RS ultrapassa SP e se torna maior parceiro comercial da Argentina no Brasil

Volume total de comércio com o país vizinho em 2021 foi de R$ 3,1 bilhões

Por Diego Nuñez

Comitiva argentina teve reunião no Palácio Piratini na quarta-feira
Em 2021, o Rio Grande do Sul se tornou o principal mercado da Argentina no Brasil. A balança comercial entre o Estado e os argentinos teve resultado de US$ 3,1 bilhões em transações durante o ano. A Argentina vendeu cerca de US$ 2,1 bilhões em produtos ao mercado gaúcho, enquanto o Estado exportou cerca de US$ 1 bilhão Com este resultado, o Rio Grande do Sul ultrapassou São Paulo, até então principal parceiro comercial argentino no País, que chegou ao valor de US$ 2,5 bilhões na balança comercial.
A informação foi confirmada pelo embaixador da Argentina no Brasil, ex-presidente do País e ex-governador da província de Buenos Aires, Daniel Scioli, durante visita às casas dos poderes Executivo e Legislativo do Estado.
O Rio Grande do Sul importou da Argentina, principalmente, picapes, automóveis, milho, motores e petróleo, enquanto exportou majoritariamente polímero etileno, autopeças, polipropileno, máquinas agrícolas e hidrocarbonetos durante o ano de 2021.
“Isso é fruto de trabalho junto ao governo do Estado e a empresários. A partir de encontros com o governador Eduardo Leite (PSDB) e (o deputado estadual) Frederico Antunes, unimos esforços e tomamos decisões. Agora, este é o resultado”, afirmou Scioli.
“O Rio Grande do Sul é o nosso primeiro mercado no Brasil, e acreditamos que deve continuar assim em 2022, inclusive aumentar”, declarou o chefe de seção econômica da Embaixada, ministro Rodrigo Bardoneschi.
Um dos produtos de importação que devem ajudar a aumentar a relação comercial entre a Argentina e o Rio Grande do Sul é o milho. A estiagem que atinge o Estado deve causar quebra de cerca de 70% da safra do grão gaúcho, o que deve fazer com que indústrias produtoras da proteína animal tenham que importar milho de fora do País. A Argentina é um dos principais mercados.
“Somos um grande fornecedor de milho para o Brasil, sempre foi um dos nossos principais produtos de exportação para o País e para o Rio Grande do Sul. Então, estamos muito interessados em continuar e aumentar esse comércio”, disse Bardoneschi.
A agenda da comitiva da embaixada argentina em Porto Alegre, além de reunir autoridades do poder público como Leite, o vice-governador Ranolfo Vieira Júnior (PSDB), o presidente da Assembleia Legislativa Valdeci Oliveira (PT) e secretários de Estado, também contou com a presença de empresários e representantes de empresas. Entre eles: Compass, Grupo Dass, Marcopolo, Randon, Renner, Sulgás, Tramontina e Uniagro.

Gasoduto de Uruguaiana é possível, afirma embaixador da Argentina

A “obra binacional mais importante de todos os tempos”. Assim definiu o embaixador da Argentina no Brasil, Daniel Scioli, sobre a construção de um gasoduto ligando Uruguaiana a Porto Alegre - possibilidade debatida há mais de duas décadas.
Mais que isso, Scioli disse que “é possível” a implementação da obra. No passado, o principal empecilho foi a capacidade de produção de gás na Argentina, que preferiu manter a matéria-prima para abastecer o mercado interno.
A situação mudou após a descoberta da jazida chamada de Vaca Muerta, localizada nas províncias de Neuquén e Mendoza. A nação vizinha passou a contar com abundância de gás de folhelho, também chamado de gás de xisto.
Justamente nesta quarta-feira (23), por obra do acaso, teve início a construção da ampliação da rede de gasodutos na região. As obras possibilitam o transporte de gás de Vaca Muerta para outras localidades da Argentina e posterior fornecimento para o Brasil.
“Com isso, já começa a extrair o xisto e fazer a produção de gás e a buscar clientes. E o maior cliente que a Argentina tem é o Brasil. Para viabilizar que venha para cá, precisamos da sequência do gasoduto, que chegue a Uruguaiana, e chegue até o Polo Petroquímico (de Triunfo)”, afirmou o deputado estadual Frederico Antunes, natural de Uruguaiana, que participou da agenda da comitiva da embaixada da Argentina a Porto Alegre e mantém relação próxima com o país vizinho. “É importante para a Argentina ter um equilíbrio na balança comercial, vendendo o gás para o Brasil, e é importante para o Brasil, que vai ter essa opção de fornecimento de gás”, concluiu o deputado.
A Compass, que comprou a Sulgás, e a Âmbar, proprietária da termelétrica de Uruguaiana, demonstraram interesse à embaixada em participar de um consórcio para a construção do gasoduto. A Transportadora Sulbrasileira de Gás (TSB) também tem interesse.
“Há muitas empresas do Rio Grande do Sul interessadas no gás argentino, que vai permitir aumentar a oferta de gás para o Brasil, e para o Rio Grande do Sul em particular”, disse o chefe de seção econômica da Embaixada, ministro Rodrigo Bardoneschi.

Leite deve ir à Argentina entre o final de março e o início de abril

O governador gaúcho Eduardo Leite (PSDB) recebeu do embaixador da Argentina no Brasil, Daniel Scioli, um convite para visitar o país vizinho entre o final de março e o início de abril. Um dos objetivos é que o governador convide oficialmente a Argentina para participar do South Summit, que ocorrerá em Porto Alegre em maio.
Leite também deve se reunir com o presidente argentino Alberto Fernández, com o poder Legislativo do país vizinho e com empresários, com o objetivo de estreitar as relações comerciais entre Argentina e Rio Grande do Sul.
Além disso, Leite foi convidado para participar do primeiro voo que marca a retomada da rota Buenos Aires-Porto Alegre pela Aerolineas Argentinas, em 4 de abril. Serão quatro voos semanais ligando diretamente a capital gaúcha à capital argentina.