Para a AGV, é importante manter contato com o cliente

Sérgio Galbinski, da AGV, destaca que os empresários cumprem as normas sanitárias

Por JC

Sérgio Galbinski, da AGV, destaca que os empresários cumprem as normas sanitárias
Há iniciativas que, mesmo aparentemente simples, ajudam no fluxo de caixa e, o mais importante, também mantêm o contato com os clientes em um momento de portas fechadas para o varejo gaúcho devido ao coronavírus. De acordo com Sérgio Axelrud Galbinski, presidente da Associação Gaúcha para o Desenvolvimento Varejo (AGV), a instituição, que reúne 135 entidades entre Sindilojas, Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDLs) e Associações Comerciais (ACIs), com um universo de 27 mil empresas associadas, mantém diversas ações em defesa do setor. O contato e a troca de informações entre os associados são importantes, principalmente neste momento de crise.
Galbinski destaca o fundamental papel da AGV em manter um canal permanente entre os associados para prestar orientações e ouvir o que os empresários têm para dizer. O dirigente também relata iniciativas das empresas com o objetivo de manter seu fluxo de caixa. Pelo WhatsApp da AGV chegou uma boa ideia: uma empresa montou uma pequena mala com peças de vestuário e a levou para os seus clientes que, sem sair de suas casas, compraram as mercadorias. "É algo simples, porém o objetivo maior era fortalecer os laços com os clientes", avisa Galbinski.
Pelo contexto que se apresenta, porém, o dirigente manifesta grande preocupação com o agravamento da crise econômica, reflexo da pandemia de Covid-19. Galbinski diz que está apreensivo com as paralisações das atividades comerciais no Rio Grande do Sul, em decorrência das normas restritivas impostas pelo governo do Estado e pelas prefeituras com objetivo de restringir o fluxo de pessoas nas ruas e nos estabelecimentos, como forma de tentar reduzir a taxa de contaminação pelo coronavírus.
Segundo ele, não só as restrições afetam diretamente a sobrevivência das empresas, como também fizeram surgir uma percepção entre os empreendedores de que, de certo modo, a população julgue o setor varejista como culpado pela pandemia. "Claro que as pessoas sabem que o comércio não é o causador desta situação (de abre e fecha dos estabelecimentos), mas ela é gerada a partir do fato de que as pessoas se movimentam e podem carregar o vírus. Porém, a gente fica com este sentimento negativo", diz. O dirigente reforça o fato de que os empresários cumprem integralmente as normas sanitárias e se sentem penalizados pelos governantes.
Galbinski explica que a AGV integra o grupo do comitê de crise da Covid-RS do governo do Estado, para dar opiniões e para defender os interesses dos empresários. Lembra que, em uma ação recente da AGV, conseguiu reverter restrição impostas para o funcionamento de tele-entrega e do drive-thru a partir das mudanças de bandeiras e que separa o Estado por regiões. O dirigente lembra que a AGV também realiza a campanha "Economia local depende da sua ação pessoal". Trata-se de uma ação voltada às pessoas com o objetivo de reforçar os cuidados com à Covid-19 para que a economia local continue, pelo menos, aberta.

"Parece que a culpa pela transmissão é nossa, com esse abre e fecha"

Jornal do Comércio - O que a AGV tem feito para auxiliar os associados neste momento?
Sérgio Galbinski - A Associação Gaúcha para o Desenvolvimento Varejo (AGV) participa do grupo Covid-RS do governo do Estado, que é um comitê de crise. A AGV dá opiniões - tem um grupo, no qual participam também a Fecomércio-RS, a Federasul, participa o governador e alguns secretários. É uma iniciativa importante. A AGV também criou a campanha "Economia local depende da sua ação pessoal", para convencer as pessoas a se cuidarem mais para que a economia local continue, pelo menos, aberta. O objetivo desta campanha não era nem uma questão de consumir mais, mas um alerta para as pessoas: não se contaminem para que as bandeiras não aumentem e que os estabelecimentos possam ficar abertos.
JC - É um alerta sobre a importância do comércio aberto?
Galbinski - As lojas têm que fechar (para evitar o aumento de contágio pela Covid-19) e as pessoas parecem que ficam pensando que é por causa do comércio, mas não é. A população, em geral, se locomove, pega ônibus, as pessoas se encontram, então, é natural que se tenha a contaminação por causa do vírus. A AGV tenta mostrar para as pessoas que, se elas continuarem se contaminando, o comércio vai deixar de existir - o comércio de produtos não essenciais. Porque todo o problema está nos não essenciais. Material de construção pode abrir, ótica pode abrir, de pneus pode abrir, de automóveis pode abrir. E as lojas não essenciais, de roupas e calçados, não podem. Acontece que 90% das lojas são de roupas e de calçados. Então, a gente resolveu fazer esta campanha.
JC - E as lives, como funcionam?
Galbinski - A AGV também tem lives nas quintas-feiras à noite, às 20h. A gente já trouxe José Galló, da Renner; também as Lojas Colombo e demais empresas grandes para falar o que estão fazendo. São lives rápidas, normalmente, de 15 a 20 minutos para contar o que eles estão fazendo. Estamos recebendo entre 80 a 100 pessoas. Então, as lives estão funcionando. A AGV tem o seu grupo de diretoria, que troca ideias, e, por intermédio das mídias, a instituição procura apresentar para população e para o governo do Estado que os lojistas estão passando por necessidades, repercutindo junto à opinião pública.
JC - Como está a imagem do setor hoje?
Galbinski - O comércio está muito chateado com a sensação de que parece que a culpa é do setor. Claro que as pessoas sabem que o comércio não é o causador desta situação, mas ela é gerada a partir do fato de que as pessoas se movimentam e podem carregar o vírus. Porém, a gente fica com este sentimento negativo de ter que fechar as portas. Por outro lado, os ônibus estão cheios de pessoas. E a gente não podia nem utilizar o provador de roupas! A nossa loja nunca será uma sala cirúrgica, tem que passar álcool no vestuário, enquanto no ônibus todos podem sentar e conversar.
JC - A AGV abre espaço para conversar com os associados?
Galbinski - A AGV busca se comunicar com os lojistas, transmitir ideias, reverberar informações. Representamos as entidades de Porto Alegre e do Interior. Muitos lojistas do Interior captam as ideias e as encaminham para o grupo de WhatsApp da entidade. E nós conversamos, realizamos reuniões para tratar tanto dos problemas quanto discutir soluções.
JC - Até que ponto é possível o comércio traçar estratégias para os negócios no atual cenário?
Galbinski - Vou dar um exemplo de uma loja de roupas. Elas trabalham com coleções, como é que o empresário vai ficar comprando mercadorias com base em uma determinada meta? Tipo, no próximo mês, eu vou vender tantas blusas e tantas calças, se ele nem sabe se estará aberto ou fechado em decorrência das bandeiras? Assim, não dá. Para a loja de vestuário e de calçados, que tem coleções de inverno e de verão, o pessoal não fez compras. Eles irão vender o que têm guardado. E vai vender muito menos, porque não fez as encomendas em razão de não saber se estará aberto ou fechado.