Setor dos combustíveis busca combater sonegação

Em 2018, valores não declarados e inadimplência somaram R$ 7,2 bi

Por Jefferson Klein

Cerca de 81% dos postos de combustíveis ingressaram no regime
A sonegação é um fator que pode causar um grande desequilíbrio no mercado, ainda mais em um setor em que a carga tributária é alta, como é o caso do segmento de combustíveis. No ano passado, conforme o diretor de planejamento estratégico e de mercado da Plural, Helvio Rebeschini, foi apurado um valor de R$ 7,2 bilhões em sonegação e inadimplência de impostos nessa área da economia. Ele adianta que o volume em 2019 não deverá ser muito diferente.
A Plural é uma associação de empresas ligadas à cadeia de combustíveis, gestora da iniciativa "Combustível Legal", que tem como objetivo combater o comércio irregular. Entre as ações que podem ser tomadas, Rebeschini cita controles eficazes sobre importação e exportação, leis mais rígidas quanto ao roubo de cargas, a criação de um banco de inteligência do setor e a simplificação do sistema tributário.
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Economistas projetam reforma tributária para o próximo ano

Apesar de ser uma empreitada complexa, dois destacados economistas, o ex-secretário estadual da Fazenda Aod Cunha e a economista-chefe da Fecomércio-RS, Patrícia Palermo, apostam que a reforma tributária brasileira será realizada antes do final do próximo ano. Os dois especialistas palestraram sobre os cenários da economia durante o 20º Congresso de Revendedores de Combustíveis da Região Sul e Expopetro 2019.
Aod salienta que, não havendo uma retração brutal no panorama global e ocorrendo as reformas no Brasil, o PIB do País deve crescer cerca de 1% neste ano e em torno de 2% em 2020. Já quanto à inflação, para 2019 é previsto um percentual de 3,42% e para o próximo ano de 4,20%. Para o economista, o desafio do Brasil é resolver a baixa produtividade e melhorar seus patamares de educação.
Nesse quesito, Aod informa que, de acordo com dados do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), de 2015, de 70 países avaliados, o Brasil encontrava-se na 59ª posição quanto ao indicador leitura, 63ª quanto às ciências e 65ª a respeito da matemática. Além disso, outra questão que o País terá que enfrentar é o envelhecimento da sua população.
Já Patrícia destaca que a recuperação econômica depois da crise dos anos de 2015 e 2016 tem sido lenta e gradual. Entre os motivos que explicam esse ambiente, a economista-chefe da Fecomércio-RS indica a baixa razão entre investimento e PIB, a má alocação de capital na última década e a estagnação da produtividade. Patrícia alerta ainda para o incremento da economia informal. "Um ambiente de necessidade fez as pessoas irem para atrás de um volante ou vender comida na rua", frisa.
Para 2020, o cenário permanece de crescimento lento, inflação e juros baixo, câmbio volátil e avanço na agenda de reformas. O desemprego elevado, projeta Patrícia, continuará impactando o mercado de consumo. Na política, para a economista, o contexto deverá continuar turbulento, afetando o tempo das aprovações no congresso.