Incerteza cerca apoio dos EUA ao Brasil na OCDE

Em carta com data de agosto, país de Donald Trump confirmou indicações apenas da Argentina e da Romênia

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Em Washington, Bolsonaro obteve aval do presidente americano durante encontro realizado em março
O governo dos Estados Unidos deu respaldo às candidaturas de Argentina e da Romênia para uma vaga na Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) em uma carta enviada ao órgão. No documento, não há nenhum apoio à candidatura do Brasil - o país não é sequer citado -, mesmo após o governo americano ter anunciado apoio à candidatura brasileira.
O presidente dos EUA, Donald Trump, havia sinalizado apoio ao Brasil após o presidente Jair Bolsonaro abrir mão de benefícios na Organização Mundial do Comércio (OMC) dados a países em desenvolvimento. O conteúdo da carta - datada de 28 de agosto - foi divulgado pela agência Bloomberg. Integrantes do governo procurados pela reportagem declaram que a indicação da Argentina não é novidade para eles.
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Uma das medidas efetivamente adotadas pelo governo brasileiro foi elevar para 750 milhões de litros, ante 600 milhões anteriormente, a cota para importações anuais de etanol sem tarifa. A medida vigorará por 12 meses e foi comemorada por Trump.

Governo federal vai insistir no processo de candidatura à organização econômica

O secretário de Política Externa Comercial e Econômica, Norberto Moretti, ligado ao Ministério das Relações Exteriores, disse que o governo brasileiro se mantém firme na tentativa de fazer o Brasil ser aceito como membro da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
"O processo não é simples, não é meramente técnico, é também político, mas não há nenhuma dúvida de que o governo se mantém firme na decisão de continuar no processo de aproximação", informou nesta quinta-feira, durante participação no Fórum de Investimentos Brasil 2019.
Em sua apresentação no evento, Moretti quis deixar claro que a entrada na OCDE vai além da política comercial, pois a organização se ocupa de uma ampla gama de temas. "É por meio de uma convergência regulatória crescente que vamos inserir o Brasil na economia mundial", informou.
Já o presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, Nelsinho Trad (PSD-MS), aliado do governo, pedirá uma reunião com o ministro das Relações Exteriores, o chanceler Ernesto Araújo, para entender a posição norte-americana.
Trad se disse surpreso, afirmando que contava com o apoio. "Vamos procurar ver qual o motivo, saber a fundo o que está acontecendo para tomar as medidas necessárias. Ao que me consta, os Estados Unidos eram nosso maior padrinho e incentivador na questão do ingresso na OCDE", relatou ele.