Prática da reciclagem gera valores intangíveis

Além da comercialização, iniciativa rende benefícios de imagem, ambientais e sociais

Por Jefferson Klein

Energiplast debateu os caminhos do reaproveitamento de resíduos
A atividade no mercado de reciclagem vai além da simples relação de venda e compra de um produto. Quem atua nessa área também se beneficia com os chamados "ativos intangíveis" como ganho de marca, prestígio e reputação. Porém, apesar das campanhas intensivas que ocorrem atualmente defendendo o descarte correto, ressaltando a importância do reaproveitamento de materiais, as empresas que trabalham com itens reciclados sustentam que é preciso também promover o uso desses artigos entre os consumidores finais.
Essas posições foram ressaltadas durante a 10ª edição do Energiplast - Fórum Brasileiro de Reciclagem Energética com Ênfase em Plásticos, promovida pelo Sindicato das Indústrias de Material Plástico no Estado do Rio Grande do Sul (Sinplast-RS), ontem, na Fiergs. "Queremos limpar o mundo do plástico, usando o plástico como ferramenta", destaca o CEO e fundador da companhia chilena Atando Cabos (Grupo Comberplast), Francisco Cruz, um dos participantes do encontro. O foco da iniciativa Atando Cabos é reciclar resíduos da indústria pesqueira no sul do Chile (Patagônia), o que envolve cordas, redes, boias etc. Com o material recuperado, são feitos produtos como caixas e pallets.
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A preocupação com o reaproveitamento de materiais tende a crescer, porque a demanda por produtos se elevará com o aumento da população mundial. Segundo Ditomaso, é esperado que até 2050 sejam adicionados outros 2 bilhões de indivíduos no planeta, o que equivale a seis vezes a população atual dos Estados Unidos e duas vezes e meia a população da Europa. Entre as soluções apresentadas, assim como a reciclagem mecânica, o dirigente aponta a química, que através do processo térmico propicia a quebra do plástico para produzir gás, óleo e coque (um tipo de combustível). O gerente da Braskem lembra que ainda há a opção da reciclagem energética. Entretanto, no Brasil, que possui uma ampla matriz de energia renovável e devido à prática envolver a incineração de plásticos, que geram gases que contribuem para o efeito estufa, Ditomaso não a julga como a melhor alternativa.

Discurso de jovem na ONU chama a atenção para o tema ambiental

O diretor da Azeplast Indústria de Plástico, Djalma Azevedo, durante a Energiplast, recordou a manifestação da jovem estudante sueca Greta Thunberg, que se pronunciou na conferência de clima da Organização das Nações Unidas (ONU), na segunda-feira, quanto à questão das mudanças climáticas globais. O empresário considera que, mesmo tendo sofrido algumas críticas, a abordagem é pertinente e realmente existe um problema que não está solucionado e é preciso fazer algo a respeito.
Atuando no segmento de embalagens recicladas, Azevedo diz que é necessário superar algumas dificuldades culturais para que o artigo reciclado tenha mais saída. "O ponto chave para ter um produto reciclado é ter consumo para esse item", ressalta. O diretor da Azeplast lamenta que o descarte adequado é promovido no Brasil, mas não o consumo do reciclado. O coordenador do Energiplast, Luiz Henrique Hartmann, concorda que ainda há consumidores que olham esse tipo de item com restrições. De acordo com o dirigente, ainda é uma questão de evoluir essa cultura de consumir produtos reaproveitados. Sobre o Energiplast, Hartmann pensa que o evento atingiu a maturidade na sua décima edição.