Com receio do coronavírus, Ibovespa despenca 3,29%

Bolsa brasileira teve a maior perda em quase um ano, acompanhando o cenário internacional

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Pedestrians walk in front of an electric quotation board displaying the morning numbers on the Nikkei 225 Index on the Tokyo Stock Exchange in Tokyo on January 27, 2020. - Tokyo's key Nikkei index dropped more than two percent at the open on January 27 on concerns over the potential impact of a new coronavirus that has killed 80 people in China. (Photo by Kazuhiro NOGI / AFP)
O Ibovespa iniciou a semana ecoando o pavor que tomou conta dos mercados com o surto de coronavírus iniciado na China e que está se espalhando pelo mundo. Nesta segunda-feira, o principal índice da B3 foi dos 118 mil para baixo dos 115 mil, ao fechar o dia aos 114.481,84 pontos, em queda de 3,29% na sessão, passando agora a acumular perdas no ano de 1,01%.
A queda de ontem foi a maior desde 27 de março de 2019, quando o Ibovespa havia perdido 3,57%, e, em pontos, a maior desde 18 de maio de 2017, quando cedeu 5.943 pontos. O giro financeiro totalizou R$ 23,9 bilhões.
As perdas foram disseminadas e agudas: apenas cinco ações da carteira Ibovespa fecharam o dia em terreno positivo, em leve alta, com destaque para Telefônica Brasil (Vivo, 0,83%) e RaiaDrogasil ( 0,81%). No lado oposto, seis ações registraram perdas acima de 7%: Gerdau PN (-7,94%), CSN (-7,78%), Gerdau Metalúrgica (-7,51%), Via Varejo (-7,33%), Marfrig (-7,27%) e Usiminas (-7,12%).
Nesta sessão, as perdas se amplificaram em setores como o de siderurgia, papel e celulose e frigoríficos, com exposição a vendas no exterior, em certos casos à China, em meio à preocupação de que as incertezas sobre o coronavírus podem prejudicar o ritmo de crescimento e o comércio exterior.
Com o segmento de commodities ainda pressionado pelas incertezas em torno da segunda maior economia do globo, grande consumidora de insumos, as ações de Vale e Petrobras também acentuaram as perdas nesta sessão. Petrobras PN cedeu 4,33% e a ON caiu 4,21%, enquanto Vale ON fechou em queda de 6,12%.
Ontem, bolsas de valores de todo o mundo operam em forte queda. Europa e Estados Unidos tiveram os maiores recuos percentuais em mais de três meses: Londres, Paris e Frankfurt recuaram cerca de 2,5% e Dow Jones e S&P 500 caíram 1,6%. A Nasdaq cedeu 1,9% e a Bolsa de Tóquio teve queda de 2%.

Dólar tem o maior valor desde 2 de dezembro

Preocupações com os efeitos da rápida disseminação do coronavírus também repercutiram no câmbio. O dólar chegou a bater em R$ 4,23 pela manhã, mas a alta perdeu fôlego perto do fechamento, para terminar o dia em R$ 4,21 (alta de 0,60%). É a maior cotação desde 2 de dezembro de 2019.
Operadores dizem que o dólar chegando a R$ 4,23 na máxima do dia acabou atraindo ordens de venda, pois agentes acreditam que o Banco Central pode intervir no mercado com a moeda americana nesse nível. "O principal fator, hoje (ontem), que guiou o mercado foi externo, com a preocupação que o vírus pode causar na economia da China, que reverbera nos emergentes", afirma o presidente da corretora BGC Liquidez, Erminio Lucci. A rápida disseminação do coronavírus pegou os mercados caros, com as bolsas em níveis recordes, aqui e lá fora, por isso, ressalta ele, o impacto negativo foi elevado.