Operações no polo químico gaúcho começam em 2021

Duas empresas, Sulboro e Hipermix, serão as primeiras no local

Por Jefferson Klein

Área para a atração de indústrias do setor abrange cerca de 700 hectares
O chamado Polo Integrado da Química RS, que está sendo desenvolvido em uma área de quase 700 hectares no município de Montenegro, na divisa com Triunfo, já verifica empresas encaminhando a implementação de suas fábricas no local. Uma delas, a Sulboro, que atua no segmento de fertilizantes à base de boro, espera iniciar as atividades em sua nova sede dentro do complexo até o final do próximo ano. A notícia é recebida com entusiasmo entre os envolvidos com o polo químico, pois havia o receio de que os impactos da pandemia do coronavírus pudessem adiar para 2022 as operações no espaço.
No caso específico da Sulboro, a companhia, hoje instalada em Canoas, percebeu que necessitava expandir sua capacidade produtiva. "E nessas horas o empresário precisa procurar boas condições para fazer a instalação e desenvolver seu potencial", comenta o diretor da empresa, Fabio Barp. Em uma primeira etapa, o investimento na implantação da unidade do grupo no polo químico será de cerca de R$ 8 milhões, mas existe a possibilidade de que outras ampliações da planta ocorram mais adiante. O executivo informa que a questão logística, com a proximidade do terminal hidroviário Santa Clara, foi um fator fundamental na escolha.
Além da Sulboro, o grupo Hipermix iniciou recentemente a terraplenagem de sete hectares no polo para a construção de uma fábrica de cimento e argamassa. O presidente do Sindicato das Indústrias Químicas do Rio Grande do Sul (Sindiquim), Newton Battastini, projeta que o complexo possa atrair para a região investimentos superiores ao patamar de R$ 200 milhões. Na tarde dessa quinta-feira (10), a iniciativa foi apresentada por lideranças empresariais e políticas a potenciais investidores, através de uma live realizada no YouTube.
Na ocasião, Battastini recordou que a ideia nasceu no início de 2017 pela necessidade de se ter um local para as empresas químicas poderem se instalar com segurança e infraestrutura, aproveitando a sinergia de ter prestadores de serviço próximos e uma logística adequada (o polo encontra-se perto dos modais rodoviário, ferroviário e hidroviário). Ou seja, o empreendimento trabalha com o conceito de cluster (agrupamento de companhias inter-relacionadas em uma área em comum).
"É a oportunidade de reunir toda a cadeia da indústria química agregando competitividade", destacou durante a live o governador Eduardo Leite. Um dos incentivos que o governo gaúcho propõe para as empresas virem para o polo é cobrar valores módicos pelos terrenos (que são de sua propriedade), ficando em até 10% do preço normal de mercado.
Leite ainda enfatizou a relevância da indústria química para o Rio Grande do Sul e seu potencial de crescimento. O setor no Estado verifica um faturamento anual de mais de R$ 67 bilhões e propicia cerca de 18 mil empregos diretos. Também participante do evento, o presidente-executivo da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), Ciro Marino, acrescentou que a localização do polo químico também é estratégica quanto às oportunidades futuras de fornecimento de um insumo muito importante para esse segmento: o gás natural. Além de projetos quanto à gaseificação de carvão mineral que estão sendo conduzidos no Estado, ele ressalta que existe a possibilidade do Rio Grande do Sul ser abastecido, nos próximos anos, com gás da gigantesca jazida de Vaca Muerta, situada nas províncias argentinas de Neuquén e Mendoza.