adquirir o imunizante ainda é pequena. A comercialização do produto por empresas particulares tornou-se possível com a queda da Lei 14.125/2021, que impedia a oferta pelo setor.
Inicialmente, apenas a vacina produzida pela AstraZeneca poderá ser vendida nas clínicas particulares, que importarão as doses direto do fabricante. De acordo com a Associação Brasileira das Clínicas de Vacinas (ABCVAC), devem ser disponibilizados dois milhões de doses na rede privada.
Em Porto Alegre, a MDC Vacinas já está fazendo o cadastro de clientes interessados em se vacinar contra a Covid. Guilherme Doernte, um dos sócios da clínica, conta que, desde a última semana de maio, quando abriram as inscrições, cerca de 60 pessoas já se apresentaram. Para adquirir as vacinas, a clínica precisa ter 100 interessados. “Acreditamos que, ainda em junho, tenhamos o número fechado. A partir daí, entraremos em contato com os clientes e daremos início à vacinação”, diz Doernte.
O sócio da MDC Vacinas diz que a demanda ainda é um pouco baixa. “A opção de buscar uma clínica privada para se imunizar é para quem não quer esperar o momento de receber a dose de reforço pelo SUS ou que não está com o esquema vacinal completo”, explica. A dose da vacina contra a Covid vai custar R$ 287,00 na MDC.
Em outras clínicas, ainda não foi batido o martelo sobre a compra das doses. Mesmo com a procura de algumas pessoas pelo produto, os proprietários acreditam que só clientes muito fiéis vão optar por pagar para receber a imunização, oferecida gratuitamente pelo SUS.
Segundo Danielle Abadi, enfermeira da Imunitá, a direção da clínica optou por não comercializar a vacina neste primeiro momento. “Como a liberação para a venda na rede privada ficou muito próximo do término da data de validade das vacinas disponíveis para compra, que é até agosto, fica apertado para fazer o pedido mínimo de 100 doses, divididos em 10 frascos com 10 doses cada”, esclarece.
Farmácias e hospitais que oferecem vacinação contra vários tipos de doenças também não decidiram ainda se vão comprar o imunizante da AstraZeneca. É o caso da rede de farmácias Panvel, sem definição se vai adquirir ou não as doses. O Hospital Moinhos de Vento também ainda não tem previsão de quando vai oferecer a vacina contra a Covid.
O Jornal do Comércio contatou o Ministério da Saúde questionando sobre o posicionamento da pasta em relação ao início da venda das vacinas contra a Covid na rede privada, mas não obteve retorno até o fechamento desta reportagem.
Oferta na rede privada é reivindicação antiga do setor
Passado mais de um ano do início da vacinação contra a Covid-19 no Brasil, apenas agora as clínicas privadas podem oferecer o produto. Empresas de São Paulo e Belo Horizonte já começaram a vender doses de AstraZeneca.
Segundo a Associação Brasileira das Clínicas de Vacinas (ABCVAC), desde o começo da imunização a entidade se disponibilizou a participar, mas isso não ocorreu inicialmente devido à escassez de doses, e depois em função da lei que dificultava a venda das vacinas.
A ABCVAC considera que o setor poderia ter colaborado muito mais, porém foram acatadas as diretrizes do Ministério da Saúde. A partir do término da vigência da Lei 14.125/2021, o segmento pode cumprir o papel de complementar o programa nacional de imunizações.
“Esperamos que, com o passar do tempo e o controle total da pandemia, a vacina de Covid venha a se tornar uma vacina de rotina, como a de gripe, por exemplo. Acreditamos que em algum momento haverá um estreitamento da faixa etária e grupos vacinados pelo PNI, e assim as clínicas atuarão como complemento e para aqueles não elegíveis, como já acontece na vacina de gripe”, diz Geraldo Barbosa, presidente da associação.
O preço de venda do imunizante será definido por cada clínica e de acordo com cada região. A estimativa é que varie em média entre R$ 300,00 e R$ 350,00 para o consumidor final, devido aos custos com logística, armazenamento, seguro, aplicação e etc.
Além da imunização contra a Covid, a ABCVAC lembra da importância de manter o calendário vacinal em dia em relação a outras doenças. Atualmente, são mais de 3 mil pontos de vacinação espalhados pelo Brasil.
Como vai funcionar a aplicação da vacina contra a Covid nas clínicas particulares
- Será oferecida a vacina produzida pela AstraZeneca, a mesma vacina dada na rede pública (Fiocruz), porém importada diretamente da fabricante.
- Como 3ª dose, todos acima de 18 anos podem tomar, independentemente do esquema primário, desde que faça pelo menos 4 meses que recebeu a 2ª dose.
- Para a 4ª dose, pacientes de 18 a 60 anos que não estejam elegíveis nas orientações do PNI, devem aguardar orientação médica para reforço.
- Cada paciente deve entrar em contato com sua clínica de confiança, se informar e fazer agendamento conforme a disponibilidade de doses, pois os frascos após abertos tem 48 horas de validade, dessa forma, deve haver um planejamento para não haver desperdício.
- As clínicas também devem checar as doses que o paciente já tomou e efetuar as devidas orientações.
- Todas serão registradas no programa de informações do governo federal, o ConecteSUS, como já acontece com as outras vacinas.