Uma janela de oportunidades abre-se neste ano para a Federasul

Reforma da Previdência, ajuste fiscal e privatizações das estatais gaúchas trarão mais confiança

Por Caren Mello

CADERNO COMÉRCIO Fotos da presidente da Federasul, Simone Leite.
Presidente da Federação de Entidades Empresariais do Rio Grande do Sul (Federasul), Simone Leite acredita que após um período de individualismo e de negação da política, o brasileiro deu-se conta de que a fórmula não dá resultados. Segundo ela, é preciso união, determinação e atitudes propositivas para que o País volte a "entrar nos trilhos", retomando o crescimento econômico. Encabeçando a entidade associativa dos setores da indústria, comércio, serviço e agricultura, a dirigente acredita que os últimos movimentos na área da política e da economia são oportunidades para que o Brasil e o Rio Grande do Sul voltem a crescer.
O indicativo de que o País começara a deixar para trás um período de crise - seja na ética ou na política - aconteceu próximo às eleições, segundo ela. Quando o brasileiro foi para as ruas, com bandeiras, ficou evidenciado o sentimento de esgotamento, que, consigo, demonstrou, também, a superação do individualismo. A partir daí, criou-se um sentimento de euforia para 2019. De certa forma, exagerado, pondera a presidente, como se houvesse uma fórmula mágica que tudo mudaria. Neste sentido, alerta: "A economia é movida por expectativa. O ano começou antes do Carnaval, mas ainda há muito a ser feito".
A reforma da Previdência, o ajuste fiscal e as privatizações são preponderantes para que o País volte a crescer. Sem eles não haverá novos investimentos, recursos externos ou obras de infraestrutura, que movimentam a economia e geram a abertura de novos postos de trabalho.
Simone entende que só haverá uma reação da economia com o ajuste fiscal, que, por sua vez, só acontecerá a partir da reforma."Este ano de 2019 abriu uma janela de oportunidades: uma janela para transformar a economia e retomar a ética e a moral na política. É em 2019 que precisamos fazer a reforma da Previdência, que temos condição de fazer a reforma tributária. É em 2019 que temos que continuar apoiando a Lava Jato, e é em 2019 que teremos esse novo horizonte no Estado. São janelas que se abrem e que precisamos aproveitar", pontua.
Como forma de reorganizar a sociedade e elencar as prioridades coletivas, a Federasul realiza, desde fevereiro, fóruns regionais. Neles, prefeitos, vereadores e lideranças empresariais de oito macrorregiões fazem o mapeamento das prioridades que serão levadas, ao final do ano, para o governador Eduardo Leite e o presidente da Assembleia, Luís Augusto Lara.
A entidade também lançou a campanha "Sim à reforma da Previdência", de esclarecimento à sociedade. Como forma de contrapor os partidos de esquerda, a entidade posicionou-se para esclarecer que o atual sistema produz, acima de tudo, injustiça social. "O Rio Grande do Sul, através das nossas 168 entidades filiadas e mais de 90 mil empresas sob o nosso guarda-chuva, está recebendo munição para esclarecer à opinião pública", diz a presidente, ao ressaltar que 50% da arrecadação de ICMS do Estado vai para cobrir o déficit da Previdência. "É um ICMS caro que é drenado para a Previdência, mas que poderia ser direcionado para o desenvolvimento social."
Embora essa reforma gere resultados a partir de um prazo de oito a 10 anos, seus efeitos práticos já poderiam ser sentidos logo à sua aprovação. O Brasil se tornaria mais atrativo e aumentaria a confiança dos investidores, o que tiraria o País da estagnação econômica.
A Federasul também tem ações voltadas à defesa das privatizações, como forma de restabelecer a economia do Estado. "Se no País passamos por uma crise ética, política e econômica, no Rio Grande do Sul ela é financeira. Precisamos desse rearranjo", observa Simone, ao destacar que o equilíbrio para as contas públicas irá gerar investimentos e abertura de postos de trabalho.
A entidade ainda está vigilante quanto à proteção das empresas diante do crescimento do comércio virtual. Embora não trabalhem de forma específica em campanhas voltadas a esse setor, a defesa da diminuição da carga tributária é um ponto importante para a manutenção do comércio físico. "O comércio pela internet teve uma ascensão porque a carga de impostos é menor. Temos que criar mecanismos para que o comércio não feche e não demita. Nosso radar está sempre atento à manutenção das empresas e preservação dos postos de trabalho. A própria arrecadação do Estado cai. É um olhar econômico e social."

Fóruns Regionais têm incentivado o debate coletivo

A Federasul realizou, desde fevereiro, cinco Fóruns Regionais, como forma de reorganizar a sociedade e elencar as prioridades coletivas. Infraestrutura e logística, envolvendo portos, dragagens, novas opções de modais estão entre os focos principais. Em três dos cinco encontros, projetos envolvendo o turismo também foram citados como emergências. 
De acordo com Simone Leite, presidente da Federasul, as principais demandas também passam pela saúde, com investimentos que potencializem mais serviços de pronto socorro. O Fórum Rio Grande em Transformação faz, em cada reunião, uma radiografia da realidade do Rio Grande do Sul e, ao mesmo tempo, discute ações que possam beneficiar não apenas a cidade, mas a região.
A Federasul trabalha de forma a tornar o Rio Grande do Sul um Estado atrativo a negócios, ao mesmo tempo que desenvolve o espírito de pertencimento e de transformação do cidadão em relação à sua região. "Queremos que as pessoas pensem de forma coletiva, o que desenvolve a região, não apenas o seu mundo", destaca a presidente Simone Leite.