Comércio gaúcho está otimista com a Black Friday

Neste ano, data comercial acontecerá no dia 27 de novembro

Por Jefferson Klein

Lojas físicas também apostam na promoção para ampliar negócios
Apesar dos reflexos da pandemia do coronavírus, o setor do varejo no Rio Grande do Sul, e particularmente na capital gaúcha, tem uma projeção positiva para as vendas na próxima Black Friday (data em que a lojas praticam uma campanha de descontos), marcada para 27 de novembro. A perspectiva é que o desempenho do evento seja semelhante ao do ano anterior ou até mesmo ligeiramente superior.
O presidente do Sindilojas Porto Alegre, Paulo Kruse, destaca que a expectativa é muito grande. "É o momento de renovar estoques, de praticar promoções, o consumidor espera isso e é o que vamos fazer", afirma. O dirigente lembra que a Black Friday vinha crescendo a cada ano e espera agora um desempenho, no mínimo, igual ao de 2019, quando, segundo levantamento do Sindilojas, o ticket médio das vendas ficou em R$ 491,00.
Kruse enfatiza que a comercialização pela internet neste ano será mais relevante, devido ao crescimento dessa forma de transação durante a pandemia, entretanto também haverá muitas promoções nas lojas físicas. Ele adianta que entre os itens que deverão registrar maior procura estão produtos eletrônicos, telefones, roupas e calçados. Outro ponto comemorado pelo varejo é a tendência de contratações.
De acordo com trabalho feito pelo Núcleo de Pesquisa do Sindilojas Porto Alegre, 24,6% dos lojistas pretendem admitir empregados temporários para o fim deste ano. Kruse diz que datas como a Black Friday e o Natal incentivam essa movimentação. A média de duração dessas contratações é de 63 dias, no entanto o dirigente acredita que boa parte desse pessoal será efetivado, pois os estabelecimentos estão operando com horários reduzidos e assim que normalizar a operação o quadro de funcionários terá que ser expandido. O dirigente calcula que 9 mil vagas foram fechadas durante a pandemia no comércio de Porto Alegre e em torno de 7 mil delas devem ser recuperadas até o final do ano.
Já o presidente da Associação Gaúcha do Varejo (AGV), Sérgio Galbinski, enfatiza que cada vez mais empresas estão participando da Black Friday. "E é bom uma loja colocar produtos dentro de um 'guarda-chuva' de promoções para não desmerecer o estabelecimento, caso contrário parece que está fazendo promoção o tempo inteiro", salienta. O dirigente chama a atenção para o fato de que as lojas não precisam colocar todos os seus produtos em promoção, podendo selecionar apenas alguns itens. Ele prevê que haverá clientes que aproveitarão a Black Friday para antecipar as compras de Natal.
Sobre os reflexos da pandemia no comércio do Interior e de Porto Alegre, Galbinski destaca que a capital gaúcha teve maiores restrições, com o varejo fechado por mais tempo, o que ocasionou uma perda de contato entre os lojistas e os consumidores.
 

Eventual falta de produtos é motivo de preocupação pelos lojistas

Também otimista com a Black Friday, o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL POA) de Porto Alegre, Irio Piva, aponta que se verifica atualmente uma reação do mercado. Porém, um receio do dirigente é que possa faltar algumas mercadorias já que, com a pandemia, muitas indústrias reduziram a produção, o que pode afetar o comércio na ponta.
Piva acrescenta que as pessoas estão ávidas por consumir e a Black Friday tem muito o cunho digital, sendo que quem não procurava esse modo de compras, com a questão do coronavírus, aprendeu a usar a ferramenta. "Temos uma massa de consumidores comprando no online muito maior do que tínhamos antes da pandemia ou, no caso, da Black Friday de 2019", argumenta.
O presidente da CDL POA acrescenta que, muitas vezes, em situações de promoções, as pessoas se permitem "o luxo" de adquirir produtos de maior valor agregado. Ele estima que a performance do comércio nesta Black Friday possa superar a do ano passado, sendo possível um crescimento de 5% a 10%. Para o presidente da Fecomércio-RS, Luiz Carlos Bohn, a data vem ganhando lugar no calendário de consumo do brasileiro, mas esse ano o maior volume de negócios deverá estar na internet. "A pandemia mudou hábitos e certamente vai marcar um ano histórico para o e-commerce", projeta. Bohn frisa que os lojistas, especialmente os menores, precisam entender isso e se preparar para aproveitar esse novo cenário.
O dirigente adverte que o dólar mais alto e os estoques mais baixos podem limitar os descontos oferecidos, por isso, os lojistas devem procurar formas alternativas de chamar a atenção do consumidor. O presidente da Fecomércio-RS ressalta que, apesar do desemprego em alta e do aumento do preço dos alimentos pressionar o orçamento das famílias, reduzindo o potencial de consumo, a poupança das classes média e alta formada durante o período recente pode impulsionar as compras na Black Friday.