Transição energética não significará fim dos combustíveis fósseis

Setores da economia, como o industrial, deverão continuar consumindo derivados do petróleo

Por Jefferson Klein

Colette participa amanhã de webinar sobre transição energética
Apesar dos avanços das fontes renováveis, como a solar e a eólica, e de cada vez mais a mudança energética ser pauta de países e empresas de todo o mundo, a transformação em andamento não deverá resultar no fim do aproveitamento dos recursos fósseis. Conforme a especialista em transição e regulação de energia, Colette Honorable, essa pode não ser uma resposta popular, mas os combustíveis fósseis não serão extintos.
“Precisamos de combustíveis fósseis e precisaremos deles daqui para frente, mas vamos usá-los menos”, afirma Colette. A norte-americana é atualmente membro do Grupo Reed Smith’s Energy and Natural Resources e também foi consultora na Federal Energy Regulatory Commission e conselheira na Arkansas Public Service Commission.
Segundo a especialista, o mundo pode reduzir ou eliminar fontes mais intensivas em carbono sempre que possível, como carvão, petróleo ou diesel. Entretanto, haverá necessidade desses recursos no setor industrial e em alguns segmentos comerciais. “Mas, podemos fazer essa transição com ponderação e planejamento adequado. Mudar de carvão ou petróleo para gás ajudará significativamente”, aponta.
Ela cita ainda que, de acordo com a Agência Internacional de Energia, em 2020, a geração de eletricidade renovável aumentou aproximadamente 7%, com as tecnologias eólica e solar fotovoltaica juntas representando quase 60% desse incremento. A participação das energias renováveis na geração global de eletricidade atingiu quase 29% no mesmo período, uma elevação anual recorde de dois pontos percentuais. Porém, Colette frisa que a implantação de energia renovável como um todo ainda precisa se expandir significativamente para alcançar o cenário de emissões líquidas zero até 2050 e os 60% de geração até 2030. “Essas informações estatísticas me dizem que, embora a energia renovável cresça substancialmente nas próximas décadas, ela talvez não cresça a ponto de superar os combustíveis fósseis”, comenta.
A especialista acrescenta que, além da transição energética, há várias outras ferramentas que ajudarão a conter o aquecimento global. Para ela, o instrumento mais importante é a eficiência energética. Colette enfatiza que o quilowatt de energia mais barato é aquele que nunca foi usado. “Hoje vivemos nossas vidas de uma maneira que sugere que os recursos energéticos são infinitos. Eles não são e devemos nos comprometer a ser mais conscientes e atenciosos com o nosso uso de energia”, defende.
Colette participará na terça-feira (10), a partir das 10h, de um webinar promovido pelo governo gaúcho, por meio da Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema), em conjunto com a Embaixada e Consulados dos Estados Unidos no Brasil para tratar do tema da transição energética. O evento é aberto a todos os interessados e será transmitido pela plataforma Zoom. A abertura contará com o governador Ranolfo Vieira Júnior e o cônsul-geral dos EUA em Porto Alegre, Shane Christensen. O encontro terá, ainda, a mediação do secretário chefe da Casa Civil, Artur Lemos Júnior, e a participação da secretária da Sema, Marjorie Kauffmann. Interessados em participar devem acessar o link http://bit.ly/energiaeuars.