Contas externas estão abaixo do período pré-crise

Nos seis primeiros meses de 2020, houve saídas líquidas de US$ 31,3 bilhões, segundo o Banco Central

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As estatísticas das contas externas brasileiras mostram sinais de melhora em junho, segundo dados divulgados pelo Banco Central, mas ainda estão em patamares bem inferiores à antes da crise gerada pela pandemia do novo coronavírus. Em junho, após quatro meses de resultados negativos, os investimentos no mercado doméstico tiveram entradas líquidos de US$ 2,4 bilhões.
Destes, US$ 1,9 bilhão foram aplicados em títulos de dívida e US$ 432 milhões em ações e fundos de investimento. A crise, iniciada em meados de março, no entanto, fez com que os investimentos despencassem nos valores acumulados.
Nos seis primeiros meses de 2020, houve saídas líquidas de US$ 31,3 bilhões. Nos doze meses até junho, a saída líquida de investimento em portfólio no mercado doméstico somou US$ 47,9 bilhões. Em junho, as entradas superaram as saídas de investimentos diretos no país em US$ 4,8 bilhões, quase o dobro do registrado em maio.
No mês, foram R$ 10,3 bilhões investidos no Brasil, nível semelhante ao observado em março. Em abril, as aplicações no país chegaram a R$ 5,6 bilhões. O indicador representa uma das principais fontes de financiamento da atividade no país e é a categoria de investimento de maior destaque no relacionamento econômico e financeiro do Brasil com o resto do mundo.
Em junho, ainda sob forte efeito da crise, os investimentos diretos de brasileiros no exterior mantiveram a tendência observada desde março, com desinvestimentos de US$ 2,9 bilhões. O desinvestimento é quando a empresa brasileira retira dinheiro ou fecha as portas da filial no exterior, por exemplo. Os gastos de brasileiros com viagens internacionais, uma das contas mais impactadas pela pandemia e pela alta do dólar, com redução de quase 90% de janeiro a maio, apresentou melhora em junho, mas continua em níveis bem inferiores ao anterior à pandemia.
No período, os turistas gastaram R$ 230,2 milhões lá fora, 19,7% a mais que em maio. Em janeiro, foram R$ 1,43 bilhão. Os valores gastos por estrangeiros no Brasil também tiveram alta em junho. Com R$ 167,3 milhões, aumentaram em 47,7% na comparação com maio. No mês, com a baixa atividade econômica, as contas externas tiveram resultado positivo pelo quarto mês consecutivo, com US$ 2,2 bilhões. No mesmo mês do ano passado, eram US$ 2,7 bilhões negativos. A crise diminuiu o fluxo comercial do país com o mundo, e, com isso, a balança comercial apresentou superávit (mais exportações que importações).
Na prática, tanto as exportações quanto as importações diminuíram com a crise, mas a redução no fluxo de entrada de produtos estrangeiros no país foi mais drástica. As exportações US$ 18 bilhões em junho, recuo de 2,3% em relação ao mês correspondente de 2019. Já as importações diminuíram 19,1%, para US$ 11,1 bilhões.
Na comparação entre os primeiros semestres de 2020 e de 2019, as exportações reduziram 6,8% e as importações recuaram 5%.

Investimento Direto no País totaliza US$ 4,754 bilhões

Em um ambiente ainda de incertezas sobre o futuro do Brasil, na esteira da pandemia do novo coronavírus, os Investimentos Diretos no País (IDP) somaram US$ 4,754 bilhões em junho, informou nesta terça-feira (28), o Banco Central (BC). Este é o maior resultado para meses de junho desde 2018 (US$ 6,239 bilhões).
Pelos cálculos do Banco Central, o IDP de abril indicaria entrada de US$ 3,5 bilhões. No acumulado do primeiro semestre, o ingresso de investimentos estrangeiros destinados ao setor produtivo somou US$ 25,349 bilhões. A estimativa do BC para este ano é de IDP de US$ 55 bilhões. No acumulado dos 12 meses até junho deste ano, o saldo de investimento estrangeiro ficou em US$ 71,676 bilhões, o que representa 4,41% do Produto Interno Bruto (PIB).
O investimento estrangeiro em ações brasileiras ficou positivo em US$ 192 milhões em junho, informou o Banco Central. Em igual mês do ano passado, o resultado havia sido positivo em US$ 1,632 bilhão. No acumulado do primeiro semestre, o saldo ficou negativo em US$ 17,849 bilhões.
Já o investimento líquido em fundos de investimentos no Brasil ficou positivo em US$ 239 milhões em junho. No mesmo mês do ano passado, ele havia sido negativo em US$ 648 milhões. No acumulado do primeiro semestre, os aportes líquidos somam US$ 500 milhões nos fundos. O saldo de investimento estrangeiro em títulos de renda fixa negociados no País ficou positivo em US$ 1,948 bilhão em junho. No mesmo mês do ano passado, havia ficado negativo em US$ 1,001 bilhão. No semestre, o saldo em renda fixa ficou negativo em US$ 11,392 bilhões.