Frota de veículos elétricos deve dobrar em 2020

Setor estima venda de cerca de 20 mil automóveis leves e comerciais em 2020

Por Jefferson Klein

Carros elétricos
Um produto novo pode gerar alguma desconfiança se terá sucesso no mercado ou não, principalmente quando seu preço inicial é elevado. Porém, quando o item em questão tem um forte apelo com o consumidor e o avanço tecnológico diminui seu custo, como se verificou com os celulares e a energia solar, é questão de tempo para que essa invenção se desenvolva. Atualmente, o que se enquadra nesse perfil, no Brasil, são os veículos elétricos, que devem dobrar a sua frota neste ano.
Conforme dados da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), o total de carros elétricos rodando no País hoje é um pouco mais de 20 mil. O presidente-executivo da entidade, Ricardo Guggisberg, projeta que 2020 será o "marco divisor de águas", com o segmento vendendo outras 20 mil unidades (entre automóveis leves e comerciais, elétricos puros e híbridos - que contam com um motor de combustão interna e outro a eletricidade).
O resultado também será praticamente o dobro do que deve fechar 2019 (de janeiro a novembro do ano passado, foram comercializados 9.438 veículos elétricos no País). O dirigente ressalta que o veículo elétrico é uma tendência mundial. Entre as vantagens desse tipo de automóvel em relação aos que usam combustíveis fósseis estão o menor impacto ambiental, redução da emissão de ruídos e um custo de combustível (eletricidade) mais acessível.
Guggisberg recorda que os países desenvolvidos iniciaram o processo de transição tendo entre os objetivos contribuir para descarbonizar o planeta com a substituição dos carros a combustível fóssil por elétricos. O presidente da ABVE detalha que o setor é dividido nos segmentos de levíssimos (como patinetes e bicicletas), leves (carros convencionais) e pesados (caminhões e ônibus). A área de levíssimos, ressalta o dirigente, teve um incremento exponencial em 2019.
Já o setor de leves ganhou benefícios que incentivaram essa área, como a redução do IPI (de 25% para, dependendo da categoria do veículo, 7% a 18%) e a isenção de imposto de importação sobre veículos puramente elétricos e híbridos, que, antes, era de 35%.
Apesar das diminuições na carga tributária, o elevado valor dos veículos elétricos ainda é um fator que precisa ser superado para popularizar o produto. "A gente entende que a diferença de preço ainda é um impeditivo bastante grande", admite Guggisberg.
Segundo ele, um automóvel de porte médio, hoje, custa em torno de R$ 50 mil a R$ 60 mil - o mesmo modelo, na versão elétrica, vale R$ 140 mil. O dirigente recorda, ainda, que, atualmente, com exceção do Corolla híbrido flex, da Toyota, não há produção de veículos elétricos no País.
Se, por um lado, o gasto com a aquisição do automóvel é alto, por outro, o custo da gasolina, por quilômetro rodado, é cerca de quatro vezes mais caro do que a eletricidade, aponta o presidente da ABVE. Quanto à autonomia e ao tempo de recarga, o dirigente diz que esses fatores dependem do modelo do carro.
Sobre a necessidade ou não de adaptações nas residências para fazer a recarga dos veículos, Guggisberg comenta que a situação varia conforme a performance desejada. "Se quiser um desempenho mais adequado, é bom colocar uma linha de entrega de energia para a carga do veículo", detalha.
Outro obstáculo a ser vencido, indica o presidente da ABVE, é a limitada quantidade de pontos de recargas no Brasil. Essa pauta será foco do trabalho da associação em 2020. No momento, a estimativa é que existam de 250 a 300 estações de recargas espalhadas pelo País.

Site mapeia 20 pontos públicos de recargas no Rio Grande do Sul

De acordo com o site PlugShare.com, o Rio Grande do Sul possui 20 estações públicas para a realização de recargas de veículos elétricos: em Porto Alegre (11), em Caxias do Sul (dois) e em Canoas, Gravataí, Santa Cruz do Sul, Sertão Santana, Novo Hamburgo, Sapiranga e Gramado (um em cada). O número efetivo de estabelecimentos é ainda maior, pois há unidades que não foram mapeadas.
O BarraShoppingSul, em Porto Alegre, não consta no levantamento, mas o superintendente do empreendimento, Eduardo Vitagliano, recorda que o local possui ponto de recarga desde outubro de 2019. "Foi instalado com o objetivo de levar facilidade e comodidade aos clientes que possuem carro elétrico e que passam pela Zona Sul de Porto Alegre", destaca.
A estação conta com dois carregadores BMW do tipo 2, compatíveis com as marcas e modelos BMW i3, i8, BYD E6, Renault Zoe, Tesla Model S, híbrido plug-in Volvo V60, híbrido plug-in VW Golf, VW E-UP, Audi A3 E-TRON, plug-in Mercedes S500, Porsche Panamera e Renault Kangoo ZE.
As estações de recarga do BarraShoppingSul têm uso gratuito e ficam no estacionamento coberto, nível Jockey, portaria H. O tempo de recarga depende de modelo e marca. Em média, se um carro chega com 10% de bateria, leva três a quatro horas para carregar. Se chega com 20% ou 30% de bateria, leva menos tempo: duas horas.
O ParkShopping Canoas também oferece o serviço. Os carregadores são do mesmo tipo que os do BarraShoppingSul. No complexo de Canoas, os equipamentos estão localizados no estacionamento do piso L1, próximos à entrada I. As estações têm uso gratuito. 

Companhia realiza teste de mobilidade na Capital

A empresa de compartilhamento de veículos elétricos Beepbeep começou, recentemente, a operar em Porto Alegre. O carro disponibilizado utiliza como estações de parada os postos Premium, na avenida Nilo Peçanha, e Ômega, na avenida Silva Só, ambos de bandeira Ipiranga.
O cofundador da Beepbeep, Fábio Fagionato, lembra que o lançamento ao público foi feito ao final de julho do ano passado, inicialmente atuando apenas em São Paulo. Em dezembro, estendeu a operação para São José dos Campos.
A Beepbeep trabalha com os modelos Renault Zoe e JAC iEV 40, que têm autonomia de 300 quilômetros e demoram duas horas para uma recarga completa. Atualmente, a empresa conta com uma frota total de 20 veículos elétricos - contudo, Fagionato adianta que mais 10 estão para chegar ainda em janeiro e, em meados deste ano, o número deve chegar a 100.
Para utilizar o serviço, é preciso baixar o aplicativo da Beepbeep e fazer o cadastro, sendo necessários o número do cartão de crédito, a carteira de habilitação e uma selfie. O valor cobrado pelo uso do veículo leva em conta o minuto utilizado e não há taxa de recarga. Fagionato adianta que também está sendo analisada a possibilidade de fazer outra experiência no Rio Grande do Sul, nas cidades de Canela e Gramado. Ainda estão nos planos futuros da companhia outras cidades brasileiras.