Rio Grande do Sul deve ter a menor área com arroz em 10 anos

Histórico de perdas e alta dos custos impactam as lavouras gaúchas

Por Thiago Copetti

Maior rendimento foi verificado em lavouras da Fronteira-Oeste, com média de 9.705 quilos por hectare
Uma safra de muitas dúvidas e dívidas está sendo semeada pelos produtores de arroz do Estado, que devem plantar, neste ano, a menor área da última década. Além de preços poucos remuneradores frente ao custo de produção e a concorrência desigual com o produto do Mercosul, boa parte dos orizicultores ainda amarga prejuízos registrados no começo deste ano com as enxurradas que atingiram fortemente municípios como Dom Pedrito e Itaqui.
A semeadura no Estado ocorre ao mesmo tempo em que os agricultores ainda renegociam dívidas e pedem apoio ao governo federal para reduzir os estragos causados em janeiro, especialmente em lavouras da Fronteira-Oeste. Com isso, a safra de arroz do ciclo 2019/2020, que já tem 50% da área prevista semeada, não deverá alcançar 1 milhão de hectares - o que não ocorria ao menos desde o ciclo 2006/2007. Neste ano, enquanto a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) projeta 973 mil hectares a serem semeados, o Instituto Riograndense do Arroz (Irga) trabalha com patamar ainda menor: 946,3 mil hectares.
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Federarroz recomenda plantio em locais com alta produtividade

Para reduzir os riscos de novos prejuízos, a Federação das Associações de Arrozeiros do Estado (Federraoz) está recomendando que os agricultores gaúchos plantem arroz exclusivamente em áreas de alta produtividade. Ou seja, onde se consiga, pelo menos, 160 sacas por hectare. "Abaixo disso é prejuízo certo", diz o presidente da entidade, Alexandre Velho.
"O custo de produção, hoje, mal cobre o de desembolso, que é de R$ 42,00. Se considerarmos o custo total, que chega em R$ 46,00/saca, o cálculo fica zerado com a saca sendo vendida nesse mesmo patamar", lamenta Velho.
Além do endividamento, o setor amarga um problema estrutural que precisa ser enfrentado de forma mais direta, alerta o executivo. O que inclui ingresso de arroz importado com baixo custo, carta tributária elevada, falta de apoio governamental e custo elevados ante a baixa remuneração ao produtor, por exemplo.

Irga projeta área semeada menor que a Conab

O Irga é ainda mais pessimista do que a Conab quanto a projeção de semeadura neste ano e trabalha com a perspectiva de 946, 3 mil hectares.
Até a última semana já havia sido plantado arroz em 442.439 hectares, o que representa 46,75% do previsto pelo produtores. De acordo com Ivo Mello, coordenador do Irga na Fronteira-Oeste, os 946,3 mil hectares são uma projeção que pode não se realizar por falta de recursos, por exemplo. Conforme o último levantamento do Irga, divulgado no dia 18 de outubro, a região mais adiantada é a Fronteira-Oeste, com 217.556 ha (74,93% dos 290.347 ha previstos). A região Central, no entanto, está apenas começando os trabalhos, com 10.834 ha (8,4% dos 128.792 hectares previstos).