Passivos da CEEE-GT ficarão com a transmissora

Divisão permitirá que nova empresa de geração surja sem dívidas

Por Jefferson Klein

Preços mínimos para geração e transmissão devem superar o da distribuição
Com a recente
Soligo ressalta que os preços mínimos para iniciar as concorrências das áreas de geração e transmissão deverão ser maiores do que o estipulado para a distribuição, que foi de R$ 50 mil, pelo fato de as empresas serem mais saudáveis financeiramente que a distribuidora. Nos nove primeiros meses de 2020, a CEEE-GT registrou um lucro líquido de cerca de R$ 258,2 milhões, contra prejuízo da CEEE-D de aproximadamente R$ 1,43 bilhão.

Separação deve atrair mais interessados nas companhias

Para o presidente do Grupo CEEE, Marco da Camino Soligo, a divisão dos segmentos de geração e transmissão beneficia o processo de privatização, pois atrairá mais participantes para o leilão, já que são negócios diferentes. "Os especialistas em transmissão não necessariamente também o são na geração", frisa o dirigente.
O executivo enfatiza que a cisão também melhorará as operações dessas empresas e suas relevâncias estratégicas. "Isso é um legado para o Estado. Para o Rio Grande do Sul foi muito bom porque melhorará a eficiência para além da privatização, quem comprar vai gerir melhor do que se as companhias estivessem juntas", aponta. Particularmente quanto à CEEE-G, Soligo revela que está sendo estudada a hipótese de colocar no edital de venda da empresa a obrigação de que o comprador finalize o projeto do parque eólico Povo Novo, um complexo de 52,5 MW em Rio Grande, que já absorveu R$ 158 milhões em investimentos, mas teve a sua obra interrompida em cerca de 27% do seu total.
Já a CEEE-T, antes de ter o seu controle mudando de mãos, deve iniciar neste semestre as obras do lote 6 de leilão de transmissão realizado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) em dezembro do ano passado e vencido pela então CEEE-GT. O conjunto dessas iniciativas compreende uma subestação de energia em Cachoeirinha e linhas de transmissão entre esse município e Gravataí. O órgão regulador estimou como parâmetro R$ 191,9 milhões o investimento necessário para concluir esses empreendimentos, entretanto Soligo calcula que será possível desembolsar menos do que esse montante. Ele acrescenta que a atual projeção da transmissora é investir mais de R$ 1,5 bilhão nos próximos cinco anos.
O dirigente recorda ainda que, nessa disputa de dezembro, foi a primeira vez desde 2002 que a empresa gaúcha venceu um lote de obras de transmissão em um certame participando sem parcerias. Nessa mesma concorrência, o Grupo CEEE disputou os lotes 4 e 5, que entre outras obras incluía a revitalização da subestação Porto Alegre 4, localizada próxima ao shopping Praia de Belas e atualmente gerida pela estatal. Porém, a companhia não conseguiu superar a proposta do Consórcio Saint Nicholas I, formado pela Mez Energia e Participações e Mez Energia Fundo.