Audiência acende debate sobre mina de carvão no Rio Grande do Sul

Evento na Assembleia Legislativa discutiu complexo carboquímico na região Metropolitana

Por Jefferson Klein

Maioria dos participantes protestou contra implantação do projeto
Abarrotado. Assim estava na noite desta segunda-feira (30) o auditório Dante Barone da Assembleia Legislativa, que tem capacidade para quase 600 pessoas, durante a audiência pública solicitada pela Comissão de Saúde e Meio Ambiente para tratar do projeto de implantação de uma mina de carvão no município de Eldorado do Sul, que alimentará um complexo carboquímico na Região Metropolitana. Marcada para iniciar às 18h, a audiência começou às 18h50min e foi encerrada às 22h.
Ressaltando frases como: "Sim à vida! Não ao carvão! Não à mina!", a maioria dos expectadores se manifestou contrária ao projeto da empresa Copelmi. O gerente de sustentabilidade corporativa da companhia, Cristiano Weber, inclusive, foi muito vaiado quando começou e terminou sua explicação da iniciativa. Grande parte do público gritou intensamente "Fora Copelmi". Em determinado momento, o deputado estadual Edegar Pretto (PT), que propôs a reunião, pediu para os seguranças da Casa que atentassem para que ninguém fosse agredido.
Notícias sobre economia são importantes para você?

Luciana Genro propõe a realização de plebiscito

A deputada estadual Luciana Genro (PSOL) sugere a realização de um plebiscito, através de um Projeto de Decreto Legislativo (PDL), para decidir sobre a realização ou não do empreendimento da mina Guaíba. Para aprovar a proposição, seria necessário 19 assinaturas de deputados. Participariam dessa consulta popular as regiões impactadas pela mina, incluindo Porto Alegre. Luciana fez uma das críticas mais ácidas à iniciativa, dizendo que a Copelmi “não estava propondo um empreendimento, mas um crime, um crime ambiental”.
 
Já o deputado Gabriel Souza (MDB) fez a defesa do projeto, mesmo sob apupos. Em resposta, o parlamentar retrucou que a plateia estava vaiando o discurso do ex-governador petista Tarso Genro, que já fez considerações positivas sobre o carvão. Souza diz que o carvão é um pré-sal para o Rio Grande do Sul e precisa se livrar do estigma de vilão, adquirido na época da Revolução Industrial.
 
O prefeito de Butiá, Daniel Almeida, acusou que alguns deputados estavam atuando mais como vereadores da capital gaúcha, do que como parlamentares estaduais. O prefeito do município de Minas do Leão e presidente da Associação dos Municípios da Região Carbonífera (Asmurc), Miguel Almeida, acrescentou que “Porto Alegre não tinha autoridade para discutir meio ambiente na região carbonífera”, já que enviava seu lixo para o aterro em Minas do Leão.