Rio Grande do Sul já perdeu 8,93 mil empregos no setor calçadista

Nesta semana, RR Shoes dispensou 535 funcionários em Santo Antônio da Patrulha e Caraá

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Via Uno dispensou 535 pessoas em Santo Antônio da Patrulha
Com vendas afetadas pela pandemia - no mercado interno, mais recentemente, e nas exportações, desde fevereiro - o setor calçadista passa pelo agravamento no número de demissões no Rio Grande do Sul, que já chegam 8,93 mil pessoas. O número equivale a cerca de 10% do total de trabalhadores do segmento em dezembro de 2019, segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados).
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No Brasil, 12% dos funcionários do setor já foram dispensados

A crise calçadista no Rio Grande do Sul reflete a situação do setor em todo o País. A falta de demanda do varejo doméstico aliada à queda nas exportações, em função do alastramento da pandemia da Covid-19, foram responsáveis, entre o final de março até o dia 19 de maio, pelo desligamento de 32,8 mil trabalhadores no setor, mais de 12% do total empregado na atividade (269 mil pessoas, em dezembro de 2019).

O presidente-executivo da Abicalçados, Haroldo Ferreira, ressalta que o fato de o varejo físico estar fechado, ou com restrições, na maior parte do País, é o principal motivo para o quadro. “O setor já está prevendo uma queda de até 30% na produção de calçados, o que significa mais de 260 milhões de calçados que não serão produzidos esse ano. Voltaremos ao patamar de 16 anos atrás”, lamenta, ressaltando que a entidade defende o retorno gradual, e seguro, às atividades do comércio.

Segundo o dirigente, como o mercado doméstico responde por mais de 85% das vendas do setor, o impacto é devastador para a atividade. “Com o varejo fechado não existem novos pedidos e a indústria não tem o que produzir. O resultado é esse quadro, de colapso econômico, que vem acompanhado da sua faceta mais cruel, que é o desemprego”, conclui.

Além da queda no mercado doméstico, que foi de quase 40% em março, no comparativo com o mesmo mês do ano passado, o revés nas exportações piorou o quadro. O dado mais recente aponta que, em abril foram embarcados 4,84 milhões de pares por US$ 30,3 milhões, quedas de 40% em volume e de 60,8% em dólares na relação com mesmo mês do ano passado. Em 2020, conforme a Abicalçados, os embarques devem cair entre 22,4% e 30,6%, ante 2019, fechando entre 89 milhões e 80 milhões de pares vendidos no exterior, pior resultado desde 1983.