Até setembro, RS exporta menos US$ 1,1 bilhão

Queda nos embarques para a China e retração generalizada na Argentina levaram à diminuição de 8,2% nas vendas

Por Thiago Copetti

Receita com embarques de soja em grão cresceu 43,1% sobre 2020
Mais sujeito às turbulências globais do que a média nacional, devido à elevada participação das exportações no faturamento de diferentes empresas e setores, o Rio Grande do Sul amarga queda de 8,2% nos embarques externos nos primeiros nove meses deste ano, quando comparado ao mesmo período de 2018. De janeiro a setembro de 2019, os gaúchos venderam para o exterior US$ 12,4 bilhões, contra US$ 13,5 bilhões do ano passado - redução de US$ 1,1 bilhão. Os dados são da Secretaria Estadual de Planejamento (Seplag).
O levantamento foi divulgado ontem, dentro do Boletim de Conjuntura do Departamento de Economia e Estatística (DEE) da Seplag, publicado pela primeira vez e que deverá ser trimestral. Considerando a exportação de plataformas de petróleo sob regime fiscal aduaneiro especial, a queda seria de 16,2% e, em valores, chegaria a US$ 2,6 bilhões. Isso porque, de acordo com Tomás Torenzi, pesquisador do DEE, essa transação ocorre apenas contabilmente, mas sem o ingresso de recursos, e, por isso, pode ser desconsiderada em análises da economia real, mas não dos cálculos oficiais.
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Enquanto isso não ocorre, o Rio Grande do Sul se beneficiou, por exemplo, do aumento das vendas da CMPC, que ampliou sua planta fabril no Estado recentemente e vem expandido seus embarques para os Estados Unidos há dois anos, de acordo com a estudo do DEE. Nos primeiros nove meses deste ano, as exportações para os EUA cresceram 19,5%, e as vendas de celulose e papel, como um todo, tiveram alta de 65,5%. Segundo a coordenadora do departamento, além disso, o mercado norte-americano também passou a absorver tratores que antes eram enviados à Argentina. Entre os produtos gaúchos com alta nas exportações também se destacaram as vendas de fumo, com incremento de 33,3%.

Os principais números das exportações gaúchas

(entre janeiro e setembro de 2018 e 2019)
Agropecuária:de US$ 4,3 bilhões para US$ 2,99 bilhões (-30,7%)
Produtos alimentícios:de US$ 2,2 bilhões para R$ 2,1 bilhões (-4,7%)
Produtos do fumo: de US$ 1 bilhão para 1,3 bilhão (33,3%)
Produtos químicos: de US$ 1,23 bilhão para US$ 1,2 bilhão (-4,2%)
Celulose e papel: de US$ 0,7 bilhão para US$ 1,14 bilhão (65,5%)
Fonte: MDIC/Secex

No mercado interno, destaque para o segmento automotor

Por diferentes motivos, o segmento de veículos automotivos, reboques e carrocerias tiveram crescimento destacado na produção industrial gaúcha nos primeiros nove meses de 2019 ante o mesmo período de 2018. A expansão de 25,7% na atividade deste setor no Rio Grande do Sul é muito acima da média nacional, de 2,1%. De acordo com a chefe da Divisão de Indicadores Estruturais do DEE, Vanessa Sulzbach, isso ocorreu basicamente por dois motivos.
Um dos fatores de estímulo ao segmento, de acordo com a economista, é que, após a paralisação dos caminhoneiros, começou a haver maior procura de empresas de diferentes segmentos por frotas próprias de transporte. E como o Rio Grande do Sul tem um forte polo produtor de veículos pesados e relacionados, houve expansão do segmento. Mas também há aumento na venda de veículos leves. Uma das razões, diz Vanessa, pode estar ligada ao incremento do uso de aplicativos de transporte e, com isso, maior demanda por carros.
"A GM, que produz aqui no Estado, tem uma política diferenciada de vendas em relação a outros fabricantes e mantém venda direta para três grandes locadoras de veículos, que, por sua vez, locam carros para aplicativos de transporte", analisa Vanessa.
Com isso, as vendas internas de automóveis cresceram, de janeiro a junho, 29,7% no Estado, ante 13,8% no Brasil. Já as exportações tiveram quedas superiores a 30% nos dois casos, especialmente devido à crise na Argentina.