Eventos on-line ganham corpo durante a pandemia

Em algumas empresas, formato virtual teve crescimento de 1.000%

Por Adriana Lampert

Batemos a meta, afirma Borges
Se, por um lado, o mercado de eventos presencial despencou a partir da pandemia de Covid-19 (com impacto negativo em 98% das empresas do setor), por outro, as muitas lives e congressos on-line que têm ocorrido no País mostram um novo canal para o setor. Obrigados a se reinventarem, promotores de eventos passaram a apostar no formato virtual e, atualmente, representam alta de 1.000% na demanda de empresas como a VOCS, que atua no mercado audiovisual, com ênfase em produção e distribuição de conteúdo na internet há 15 anos.
Na lista de pioneiros do mercado de transmissão ao vivo (streaming de vídeo), a produtora trabalha para levar conteúdo e narrativa para o contexto digital, explica o sócio-diretor, Léo Ferro. Ele avalia que, neste momento, o maior desafio da indústria de eventos é construir uma jornada que não seja somente composta por conteúdo, mas também por experiência para os participantes.
"Vivemos um cenário onde a maioria das pessoas navega pela internet, e ficam praticamente o dia todo sentadas na frente do computador. Então não dá para assumir que teu público vai de dar com a mesma qualidade de atenção de oito horas de palestras", adverte Ferro. "É cansativo ficar tanto tempo na frente de uma máquina." O empresário destaca que há diferenças importantes a serem consideradas entre o formato presencial e o on-line. "Além de ter que dosar melhor o tempo de conteúdo, também é importante buscar oferecer mais que conteúdo, para garantir o engajamento do público."
Interações em salas que promovam diálogos em tempo real, oferta de descontos em produtos e serviços que estimulem a pessoa a permanecer no evento para se beneficiar e passar por uma experiência distinta, aulas de yoga ou gastronomia nos intervalos, são algumas ideias citadas por Ferro. "O desafio é oferecer algo que complemente a experiência no evento, já que não existem mais os networkings e praças de alimentação e outros atrativos do mundo físico."
Segundo o sócio da VOCS, há mercado para quem quiser explorar isso. "Ainda não existe uma plataforma que tenha conseguido resolver este problema, de ter várias ferramentas juntas." Ao destacar que o mercado de eventos on-line já era uma tendência e que, agora, se consolidou, Ferro afirma que "nunca se viu algo parecido em termos de volume de trabalho".
"Todos estão buscando se comunicar com o público, passamos de dois a três eventos por dia (antes da pandemia) para 10 a 15 diariamente", comenta o diretor da VOCS. Lives de entretenimento, de vendas, de marketing, com conteúdo interativo, em redes sociais ou plataformas fechadas. O universo é amplo. Mas ele adverte que ainda há muitos desafios. "As pessoas ainda não conseguiram virar a chave e querem reproduzir o formato do ambiente físico para o digital", observa. Mas emenda que é só uma questão de ajuste. "A realização de eventos on-line é um comportamento global, a indústria do streaming está superdemandada no mundo inteiro."
"Mesmo com essa instabilidade do mercado, a empresa teve uma alta procura e um crescimento exponencial na realização de eventos", concorda o CEO da plataforma Congresse.me, Luiz Gustavo Borges. "No ano passado, realizamos 25 eventos, e, neste ano, já chegamos a 40, inclusive atendendo a players como Embaixada dos Estados Unidos, Fut Summit e EBEC Direito Constitucional." Borges destaca que os congressos on-line começaram a ocorrer em diversos lugares do País há dois anos, mas que, com a pandemia do novo coronavírus, o crescimento previsto para ocorrer em 2020 já venceu. "Batemos a meta para o ano todo só em maio, e, agora, nossa previsão é de 220 eventos até dezembro, sendo que 120 já estão confirmados."

Estruturas mais baratas são diferenciais atrativos

Entre as vantagens de se investir em um congresso on-line, Luiz Gustavo Borges, da Congresse.me, cita uma estrutura mais barata, podendo ser cobrada uma taxa de inscrição mais em conta; amplo alcance de público e praticidade. "As pessoas podem assistir aos eventos, com custos reduzidos, sem sair da rotina e de seus espaços."
O empresário comenta que "a ideia é que o on-line não mate o presencial, mas impulsione e vire um novo modelo de negócios capaz de impulsionar os eventos originais." Para ele, um dos maiores desafios é realmente ser atrativo para determinado público, em um cenário repleto de conteúdo sendo disponibilizado na internet o tempo todo.