Fórum da Liberdade chama a atenção para o avanço dos regimes totalitários

Outra preocupação ressaltada foi o controle dos meios de imprensa

Por Jefferson Klein

Debates do Fórum da Liberdade seguem ocorrendo no Centro de Eventos da Pucrs, em Porto Alegre
A transformação de nações autoritárias em totalitárias foi uma das preocupações apresentadas na primeira palestra da tarde da abertura do 35º Fórum da Liberdade, nesta segunda-feira (11). O evento desse ano, que será realizado até esta terça-feira (12), no Centro de Eventos da Pucrs, em Porto Alegre, tem como tema “Você é livre para discordar?”.
Iniciando o debate do painel “Autoritarismo e Liberdade de Expressão”, o vice-presidente de Programas Internacionais da Atlas Network, Tom Palmer, que participou do encontro de maneira online, foi um dos que manifestou o receio com o fortalecimento do totalitarismo em algumas nações. Entre os países que enfrentam problemas nesse sentido, indica ele, estão a Rússia e a China. “Todas as instituições têm que estar de acordo com o partido (que exerce o poder)”, destaca o vice-presidente de Programas Internacionais da Atlas Network.
Particularmente quanto à Rússia, Palmer critica o controle da imprensa e a brutal invasão na Ucrânia. Questionado pelo público que acompanhava sua palestra se havia diferenças entre regimes autoritários de esquerda e de direita, ele argumentou que, embora distintos, os representantes dos dois movimentos se apresentam como os únicos representantes dignos do povo.
Já o doutor em Ciências Sociais, mestre em Planejamento Econômico e diplomata, Paulo Roberto de Almeida, ressalta que o fascismo de direita tem seus nostálgicos, já o comunismo um pouco mesmo. No Brasil, ele enfatiza que os que enaltecem as virtudes da ditadura militar, entre 1964 a 1985, estão profundamente enganados. Ele recorda que no começo houve crescimento, mas depois o País entrou na maior crise econômica da sua história, com dificuldades inflacionárias e constantes trocas de moeda.
Almeida reitera que existe certa nostalgia da primeira fase do regime militar, que também englobou torturadores, repressão e censura. “Alguém que elogia um torturador é capaz de qualquer indignidade contra a liberdade, contra a vida humana”, considera. Ele adverte que, naquele tempo, uma reunião como o Fórum da Liberdade, independentemente se fosse para defender ou não o regime vigente, seria acompanhada por censores. No Brasil de hoje, o diplomata considera que ainda há o direito de discordar e expressar a opinião, porém existem manipulações com as fake news, que são uma forma de opressão. “Resistência é a palavra mais importante para quem defende a liberdade de discordar”, afirma Almeida.
Por sua vez, o presidente do Fórum Empresarial do México, Roberto Salinas, considera que se verifica atualmente um fenômeno que é a ideia do inimigo contra o Estado. “Se alguém disser algo, pode ser acusado de difundir uma afirmação falsa ou que está traindo a nação, o que é uma forma eficiente de silenciar uma discussão. Se não está comigo está contra mim e não existe a possibilidade de conversar”, argumenta.
Ele recorda que a palavra diálogo deriva da dialética, um intercâmbio de ideias, estando as partes em acordo ou desacordo. Salinas ressalta que o mundo de hoje adota vários rótulos como, por exemplo, esquerdista radical ou capitalista selvagem. “Deveríamos conversar antes de colocar uma etiqueta, porque a história nos ensinou sobre essas experiências”, alerta. O presidente do Fórum Empresarial do México frisa que a discordância civilizada, com uma sociedade flexível e aberta, é a meta a ser perseguida. O dirigente sustenta que a busca pela verdade não significa reivindicar o monopólio dela.
Na abertura oficial do Fórum da Liberdade, o presidente do Instituto de Estudos Empresariais (IEE), Gabriel Picavêa Torres, salientou que o Brasil é conhecido por ter um povo tolerante e cordial. No entanto, atualmente há uma dificuldade de se conviver com ideias divergentes no País. “A minha hipótese é que o problema passa pela falta de confiança, desconfiamos das pessoas com que trabalhamos e convivemos”, aponta Torres.
O dirigente defende que os líderes têm o papel de estimular a confiança e, para fazer isso, é preciso começar dando o exemplo. De acordo com o presidente do IEE, uma sociedade com maior confiança é mais próspera. Ainda na tarde desta segunda-feira, durante o evento, foram entregues os prêmios Liberdade de Imprensa, para o jornalista Leandro Narloch, e o Libertas, para o CEO da Multilaser e fundador do Ranking dos Políticos, Alexandre Ostrowiecki.