Classe B e jovens dominam o comércio de rua em Porto Alegre

Pesquisa indicou o perfil do consumidor de Porto Alegre e as tendências no uso de tecnologias, hábitos de lazer e de investimentos, entre outros

Por Caren Mello

Apuração foi feita entre os dias 1 e 24 de junho, em vários locais públicos de diversos bairros, entre eles Centro, Tristeza e Azenha
A classe B deixou os shoppings centers e aderiu às compras nas lojas de rua, voltando a patamares semelhantes aos identificados antes da crise. Esta é uma das principais conclusões da pesquisa realizada pela Escola Superior de Propaganda e Marketing do Rio Grande do Sul (ESPM-Sul), no último mês de junho. Em parceria com o Jornal do Comércio, a apuração foi feita entre os dias 1 e 24 de junho, em vários locais públicos de diversos bairros, entre eles Centro, Tristeza e Azenha, além de locais específicos, como avenida Assis Brasil e Parque Moinhos de Vento, regiões que possuem comércio de rua.
Foram levantados dados sobre a opinião dos moradores da Capital quanto às suas formas de consumo, hábitos e preferências de produtos. Em 401 questionários válidos, a amostra trabalhou com uma margem de erro de 5% para mais ou para menos, considerando um intervalo de confiança de 95,5%. Em relação ao sexo dos entrevistados, a distribuição manteve-se conforme o perfil da população porto-alegrense, que, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é 54% de mulheres. No que diz respeito à idade, o índice, de uma maneira geral, teve uma maior participação dos mais jovens e dos adultos de 45 a 55 anos.
De acordo com a pesquisadora e professora da ESPM-Sul, Liliane Rohde, aumentou o número de jovens que não estudam, nem trabalham. "Esse foi um fato relevante: voltamos para o patamar de 2017, sendo que, no ano passado, havia tido uma queda", observa a pesquisadora, lembrando que também houve um aumento de circulação na rua de pessoas na faixa de 35 a 45 anos.
Quanto à classe social, a representatividade da classe D e E voltou ao patamar de 2017. "A crise econômica levou a classe B, que ia a shoppings, para a rua. Ela foi mais que a classe C, sendo que esta (C) é, em números, maior em Porto Alegre do que a B. A pesquisa demonstra que 46% dos entrevistados pertenciam à classe B, índice semelhante ao dos anos 2016 (48%) e 2017 (49%).
Outra característica a ser destacada pela pesquisa é de que o porto-alegrense não está mais poupando em lazer e viagens. Houve um crescimento significativo do ano passado para cá das pessoas que viajam duas vezes por ano, de 1% em 2018 para 15%, em 2019. Já na ida a shows, o percentual manteve-se estável em relação ao ano passado. Na avaliação da pesquisadora, há um indicativo de que, mesmo enfrentando as diversidades da crise, o porto-alegrense optou por não cortar o lazer. "Estão cortando em roupas, calçados e mesmo em alimentação, mas, em relação aos cortes no lazer, no comparativo com os dois últimos anos, parece que o consumidor 'deu um basta'. É o estilo de vida que está mudando", diz Liliane.
Dentro dessa escolha, uma das conclusões da pesquisa é de que o porto-alegrense está indo mais a shopping, porém, principalmente pelos atrativos de entretenimento do que propriamente pelas compras. O percentual que vai aos shoppings mais de uma vez por semana aumentou significativamente - de 8% para 13% - no comparativo com o ano passado. O índice dos "eventuais" trocou para "o que vai sempre", mesmo que seja para consumir um lanche rápido. O levantamento demostra que 35% dos porto-alegrenses vão mensalmente nestes locais. 
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Nova avaliação desvendará o consumo feminino

Os dados da pesquisa serão desdobrados em uma nova avaliação. Todos os anos o caderno GeraçãoE realiza, nesta mesma parceria com a ESPM-Sul, um novo levantamento para entender os hábitos de consumo da população.
A edição de 2019 está focada no público feminino, com o objetivo de servir de matéria para os empreendedores.
Os resultados serão apresentados no dia 31 de julho, durante evento no Jornal do Comércio, e irão compor a edição do caderno GeraçãoE do dia 1 de agosto.