Chineses terão isenção de vistos no Brasil

Empresários de 19 grandes companhias chinesas se reuniram, nesta quinta-feira, com comitiva brasileira

Por

Antes da reunião promovida pela Fiesp, Bolsonaro visitou a Muralha
O presidente Jair Bolsonaro afirmou que vai isentar os chineses de visto para entrar no Brasil para turismo ou negócios. A princípio, não haverá reciprocidade. A medida já foi anunciada para Estados Unidos, Japão e Canadá. O próximo país deve ser a Índia. Segundo o chanceler Ernesto Araújo, ainda não há prazo, porque deve haver forte demanda. A China possui uma população de cerca de 1,39 bilhão de pessoas.
Hoje os chineses que querem viajar ao país precisam recorrer a um dos três consulados que o Brasil tem na China, localizados em Pequim, Xangai e Cantão. A medida foi anunciada primeiramente a "pesos pesados" da indústria da China. Bolsonaro se reuniu em Pequim com 19 presidentes de grandes companhias chinesas de setores como varejo, aviação, infraestrutura, agrícola e entretenimento. Entre eles, estavam Wang MingQiang, CEO do Alibaba, Feng Yong Fang, presidente do Grupo de Investimentos CRCC (infraestrutura), e Yu Songho, presidente do HeRun Group, um dos maiores importadores de soja do país.
O encontro foi organizado pelo presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, que convidou companhias com as quais a entidade mantém relações. Antes, o presidente fez uma visita à Grande Muralha da China. Bolsonaro também aproveitou a oportunidade para frisar aos empresários chineses que agora, após a aprovação da reforma da Previdência, o Brasil está "solvente", o que dará previsibilidade aos seus negócios.
A reunião foi bastante protocolar e durou cerca de meia hora. Os empresários chineses apresentaram seus negócios e falaram sobre seu desejo de investir no Brasil. A abertura de Bolsonaro ao investimento chinês representa uma importante mudança de postura em relação ao discurso adotado na campanha eleitoral. Na época, o então candidato chegou a afirmar que "a China não estava comprando no Brasil, mas comprando o Brasil".
Em janeiro deste ano, uma comitiva de deputados visitou a China para conhecer os sistemas de segurança por reconhecimento facial do país e foi duramente criticada pelo escritor, que chamou os congressistas de "caipiras" e "semianalfabetos". Apesar da resistência de parte de seus eleitores, Bolsonaro tem adotado um tom pragmático e levado aos chineses a mensagem de que o Brasil está aberto a negócios. A China é o maior parceiro comercial do Brasil. De janeiro a setembro, o intercâmbio comercial entre os dois países somou US$ 72,8 bilhões. Em 2018, foram US$ 98,8 bilhões.
 

Frigorífico Minerva fecha parceria com empresa JoeyFoods

O frigorífico Minerva vai se tornar sócio da empresa chinesa JoeyFoods para distribuir carne bovina diretamente no gigante asiático. O surgimento da "joint venture", da qual a Minerva terá 51%, foi formalizado nesta quinta-feira, durante a visita do presidente Jair Bolsonaro.
É a primeira vez que uma empresa brasileira atuará na distribuição de carne bovina na China. O Minerva é o terceiro maior frigorífico brasileiro, depois de JBS e Marfrig. Segundo o diretor financeiro Edison Ticle, o objetivo da companhia, que já exporta para o país, é se apropriar da margem de lucro do negócio da distribuição, que pode chegar a 10%. No Brasil, varia de 3% a 5%.
Por causa da peste suína, que dizimou 40% do rebanho de porcos chinês, os preços de todas as carnes -bovina, frango e suína- estão batendo recordes na China. Desde o início do ano, a alta chega a 30% na carne bovina.
"Com o aumento da renda e a ocidentalização dos hábitos, os chineses estão consumindo cada vez mais carne bovina. A peste suína só acelerou esse processo", diz Fernando Queiroz, presidente do Minerva.
O investimento do Minerva no negócio é baixo -cerca de US$ 7 milhões para capital giro- e o principal foco é aprender com o parceiro o "know how" de como operar no mercado chinês.
As empresas brasileiras têm bastante dificuldade de atuar na China por causa do idioma, da expressiva participação de estatais e da exigência de sócio local em alguns setores. No início do mês, a China comemorou 70 anos da revolução comunista.
A Embraer, por exemplo, chegou a ter uma fábrica de jatos em Harbin, no norte do país, em conjunto com um parceiro chinês. Mas acabou desistindo do negócio e fechou a unidade.